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Acordei poucos minutos depois de pegar no sono

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Acordei poucos minutos depois de pegar no sono. Paulo sussurrava meu nome ao pé do meu ouvido, deixando selares em minha têmpora.

Com a mão entrelaçada a minha, Paulo me guiou até o camarim de Didi Mel, onde todos os meus colegas, a diretora e a professora Helena se encontravam. Permaneci quieta, atenta ao que aconteceria.

— Como é que você pode fazer isso comigo, com as crianças? — a professora Helena perguntou com a voz trêmula. Depois de anos tendo aula com ela, eu sabia que ela estava se controlando para não alterar o tom de voz e acabar chorando.

— O que? O show? — Didi perguntou, se fazendo de idiota. Bom, mais idiota que o normal. Ela encarava a professora em choque, talvez por ter sido descoberta.

— Acabou a farsa. Eles descobriram tudo! — A professora disse.

— Eu não acredito que você fez isso. Você me decepcionou e muito. — Revirei os olhos com o comentário de Maria Joaquina. Até parece que a cantora se importava com isso. — Eu encontrei esse brinco no lugar onde eu fiquei presa.

Didi levou a mão á orelha onde o brinco deveria estar, entreeabrindo os lábios em choque.

— Você me deve uma explicação. — Helena disse.

— Aliás, você deve uma explicação para todos nos. — a diretora Olivia se intrometeu.

— Fiz. — Didi disse após alguns segundos em silêncio. — Fiz por que eu queria que você sentissena pele o que é passar sozinha o dia do seu aniversário.

Franzi o cenho, me apoiando no sofá. O encosto do sofá bate pouco abaixo do meu peito, então me inclinei sobre ele, apoiando os braços. Senti meu estômago revirar com a sensação familiar das borboletas, quando Paulo colocou ambas as mãos em minha cintura e chocou nossos quadris.

A minha sorte foi que todos os presentes na sala estavam imersos na explicação de Didi, sobre como nao aceitara fazer suas festas de aniversário junto a professora Helena para não "dividir", ou "não roubar seu palco". E graças a todo esse drama, ninguém via Paulo apertando minha cintura.

Por que caralhos nós temos que ser dois adolescentes com os hormônios á flor da pele?

Você nunca entendeu que a gente não ia dividir, a gente ia somar! — a voz da professora me trouxe a realidade. Ergui meu corpo novamente, deixando a coluna reta, mas Paulo me puxou com certa força, fazendo minhas costas baterem em seu peito e suas mãos se manterem em minha cintura. — Você não tem jeito mesmo. E ainda resolveu se vingar de mim e usar as minhas crianças!

— É... Pra falar a verdade a prova do futebol foi bem da hora, né? — Jaime se intrometeu. — Meu gol foi um estouro!

— Literalmente. — comentei entre risos.

— Ah, gente, meu gol de bicicleta também foi incrível, vai?! — Alicia comentou, nós concordamos.

— E o Cirilo ficou bem bonitinho com a roupa de passarinho amarelinho. — Koki comentou rindo.

— E você ficou todo lindão com a fralda, né? — Paulo lembrou. Soltei um riso baixo com a cara do japonês.

— Eu infernizei muito a vida do Gonzales e do Gonzalito. — Maria Joaquina disse.

— Vai ser um minimo uns quatro anos de terapia pra eles superarem esse trauma. — sorri ladino lembrando dos bandidos sendo mordidos pelo cachorro, quando pularam na casa vizinha á loja de fantasias.

— Hoje eu aprendi que os meus alunos cresceram — todos nós sorrimos com o comentário da professora Helena. — e estão mais do que preparados pra enfrentar uma nova fase. Eles estão no caminho certo.

— Tivemos uma boa professora. — comentei baixo, mas num tom que todos ouviram. A professora Helena se virou, nos olhando com um sorriso orgulhoso.

— Vocês são muito especiais, — intintivamente, nós nos aproximamos mais. Valeria, que estava ao meu lado, passou o braço por meus ombros, encostando nossas cabeças. — porque vocês sabem o valor real da amizade. — a professora continua. — Vocês sabem que mágoa, vaidade e diferenças, são muito menores que o amor. — completou, olhando para Didi, que a encarava entediada.

Didi bateu palmas com um longo intervalo de tempo entre elas.

— Que lindo discurso, professorinha. — a cantora comentou de forma irônica. — Ó! Eu fiquei até arrepiada. Só que agora eu preciso ir, porque estão chamando meu nome. Didi Mel! — começou a sussurrar, acompanhando a gritaria que vinha de fora do camarim. Mas o que a morena não contava, era que o publico gritava pela nossa banda. Sorri ladino com a cara de tacho da mais velha.

— Acho que não tem ninguém chamando seu nome. — a professora disse baixo. O lacre da gata. — Vamos, gente! — e com o chamado de nossa professora, voltamos ao outro camarim para nos aprontarmos, deixando a diretora encarregada do que aconteceria com Didi Mel.

🦋

Boa noite pessoal! — Maria Joaquina gritou ao microfone em meio aos aplausos. Entramos no palco fora de ordem, e cada um se posicionou onde deveria. — Nós somos a turma do Carrossel, e hoje com mais uma integrante, a aniversariante do dia, a professora Helena!

Nós gritamos quando a professora subiu ao palco, deixando sua filha com o professor Renê. Alicia entregou um microfone à professora e nós começamos a cantar.

— Tudo de pernas pro ar. — Valéria começou, sendo seguida por Laura.

— Eu nem consigo enxergar.

— A confusão tomou conta desse lugar. — Jaime continuou.

— Mas não adianta esquentar. — Bibi.

— A gente tem que se unir. — cantamos em coro.

— Só existe um jeito real da gente conseguir. — professora Helena.

— Sair dessa e temos pressa — mantemos o coro, ao longe vi Alicia puxar Jaime pelo queixo e dar um selinho no garoto. Mantive um sorriso no rosto e continuei cantando.

— Aquele mala quer acabar com a nossa festa. — Continuei antes do coro.

— Juntos, juntos, juntos, juntos. Contra essa amizade não tem pra ninguém! De zero a dez dou mais de cem, pra essa turma eu tiro o chapéu. Amigo a gente ama, a gente cuida bem. Essa é a turma do Carrossel.

— De zero a dez dou mais de cem, pra essa turma eu tiro o chapéu. Amigo a gente ama, a gente cuida bem. Essa é a turma do Carrossel!

Eu via Firmino, Graça e a diretora na platéia, junto á Renê e a pequena Clarissa. Mais a fundo se encontravam alguns dos nossos pais. Apenas sorri aproveitando aquele momento.

Nenhum número entre zero e dez seria capaz de representar o amor que eu sinto pelos meus amigos, apesar das diferenças e intrigas nós sempre nos mantivemos juntos. Como quando Hogwarts fora atacada por aquele que não deve ser nomeado. As quatro casas passaram todos os anos competindo entre si, mas no fim se juntam e trabalham juntos por uma causa maior. A vida é nossa causa maior. E nos últimos anos eu passei a ter cada vez mais certeza que mesmo que sigamos caminhos diferentes após a formatura, nós sempre estaremos uns com os outros.

PANAPANÁ • paulo guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora