PLEASE DON'T

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POV ARIZONA

Sabe aquela sensação de que algo estranho está prestes a acontecer? Eu me sentia assim, com um frio tremendo na barriga.

Os jornais não falavam de outra coisa. No trem, alguns liam jornais impressos, outros escutavam um pequeno rádio e a notícia era sempre a mesma: a recompensa milionária que Christian daria a quem encontrasse a tal herdeira do Richard, Arizona Robbins, que se encontrava em algum local da Europa.

Logo lembrei da péssima ideia que foi entrar no chat com Christian naquele cyber café, facilitou ele descobrir em que parte do mundo eu me encontrava.

Meu maior medo era o que ele poderia fazer com a minha família, incluindo Callie.

Eu estava praticamente encolhida no trem, ter meu rosto divulgado na mídia havia me deixado em uma situação ainda pior.

Tirando o meu desconforto, a viagem correu tranquilamente. Callie dormiu o percurso praticamente inteiro com sua cabeça encostada em meu ombro.

A única coisa que estava me dando paz era aquilo mesmo.

Desembarcamos e fomos em direção ao hotel que Callie havia reservado previamente.

Novamente ela reservou dois quartos e eu estava achando muito fofo o jeito que ela nos tratava como um casal de verdade. Há anos eu não vivia um relacionamento e nunca havia vivido um que eu estivesse tão apaixonada como estava por ela.

Novamente haviam flores na cama.

- Não acredito que você me surpreendeu duas vezes. - Falei dando um beijo nela.

- Dessa vez foi para oficializar o nosso relacionamento. - Ela riu.

- Relacionamento? A gente tá namorando? - Falei surpresa, mas muito feliz.

- Sim, a gente tá namorando. - Ela falou me dando outro beijo.

Era engraçado, pois ela ainda estava legalmente casada com Erica e eu ainda estava no meio do furacão com Christian, mas mesmo assim estávamos arrumando espaço para oficializar a nossa própria relação.

- Eu acho que eu te amo, Callie. - Falei quase que sem perceber.

Pude ver o brilho dos seus olhos de pertinho.

- E eu tenho certeza que eu te amo. - Ela respondeu com a voz calma e bem perto da minha boca, fazendo minhas pernas até bambearem.

Curtimos o momento por um tempo, era bom demais poder estar nos braços dela e esquecer de tudo por uns minutos.

Callie disse que tomaria um banho e eu fiquei no meio das pétalas de rosa olhando alguns folhetos da cidade e evitando colocar em canais que transmitissem qualquer tipo de notícia.

De repente o telefone tocou, era a recepção do hotel.

- Boa tarde, Srta. Robbins, a recepcionista falou com um sotaque forte. 

Respondi na mesma educação.

- Temos uma ligação para transferir para você.

Estranhei, mas imaginei que fossem os meus pais.

- Monte Carlo, hein? - Ouvir aquela voz me deu um frio na espinha.

- Como você??? - Questionei, mas ele me interrompeu.

- Vocês são tão amadores, Callie deve estar decepcionada. Primeiro, você me liga e depois, seus pais conversam sobre o destino final de vocês com um taxista. - Ele ria sadicamente. - Com a fortuna que prometi, ele não pensou duas vezes antes de entrar em contato com o número que deixei na reportagem.

Fiquei uns segundos em silêncio tentando processar o quão fodida eu estava.

- Então, Sra. presidente. - Ele dizia com a voz mais irônica do mundo. - Nem adianta sair da cidade porque já deixei representantes aí e logo mais, eu mesmo estarei aí.

Ele ria.

- Christian, por favor. Eu passo tudo pro seu nome, eu me caso com você, eu faço qualquer coisa, mas deixa meus pais e a Callie fora disso, por favor. - Eu praticamente chorava.

- Não adianta mais, Arizona. Todo mundo sabe a vergonha que você me fez passar. Todo mundo sabe que meu pai colocou tudo em seu nome como uma punição para mim. Você descumpriu nosso acordo e eu tenho todo direito de honrar a minha palavra e fazer você pagar por tudo.

Eu respirei fundo e ele continuou.

- E não adianta tentar sair da cidade e nem procurar a polícia, pessoas milionárias como eu não pagam por nada. - Ele ria ainda mais.

- O que você quer de mim? - Tentei manter a postura.

- Eu quero que você morra, Arizona! E eu mesmo vou fazer isso. Mas primeiro, quero que você perca tudo também.

Ele desligou na minha cara.

O desespero tomou conta de mim.

Eu deveria contar ou seria melhor poupar Callie e meus pais disso?

Eu precisava tirar eles dali e ficar sozinha para ser a única presa de Christian, mas eu realmente não sabia como.

Eu precisava de um plano para me arriscar sozinha, sem envolver as pessoas que eu mais amo.

Meu Deus, como eu me sentia burra.

Enquanto minha cabeça fritava, Callie saiu do banheiro de calcinha e sutiã e com a toalha no cabelo.

- Tava falando com alguém? - Ela perguntou enquanto procurava seu desodorante.

Eu não sabia o que responder, eu não sabia se deveria jogar limpo ou tentar resolver tudo sozinha.



RIDING (CALZONA)Onde histórias criam vida. Descubra agora