PARTE II - knowing you

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POV ARIZONA

Acho que Callie era bem mais do que eu imaginava ou merecia. Nem nos meus melhores sonhos eu esperava encontrar alguém tão boa para mim quanto ela.

E ela estava certa, eu passaria por um momento complicado agora, eu teria que conhecer Julia e saber tudo sobre ela nesses 5 anos. Saber o que ela gostava, o que não gostava, precisava saber quem era minha filha.

Fui até a sala, onde ela assistia televisão e me sentei ao lado dela.

Eu nem sabia por onde começar.

Callie, percebendo o quão rígida eu estava, sentou do outro lado e quebrou o silêncio.

- Julia, o que você acha da gente comer pizza hoje? - Ela falou com um sorriso extremamente amável.

- Eu quero pizza, mas eu também quero a minha vó. Ela vai demorar muito? - Ela falou quase chorando.

Acho que aquilo seria tão difícil.

Abaixei o volume da televisão e pedi a Deus que ele me desse o tato necessário para conversar com aquela criança.

- Você sabe que eu sou sua mãe, não sabe? - Perguntei com a voz calma, tentando passar confiança para ela.

Ela somente assentiu com a cabeça, enquanto tentava engolir o choro.

- Então, você pode ficar aqui comigo e com a Callie também. Você pode confiar na gente, vamos fazer muitas coisas legais e vamos nos dar bem.

- Mas porque você foi embora se você é mesmo a minha mãe?

Aquilo seria mesmo difícil.

- Meu amor, eu não fui embora, eu fiquei muito doente e quando eu melhorei, você já estava morando com sua vó e eu precisei vir pra cá trabalhar. - Eu tentei falar da maneira mais sutil possível, creio que não seria justo confundir a cabeça dela sobre a avó nessa altura do campeonato.

Callie me olhou orgulhosa e eu sorri.

- Então você não vai mais embora e vai morar comigo e com minha vó? - Ela parecia animada com a ideia.

Eu não acredito que Carmen estava fazendo aquilo. Era extremamente cruel. Eu precisava achar ela para que pelo menos ela conversasse com a Julia e explicasse algo a ela. A criança estava esperando por ela e eu nem sabia qual explicação dar.

- Você vai ficar mais uns dias aqui comigo e eu vou tentar ligar para sua vó para você falar com ela, está bem?

Ela assentiu e continuou a assistir televisão.

Fui para a cozinha procurar algo forte para beber.

Callie foi atrás de mim.

- Ei, mami, não fique bêbada. - Ela falou dando uma pequena risada.

Eu acabei rindo também, mas mais de desespero.

- Callie, eu acho que tenho que ir para Stuart atrás dessa mulher ou pelo menos achar ela nas redes sociais. Julia não vai ficar satisfeita sem notícias da avó e isso me preocupa.

- Odeio te ver assim, nós vamos dar um jeito de achar ela. Mas por enquanto, tudo que posso fazer pra tentar te animar é te encher de beijinhos. - Ela falou me dando vários selinhos e me fazendo rir.

Um silêncio constrangedor pairou entre nós quando olhamos para porta e vimos Julia parada olhando para gente.

- Arizona, vocês são namoradas então? - Ela falou confusa.

Pigarreei com medo da reação dela, não sabia qual havia sido a criação que ela teve.

- Si, sim. Somos. - Falei até meio sem rumo.

- Então eu tenho duas mães e não sabia? A vovó não me contou. - Ela falou quase gritando.

Eu e Callie rimos da situação.

- Tá vendo? Mais um motivo para você gostar de ficar com a gente, pode conhecer nós duas e até ter duas mães se você quiser. - Respondi para ela.

- Mas você não vai ter outra filha e ir embora de novo igual o meu pai, né? - Seus olhinhos brilhavam.

Em algumas horas de diálogo eu já estava preocupada com o complexo de rejeição que ela já demonstrava ter desde tão novinha.

Eu neguei e pedi que Callie ficasse com ela e pedisse a pizza enquanto eu procuraria por Carmen nas redes sociais.

Procurei de todas as formas possíveis e não achei, pois eu não lembrava seu nome completo. Lembrava apenas o nome de Owen, que era seu filho e que possuía o sobrenome Hunt, do pai.

Não foi difícil achar o perfil dele e ao contrário de mim, ele não estava tão diferente. Ri internamente da foto de perfil, uma selfie com a esposa e com a outra filha, que aparentava ter uns 2 ou 3 anos.

"Canalha." - Pensei. Arrumou uma família e simplesmente deixou Julia de lado mesmo.

O único jeito era entrar em contato com ele. Aquilo me dava desgosto, mas não teria mais o que eu pudesse fazer.

Mandei uma mensagem contando o ocorrido e rezando para que ele não fosse um babaca comigo.

Para minha surpresa, ele respondeu minutos depois.

"E o que tenho a ver com isso? Eu vou lá uma vez por ano. A guarda era da avó, se ela achou que Julia deveria ficar com você, que assim seja. Tenho minha família e espero não ser perturbado por você e nem mesmo pela minha mãe, não tenho nada a te oferecer e nem vou pagar pensão. Se vira e boa sorte."

Eu fiquei incrédula. Ele realmente não sabia com quem ele estava falando.

"Joga meu nome no google e você vai ver que não preciso de absolutamente nada que venha de você, seu imbecil. quero o bem estar da minha filha e não vou deixar que vocês deixem ela cheias de trauma. Achei que pudéssemos nos unir pelo bem dela, mas eu estava enganada. Pode deixar que não vou te procurar nunca mais e vou me virar."

Depois de mandar essa mensagem eu fechei meu notebook extremamente irritada.

Voltei para a sala e Callie e Julia estavam me esperando para comermos a pizza.

Eu conseguiria. Callie me ajudaria e eu conseguiria. Eu ia ser a melhor mãe do mundo e não ia deixar ela traumatizada de jeito nenhum.

RIDING (CALZONA)Onde histórias criam vida. Descubra agora