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— Não tem a menor graça a gente estar aqui sem a professora Helena. — Murmurei. Didi nos trouxe ao local do show. Ficamos numa roda dentro do camarim, e o clima estava tenso, mórbido.

— É verdade. Não dá nem pra ficar feliz. — Maria Joaquina disse.

— A gente nunca mais vai ter uma aula com ela. — Cirilo se meteu.

— Isso é tão sentimental. — Laura veio ao nosso encontro.

Quando Davi veio falar com Valéria, eu me afastei. Paulo e Koki mantém uma conversa baixa do outro lado da sala. O restante se encontra cabisbaixo sentados espalhados pela sala.

Peguei meu celular do bolso e me sentei num dos pufes. Abri meu aplicativo de músicas, onde havia uma melodia que gravei algumas semanas depois do acampamento. Marcelina roubou um de meus fones quando se sentou ao meu lado. Abri meu bloco de notas e acompanhei a letra da minha nova música pra ver se encaixaria com a melodia.

Comecei a murmurar a letra de boca fechada, o mais baixo que consegui. Fiz uns ajustes na letra nas partes que achei necessário, e quando ia revisar novamente, ouvi Maria Joaquina nos chamar após algumas palmas. Revirei os olhos e me levantei. Agora viramos doguinhos de canil para sermos chamados ás palmas?

— É sério, gente. — a Medsen disse ao ouvir nossos resmungos. — Eu queria me desculpar com vocês. — a olhamos, surpresos. — Me desculpar de verdade. Eu sei que eu não tenho sido uma boa amiga.

— É, as vezes você é meio chata. — Valéria disse.

— As vezes? — questionei, arqueando a sobrancelha.

— É, você é bem chata! — Marcelina concordou.

— Eu não reparei isso. — Cirilo se intrometeu.

— É que hoje, depois de tudo que vocês fizeram, depois de terem corrido perigo pra me salvar, eu... — Maria Joaquina foi interrompida por Paulo.

— Deixou de ser chata? — ele sugeriu com um sorriso irônico no rosto.

— Por isso mesmo eu quero me desculpar e agradecer do fundo do meu coração. — a Medsen completou. — E eu aprendi que não sou melhor que todo mundo. Cada um tem o seu valor.

— Então quer dizer que você está se achando igual a gente? — Valéria perguntou.

— É. — Maria Joaquina pensou. — Nem tanto, vai. Mas quase. — nós rimos.

— Agora sim, essa é a Maria Joaquina. —eu disse, e fiz um toque com a de roupas rosa.

— E quanto a você, Cirilo... — Maria Joaquina disse, o Rivera apenas abaixou o olhar.

— Toma, Maria Joaquina. — Cirilo disse entregando a luva rosa para sua dona. — Eu prometo que vou tentar te esquecer. — ele disse num muxoxo.

— Não pense nisso, nem se atreva! Você é o melhor amigo que alguém pode desejar. — franzi o cenho. Eu to mesmo ouvindo isso? — Se eu puder ter você sempre por perto... — ela disse e o abraçou.

— Tudo bem, eu sou a única que tá achando isso tudo estranho? — perguntei num murmuro, Marcelina deu uma risada baixa e Alicia mordeu o lábio para não rir.

Cruzei os braços, sentinho duas mãos em minha cintura. Levantei o rosto quando meu corpo se chocou em um bem conhecido por mim. Paulo costumava usar perfumes muito fortes quando entramos no ensino médio, mas quando comentei a ele que desencadeava minhas crises de rinite, ele parou de usa-los. Porém passou a usar colonias infantis quando eu disse que amo o cheiro. Minha vontade é de enfiar o nariz no pescoço dele e sentir esse cheirinho pro resto da vida.

— Galerinha, vamo levantar esse astral! — Didi comentou, entrando no camarim. — Alegria, que hoje a gente vai fazer o melhor show ever. Já até posso ver amanhã em todos os sites. — sorriu sonhadora. — Olha só, alguém viu um brinco igualzinho esse aqui? — colocou o cabelo para trás da orelha, mostrando a jóia de prata. Apenas negamos com a cabeça. — As incompetentes das minhas funcionárias devem ter largado em algum lugar. Bom, se alguém achar, please, me avisem! — deu meia volta e se retirou, seguida pela diretora.

— Ah, você achou o brinco da Didi mel. — Valéria chamou nossa atenção com o comentário. Quando vi, Maria Joaquina segurava o brinco que a cantora procurava.

— Por que não entregou a ela? — perguntei, sentindo Paulo abraçar minha cintura com mais força e apoiar o queixo na minha cabeça.

— Porque eu achei esse brinco no lugar que eu fiquei presa. — a loira disse. — Ela passou por lá!

— Não, mas não pode ser. A Didi Mel foi quem salvou a gente. Ela é demais! — Jaime comentou.

— Alias, como vocês descobriram o endereço certo? — MJ nos olhou.

— Você mandou uma mensagem pra gente com o endereço. — comentei calmamente. — Não lembra disso?

— Não. Eu não disse nada disso.

— Bem que eu achei que não foi a Maria Joaquina que mandou aquela mensagem. — Paulo disse, baixo.

— Tem razão. — Jorge concordou e olhou para a Medsen. — Você nunca diria "eu amo vocês".

— Não precisa falar desse jeito. — Maria Joaquina se encolheu. — Mas o problema é que eu não escrevi nada disso.

— Como não? — Adriano questiona.

— Você mandou do seu celular. — Koki disse.

— Gente, espera ai... — Carmem começou. — O brinco, a mensagem...

— Os homens de preto! — Margarida recorda.

— Eles estavam filmando tudo. — a olhei e ela concordou. — Armaram pra gente e fizeram uma montagem maldosa. — completei.

— Como a Didi Mel sabia onde estava a corda pra ela puxar a rede? — Cirilo pergunta.

— Não tinha como ela saber. — Mario diz.

— Só se ela já tivesse estado lá. — Sugeri.

— Só pode ter sido ela. — Cirilo completa.

— É verdade, vocês tem razão. — Maria Joaquina diz. — Eles tinham uma chefe! A gente precisa avisar a diretora! — e assim, Cirilo e Maria Joaquina correram a procura da diretora. Suspirei cansada, encostando minha cabeça no peito de Paulo, que me virou para si, me abraçando.

— Está tudo bem? — perguntou baixinho.

— Só com dor de cabeça. — sussurrei. — Toda essa história está me esgotando. — ergui meus braços e abracei seu pescoço, o olhando.

— A gente vai dar um jeito nisso. Sempre damos. — apertou minha cintura. — Além disso, nos formamos em alguns meses. Outros problemas virão.

— Isso não foi muito animador. — soltei uma risadinha fraca. O Guerra apenas sorriu.

— Amanhã não temos aula. Podemos fazer alguma coisa. Juntos. — ele disse encostando nossas testas.

— Só nós dois? — murmurei.

— Só nós. — ele disse no mesmo tom. Sorri quando ele se afastou e me deu um beijo na ponta do nariz. — Vem, tenta descansar um pouco. — Me puxou para o puff e se sentou. Sentei no meio de suas pernas, pousando as minhas sobre sua coxa. Me encolhi pelo frio do ar condicionado e cochilei em meio a carinhos em meu cabelo.

PANAPANÁ • paulo guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora