RIDING (CALZONA)

START OF SOMETHING NEW

POV ARIZONA

No auge dos meus 30 anos eu ouvia muitas piadas sobre não estar em um relacionamento amoroso. Minhas amigas tentavam me desencalhar a todo custo e minha família também.

Eu admito que eu era bastante criteriosa e seletiva, odiava homens imaturos e nunca havia encontrado uma mulher que me despertasse algum sentimento a mais. Acho até que eu não seria capaz de me relacionar como uma mulher.

Eu estava focada na minha vida profissional. Eu era secretária em uma grande empresa chamada Blue Jewelry, especializada em jóias e almejava poder ser algo a mais, eu sonhava em ser bem sucedida.

Meu chefe, Richard, era um dos homens mais ricos do estado da Flórida e eu o admirava, tinha uma relação muito boa com ele e sua esposa Kate. Eu sabia também que eles tinham um filho, mas ele sempre dizia que ele só estava preocupado em gastar a fortuna da família e não queria levar a vida de uma maneira correta.

Richard havia me contado uma vez que Christian gastava uma grande quantia com drogas e garotas de programa, que era viciado em carros de luxo e que a única coisa que ele fazia de saudável era hipismo.

Eu ri ao pensar em hipismo, não via cavalos como um esporte, mas respeito quem gosta.

O dia de hoje começou um pouco conturbado. Saí para trabalhar e meu carro morreu no meio do trajeto. Eu tinha um carro antigo reformado, ele era meu xodó, mas às vezes me fazia passar raiva.

"Que inferno." - pensei alto. Liguei para o reboque e eles me informaram que demorariam uma hora em média para chegarem ao local.

Eu não podia esperar uma hora, Richard havia me pedido para chegar cedo, pois tinha um assunto para tratar comigo.

Pedi ajuda para um pedestre que passava ali e ele me ajudou a empurrar meu carro para um local seguro.

Chamei um táxi e depois eu resolveria a questão do carro.

- Perdão, Richard. - disse consertando minha roupa assim que cruzei a porta de entrada. - Meu carro pifou e eu tive que vir de tá... - Antes que eu pudesse terminar ele me interrompeu.

- Entre, Arizona. Meu filho já estava de saída. - Ele disse calmo, mas com o semblante visivelmente irritado com o filho.

Olhei para eles e pude ver Christian me olhando de cima a baixo.

- Não fomos apresentados ainda, não sabia que meu pai guardava essa jóia aqui na Blue Jewelry. - ele disse me fitando com o olhar em um tom de humor.

Forcei um sorriso, mas havia achado aquela cantada um tanto quanto desagradável.

- Meu nome é Arizona Robbins, sou secretária aqui. - disse esticando a mão para ele.

- E a melhor secretária. - Richard disse ao fundo.

- Então, pai, pode ser ela. - Christian falou.

Olhei sem entender.

- Nem pensar, é um absurdo isso. Deixe Arizona fora disso e aprenda a ter suas responsabilidades, seu moleque. Uma mulher responsável, bonita e de bom caráter como ela não iria se envolver com você. - Richard estava bem irritado.

- Desculpe? - Falei esperando que alguém me explicasse.

- Meu pai está doente - Christian começou a dizer.

Eu olhei para ele preocupada.

- Era sobre isso que eu ia falar com você hoje, Arizona. Eu estou me afastando por um tempo para cuidar da minha saúde. Kate não tem qualquer interesse em administrar a empresa e eu estava convencendo esse irresponsável de que ele deveria fazer uma faculdade de administração para poder aprender a guiar os negócios da família.

Eu respirei fundo. Realmente achava ele um ótimo chefe e esperava que ele ficasse bem.

- Então... - Christian continuou. - Ele não só quer que eu faça administração como exigiu, em testamento e tudo, que para eu herdar isso tudo eu teria que me casar com uma mulher responsável. Aqui está você.

- Isso é embaraçoso. - Falei tirando uma mecha de cabelo do rosto.

- Isso é patético. - Richard disse. - Você não pode sair casando dessa forma no desespero do dinheiro e de não perder a administração daqui quando eu partir.

- Arizona. - Christian disse anotando um número em um papel. - Aqui está meu número, me ligue caso você esteja disposta a ter um primeiro encontro romântico comigo. Poderemos nos apaixonar.

Ele me entregou o papel e me deu um beijo na bochecha. Ele era realmente cheiroso, mas um tanto quanto idiota.

Ele saiu da sala e eu fiquei ali parada, olhando para Richard, eu não sabia o que dizer.

- Perdão, minha querida. - Ele disse fazendo sinal para que eu sentasse em uma cadeira de frente a ele. - Estou com câncer em fase terminal, eu já te falei que meu filho é complicado, eu sei que ele vai gastar todo o dinheiro com coisa errada e vai falir meu negócio tão amado e que lutei tanto por ele.

- Eu entendo. Você vai ficar bem. - Eu disse encostando em sua mão.

Conversamos durante um tempo e ele me explicou como seriam as coisas em sua ausência. Me explicou tudo que eu deveria fazer na secretaria e disse que ele estaria em casa, qualquer coisa eu poderia ligar.

Era muita informação. Eu só pensava que eu precisava daquele emprego e que seria um absurdo Christian destruir o negócio por ser um imbecil.

Tomei diversas xícaras de café durante o dia. Eu estava nervosa pensando no meu carro.

Quando deu o horário de ir embora, já estava praticamente escurecendo e fiquei preocupada. Fui para a porta da Jewelry e estava chamando um táxi para me levar ao local que eu havia estacionado.

- Bom te ver novamente. - Christian apareceu.

- Oi. - Foi tudo que respondi.

- Está precisando de algo? - Ele disse até que de forma gentil.

- Meu carro estragou, estou chamando um táxi para me levar até onde estacionei. - Eu disse sem olhar para ele.

- Eu te levo. Aí você nem precisa me ligar para nosso primeiro encontro, já estamos aqui. - Ele sorria.

- Aceito porque estou muito preocupada com meu carro, mas isso não é um encontro. - Frisei a palavra não.

Fomos andando até o carro.

- Arizona, casando comigo você nunca mais vai precisar passar por isso. - Ele disse abrindo a porta para mim. - Você vai ter tudo do bom e do melhor ao seu dispor. Eu preciso disso para que meu pai me deixe administrar a empresa e você precisa disso para não ficar desempregada caso ele morra e eu não administre.

Eu entrei no carro e ouvia, enquanto colocava o cinto. Ele não parava de falar.

- Você nunca mais vai precisar trabalhar e mais ser milionária, não tem nada de ruim nessa proposta.

- Tem você e um casamento. - Eu ri.

- Você tem algum plano melhor? Quer ser secretária e solteira a vida inteira? - Ele riu também. - Eu até que sou bonito, posso te fazer rica e nossa mistura fariam lindos bebês, fala sério.

- Até que você tem razão, continuo pobre de toda forma e você está me levando para pegar meu carro pifado. - Falei bufando.

- Pensa nisso. - ele disse me olhando de lado enquanto dirigia. - Fazemos um contrato e nos casamos. Se você assinar o contrato você não pode desistir, se não a multa irá tirar de você tudo que você tem e muito mais, mas eu sei que você não irá fazer isso. - Ele dizia humorado.

- Quer saber? Eu aceito. - Falei rápido. - Eu não tenho nada a perder, com você eu posso ganhar muito.

Ele me olhava empolgado.

Eu não tinha ideia do que eu estava fazendo.