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Quando amanheceu no dia seguinte, não fomos acordados com mais uma cantoria do senhor Campos

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Quando amanheceu no dia seguinte, não fomos acordados com mais uma cantoria do senhor Campos. Todas nós, incluindo os meninos, nos apressamos a nos arrumar e tomar o café da manhã.

Maria Joaquina pegou seu tablet, e num pequeno grupo acompanhado por Alan, nós fomos até a casinha de ferramentas.

Quando o monitor abriu a porta, tivemos a visão de um homem adulto, porém baixinho, preso na rede que haviamos armado, coberto de folhas e penas, segurando a caixa com as supostas provas.

— Eu posso saber o que o senhor está fazendo aqui? — Alan o pergunta com um falso sorriso inocente.

— Eu vim aqui roubar as provas. — Gonzalito, se não me engano, respondeu.

— As provas que você sabotou a tirolesa? — Cirilo questiona.

— Ah, e que colocou fogo no lago? — pergunto, fingindo estar pensativa.

— E que você também soltou as baratas, né? — Alicia relembra.

— Isso mesmo, essas mesmo! — o golden retrivier do Gonzales responde.

— Incrível! — Paulo exclama. — Mas espera aí, você fez tudo isso sozinho?

— Ou foi uma ideia sua ou do Gonzales? — Maria Joaquina pergunta, atraindo a atenção de Gonzalito.

— V-você, você tá me filmando ou é foto isso aí? Hein? Fala pra mim! — revirei os olhos. — Você tá me filmando menina?

— Aham! — MJ responde, com a mão na cintura.

Mas não mostra isso pro seu Gonzales não. Ele pode ficar bravo comigo. Pode ferrar pra mim. — A voz de Gonzalito ecoa no tablet que a inspetora segura. Mordo meus lábios, nervosa.

— Então inspetora, posso ter minha licença de volta? — Sr. Campos pergunta esperançoso. Cruzo meus braços, remexendo o pé nervosamente. Paulo coloca suas mãos sob meus ombros, apertando de leve. — Posso reabrir o Panapaná para a molecada toda? — todos nós sorríamos esperançosos.

Mas quando a inspetora ai responder, um maltrapilho que supus ser Gonzales entra na sala.

— Infelizmente, não! — Franzi o nariz. Que cheiro de esgoto.

— Gonzales? — Sr. Campos se levanta. — Por que o policial? — E só ai noto que ele não veio sozinho. Isso não vai prestar.

— Chefe de polícia. Mais respeito, por favor. — Se eu revirar os olhos e mandá-lo a merda, posso ser presa por desacato a autoridade se chamá-lo de narigudo?

— O senhor torturou meu nobre colaborador, João José Joaquim Pedro Gonzalito. — Gonzales disse. — Um ser quase humano.

— Tá mais pra ratazana de esgoto do que pra ser humano. — murmurei, chamando a atenção dos presentes na sala. — Foi mal. Pensei alto. — me encolhi.

— Ele, perdido, entrou sem querer em sua propriedade para fugir das maldades que o senhor e essa turma de malvadinhos aprontaram pra ele. — Abrimos nossas bocas em choque pela cara de pau desse esquisito. — Quem não confessaria naquela situação? Quem? Pois muito bem. Meus advogados entrarão em contato e o senhor terá de pagar uma indenização de um milhão, além de é claro, perder a licença para sempre. Adeus, velho teimoso!

Arregalei os olhos. Um milhão? Vai se foder. A gente só usou cola e algumas penas, desde quando isso é tortura?

— E-eles não podem fazer isso, não é, inspetora. — Senhor Campos pergunta, tremendo.

— Sinto muito, Campos, mas agora você corre o risco de perder tudo! — Ela respondeu, nervosa. Puta merda, que pobo inútil.

Senhor Campos caiu sobre a cadeira, sendo abraçado por Alicia. Senti meu olhar murchar, Paulo me virou para ele e me abraçou, sem falar nada. Apenas deitei minha cabeça em seu ombro, pensando em como estragamos tudo.

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Quando voltamos ao quarto, estávamos espalhados novamente. Paulo se sentou no chão, apoiando as costas na cama, e eu me sentei em sua frente, deitando minhas costas em seu peito.

— Sinistro! Esses caras nunca assistiram "Esqueceram de mim"? — Paulo soltou após alguns minutos em silêncio. A medida que fala, eu sinto seu peito subindo e descendo. — Não podemos pegar os bandidos e virar culpado. — Mantive meu olhar baixo, brincando com as pontas das faixas laranja e roxa que estavam em meus pulsos, como pulseiras.

— Eu acho isso tudo tão triste. — Margarida murmurou.

— Galera, eu sei... — Cirilo começou a falar. Suspirei o interrompendo.

— A gente tentou ajudar, esse é o lado bom. Mas acabamos piorando ainda mais. — disse pensativa.

Cirilo abriu a boca de novo, mas Davi começou a falar. — Seu avô não merece isso, Alicia.

— Pera um pouquinho. — diretora Olivia começa a falar. — Olha, eu acho que ninguém tem que se sentir culpado por nada. — A olhei surpresa, sabendo que não fui a única. Até mesmo Graça a olhava estranho. — Que isso! Olha, e depois, nós fizemos o que achamos que era certo. E vocês foram tão espertos. — Tombei a cabeça para o lado, com o cenho franzido. A gorda nos elogiando? Qual é. — Vocês foram muito legais. — troquei olhares confusos com meus colegas.

Graça a olhava surpresa, mas mesmo assim resolveu dizer algo. — Olha aí, tão veno? Vocês lutaram pelo que vocês acreditavam. Entendesse? Vocês fizeram tudo certinho. Vocês brigaram para que um sonho não acabasse.

— Eu queria dizer que... — Cirilo começou novamente, mas Maria Joaquina o interrompeu.

— Você queria dizer, mas não adianta falar mais nada, Cirilo. Será que você não entende? — Cirilo correu, até atrás da beliche e começou a falar de forma apressada.

— Eu queria dizer que eu sei um jeito de salvar o acampamento!

Todos ajeitamos nossas posturas, o olhando curiosos. Então ainda temos esperança?

PANAPANÁ • paulo guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora