Nix
Fiquei um longo tempo encarando o enorme cachorro, ele ainda parecia surpreso por eu poder o entender. Para mim os animais podiam falar conosco, mas não conversam com as pessoas por sermos assustadores.
Rapidamente ele abocanhou meu vestido e subiu a árvore atrás de nós revelando a casa na árvore, entramos e ele continua a me encarando. Eu não entendia muito bem mas estava feliz com a possibilidade de fazer um novo amigo.
_ Você tem outro nome senhor bola de neve? - Perguntei animada.
_ Você não precisa saber, não agora... Nix... - Respondeu fazendo com que eu ficasse de bico, mas logo deixei isso de lado.
_ Você quer brincar comigo? - Pedi com um sorriso largo, a tarde estava chata e todos estavam ocupados, eu queria me divertir.
_ Não. - Falou seco fazendo meu bico voltar, mas por algum motivo ele suspirou parecendo mudar de idéia. - Só até seus pais te chamarem. - Bufou se abaixando e apontando com a cabeça para atrás de si. - Sobe e segura firme.
Fiz como ele pediu, estava animada por andar em um cachorro enorme, me ajeitei em suas costas segurando seus pelos macios com um certo medo de o machucar. Já estava pronta para perguntar o que ele iria fazer mas, o mesmo saltou pela janela de madeira saindo de dentro da casa.
Gritei em comemoração enquanto ele corria saltando de árvore em árvore, estávamos nos afastando de casa e acabou que eu nem mesmo percebi, apenas quando chegamos em um terreno mais rochoso com algumas cavernas espalhadas.
Ouvimos um uivo e imaginei serem mais cachorros e eram, saíam das cavernas nos encarando. Mas diferente do "bola de neve" eles não pareciam amigáveis, me encolhi subitamente ao perceber que não era bem vinda. Os ouvia rosnar como se não gostassem da minha presença.
Eu não consiguia entender os que eles falavam, mas pareciam estar conversando entre si, um cachorro preto se aproximou e começou a me cheirar. Eu acabei me assustando um pouco mas após ele não me morder passei a mão em seu pelo tentando fazer carinho.
Ele não recuou apenas deixou e eu voltei a sorrir. Durante toda aquela tarde eu brinquei com eles, pegamos frutas quando a fome bateu e apostaram corrida quando tive que voltar para casa.
Senti algo extremamente macio embaixo de mim, percebi ser Connor e eu o olhei com um pequeno sorriso. Acabei por tirar um cochilo sem perceber, não sei quando exatamente ele havia se transformado em lobo e me deixou lhe usar como travesseiro.
_ Se ainda estiver com sono pode continuar cochilando. - Avisou com o tom de voz suave, ecoando em minha mente.
_ Por que eu consigo entender o que você fala enquanto está transformado em lobo? Eu não lembro de você me dizer que lobisomens são telepatas. - Questionei curiosa, eu tinha um pouco de sono, mas já estava acostumada.
_ E realmente não são, eu preciso te entregar o grimório das raças, vai te responder todas as perguntas que eu tenho preguiça de te falar. - Comentou, ignorando uma parte da minha pergunta.
_ Jackson tem um grimório assim? - Ele concordou com a cabeça.
_ Mas ele não deixa ninguém pegar. - Meu olhar se tornou confuso enquanto encarava ele.
_ E como você pretende me fazer ler? - Seus olhos encararam os meus como se a resposta fosse óbvia.
_ É só pegar... - sua frase foi interrompida com uma explosão que ocorreu dentro da casinha.
O fogo começou a se alastrar rapidamente, Connor havia sido jogado para fora, meu corpo estava cheio de farpas e uma das toras que sustentavam o lugar estava atravessando meu corpo. Comecei a tossir sangue em grande quantidade.
_ Connor! Connor!- Gritei seu nome inúmeras vezes, até que vi seu corpo ao lado do fogo e pronto para cair do galho que o sustentava.
Estiquei a mão fazendo uma esfera de proteção ao redor dele e o trazendo para mim, repetia em minha mente dizendo que tudo iria ficar bem.
_ Won, que chato nosso pequeno intruso não morreu. - Dizia uma voz masculina.
Olhei ao redor e não via nada, a fumaça estava aumentando e o lugar parece ficar cada vez mais abafado. Não entendo porque não consegui o ouvir, ou até mesmo ouvir a explosão antes do segundo exato que aconteceu. Meus sentidos são mil vezes melhor e quando preciso deles simplesmente não funcionam!
_ Oh não se culpe, estamos dentro de uma esfera de contingência, você não conseguia ouvir nem mesmo uma bateria se eu a estivesse tocando. - Tornou a falar, agora com deboche me tirando do sério.
_ O que você quer? - Falei seca buscando descobrir de onde vinha a origem da voz.
_ Não adianta pequena escolhida, com o nível dos seus poderes, eu sou muito mais forte. - Tentei absorver as chamas com uma esfera branca, mas não parecia estar dando certo. E como eu suspeitava, meus machucados não estavam fechando, nem a dor desaparecendo, o único poder meu que ainda funcionava era a esfera de proteção.
O deixei falando sozinho, preciso tirar Connor desde lugar, a esfera serve apenas para proteção e cura, nenhuma magia pode entrar ou sair quando alguém está nela. Tentei mover a esfera para longe mas infelizmente não foi possível, apenas bateu na barreira, trouxe ela de volta para perto.
_ Obrigada por gastar suas energias tão despreocupadamente, acho que vou esperar lentamente você desmaiar ou ir aí em baixo e acelerar o processo.
Encarei a copa da árvore que agora estava cheia de fumaça e completamente vermelha começando a desmoronar, voltei a tossir, ainda saia sangue em grande quantia.
_ Obrigado meu amor por deixar isso tão fácil. - Senti uma faca atravessar meu ombro, me fazendo cair, eu estava ficando fraca gradualmente, deve ser por causa dessa barreira estúpida.
Cai no galho de baixo fazendo a tora atravessar ainda mais meu corpo, cuspi mais sangue e meu corpo não se regenerava.
_ E mais uma para garantir! - Gritou logo em seguida, outra faca atravessou meu corpo, ao lado do coração.
Abri os olhos mas não conseguia focar, vi apenas um par de sapatos se aproximar pisando na faca que estava no ombro sentindo até mesmo o cabo me atravessar, minha consciência me abandonava, tudo ficava escuro.
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A Escolhida Da Profecia
Random"Quando as cinco raças se unirem, um novo ser nascerá. Vindo das almas mais antigas e perdidas em templos antigos, é onde se encontra sua nova fonte de poder. E aquele cujo o nome não se deve falar, irá voltar e será sua hora exata de com o mundo a...