PARTE II - exhausting

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POV CALLIE

Erica sempre quis ser mãe. Eu tinha um pouco de vontade também, mas conforme o casamento foi desandando e a idade foi chegando, acabei não pensando tanto sobre isso.

Eu não sei como será minha relação com a Julia, mas eu realmente me vejo em uma relação duradoura e familiar com a Arizona.

Eu sinto que Erica ainda gosta de mim.

- Quem é essa menina com vocês? - Ela perguntou quando me deparei com ela.

- Bom dia para você também. - Falei enquanto andava em sua frente. - É filha da Arizona.

Ela ficou em silêncio alguns segundos.

- Eu não sabia que ela tinha uma filha, nem sabia que vocês já estavam nesse nível, vivendo a família feliz.

- É. Estamos. - Não rendi assunto, acho que não valeria a pena.

Eu preferia ter uma relação apenas profissional com Erica para não dar qualquer motivo para que Arizona sentisse ciúmes.

Eu quero viver a família feliz com Arizona, em pouco tempo faremos 1 ano de relacionamento e estou pensativa sobre propor a ela para darmos um passo a mais no nosso relacionamento, como talvez um noivado ou morarmos juntas de vez.

Queria ver como a situação com Julia ficaria também, sei que ela estava exausta.

POV ARIZONA

Callie nos deixou em casa após passarmos a tarde na fazenda e decidiu que eu deveria passar um tempo a sós com Julia, então não dormiria na minha casa.

Essa ideia me desesperava um pouco, mas eu já era adulta, madura e tinha plena capacidade de lidar com uma criança de 5 anos, mesmo que ela perguntasse sobre a avó 15 vezes por dia.

No fim da tarde, recebi um telefone de Phill, falando que havia uma pessoa procurando por mim na empresa.

Aquilo já estava virando um inferno. Da última vez que alguém foi procurar por mim, era Carmen, não esperava algo muito diferente.

Tive que levar Julia, afinal, não poderia deixar ela sozinha em casa, eu deveria começar a me acostumar.

Ela estava sonolenta após o dia agitado no haras, então, chegando na empresa, uni todas as cadeiras da minha sala e fiz uma espécie de cama para ela deitar enquanto eu resolvia a situação.

Enquanto eu a arrumava no local, fui surpreendida com Phill na porta da sala.

- Perdão Arizona, eu ia lhe avisar, mas ele foi mais rápido que eu e já entrou assim que te viu chegando.

Me virei e vi o que eu já estava planejando, Owen.

- Eu sabia que você seria tão interesseiro quanto a sua mãe quando pedi para procurar meu nome no google. - Ri cínica para ele. - Só não imaginei que viria tão rápido. Quem sabe assim você não dá uma satisfação para sua filha.

Ouvindo isso, Julia levantou rapidamente e correu até o pai, abraçando suas pernas.

Ele me olhou com um certo desconforto.

- Você está linda, Arizona. Esses anos te fizeram muito bem. Tive que vir ver com meus próprios olhos se você era a rainha dos negócios do momento mesmo.

- Você e sua mãe devem uma satisfação para Julia. Ela só fala da Carmen desde que Carmen foi embora e deixou só uma mochila e ela para trás comigo. - Falei encarando ele séria.

- Eu não vim aqui para representar minha mãe, vim para levar a Julia. Tenho uma família agora e você tem dinheiro suficiente para dar uns 50 mil de pensão por mês. - Ela sorria descaradamente.

Meus olhos reviraram.

- Você não vai levar ela. - Falei firme. - Não por causa do meu dinheiro.

Julia nos olhava sem entender.

- Eu não posso ficar com vocês dois e com a vovó? - Ela perguntou.

- Não, meu amor. - Falei baixinho para ela. - Agora você vai ficar com a mamãe e depois a gente vê se o papai e a vovó passam alguns dias com você, tudo bem? A sua vó tá viajando e eu não sei que dia ela volta.

Ela bufou, mas acho que estava começando a entender.

Eu já estava exausta daquela situação, não havia muito tempo que ela estava comigo, mas aquela incerteza e estar sendo procurada o tempo todo por dinheiro estava me matando.

- Sai da minha sala, por favor. - Ordei para Owen. - Você não vai encostar na Julia sem o meu consentimento e muito menos receber um centavo da minha enorme - frisei a palavra - fortuna.

Gritei o nome de Phill para que ele expulsasse Owen dali. Aquilo me daria trabalho.

Julia estava confusa e mais do que nunca precisaríamos da tal psicóloga.

Fomos para casa e vi televisão com ela, cozinhei para ela e contei histórias, tudo tentando tirar o foco da família problemática.

Toda hora eu media sua temperatura e dava os remédios de 8 em 8 horas, conforme Teddy havia recomendado.

Eu estava penteando o cabelo dela após o banho quando ela me pegou de surpresa.

- A Callie não vai dormir aqui com a gente hoje?

Sorri com a pergunta.

- Hoje não, hoje você vai dormir lá no quarto comigo e amanhã nós vamos conhecer uma pessoa e depois eu, você e Callie vamos procurar outra casa para a gente morar. - Respondi com um tom de voz doce.

- Outra casa? - Ela perguntou com um tom de voz típico infantil que era uma gracinha.

- Sim, e você vai ter o seu próprio quarto, do jeito que você quiser.

Para o meu alívio, ela pareceu satisfeita e o resto da noite fluiu bem.

Acordei algumas vezes durante a noite e ela também, mas nada que um diálogo e um abraço não resolvessem.

No dia seguinte, eu estava um pouco mais animada, a ideia de ter uma ajuda psicológica me deixava assim. Eu me sentia feliz por não estar sozinha.

Enquanto Julia comia os ovos mexidos com pão e suco de uva no café da manhã, eu, com uma xícara de café na mão, falava com Callie no telefone.

Nos encontraríamos mais tarde para ver possíveis casas, mas ela estava tão animada quanto eu para a primeira consulta da psicóloga da Julia.

Minha filha era muito nova para entender o que era uma psicóloga, mas eu a expliquei durante o caminho que seria uma moça que nos ajudaria a sentir melhor, que ela podia conversar e contar o que ela quisesse.

Entramos no décimo andar de um enorme prédio espelhado no centro de Miami. Só por olhar o prédio eu já imaginava que pagaria uma fortuna para a psicóloga, mas realmente aquilo não era um problema.

Quando entramos no local, a secretária nos informou que Lauren já estava nos esperando e entramos em uma sala extremamente confortável e pintada em tons pastéis.

Lauren estava sentada em uma cadeira rosa salmão e levantou para nos cumprimentar.

Ela era diferente do que eu havia imaginado. Era mais ou menos da minha idade e muito bonita. Tinha um sorriso extremamente simpático e acolhedor, típico de uma psicóloga infantil.

Ela deixou Julia desenhando em uma mesinha infantil alguns metros de nós e me pediu para que explicasse a razão de estarmos ali.

- Li bastante sobre você nos jornais nos últimos meses, não sabia que você tinha uma filha. - Ela pegarreou. - Desculpa se eu tiver sendo indelicada, é que realmente você foi o assunto do momento e foi impossível não reparar em você.

Eu contei tudo para ela e contei sobre Teddy também.

- Teddy é uma das minhas melhores amigas. - Ela falou sorrindo. - E que bom que ela me indicou você, agradeço desde já pela confiança e espero que possamos fazer um bom trabalho juntas pelo bem estar da Julia.

Eu sorri. Estava confiante que ela iria nos ajudar.

RIDING (CALZONA)Onde histórias criam vida. Descubra agora