A Teoria

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Essa noite faz oito dias que esse mesmo homem entra, se senta, pede uísque o suficiente pra se afogar e apenas soluça baixinho.

Ele foi pra mesma mesa, aquela com a luz que eu sempre me convenço de que eu estou sem tempo pra consertar. Aquela mesa se tornou um refúgio para todos os depressivos que vêm a esse bar abandonado por Deus. E ele era um saco. E tava começando a irritar as poucas pessoas que tinham a distinção de serem chamadas de regulares por aqui.

Eu vou falar com ele, ver se talvez eu possa fazê-lo parar, pelo menos. Ah, espera… Ah! eu reconheci agora. Ele é aquele cara gordo que trabalha com matemática na universidade da rua de baixo. Ele estava em todos os jornais locais há um tempo atrás, por estar perto de chegar a uma conclusão sobre… Meu Deus, como é que chamava mesmo? Teoria das linhas… Cordas! Teoria das cordas. Isso mesmo. Esses caras fazem uma matemática hardcore, tentando descrever o universo com problemas de matemática fantásticos.

-- Qual o problema, amigo? Você vem aqui todas as noites e fica aí enchendo o saco de todo mundo, chorando e remugando. Isso aqui é um bar, então tem muita gente reclamando por aqui. Você tá passando dos limites.

E lá vai ele, indo embora pela mesma porta que entrou. E nem sequer se preocupou em pegar todos os documentos preciosos que ele ficou chorando em cima todo esse tempo. Que nerd.

Estava esperando mexer e descobrir que ele estava chorando sobre os papéis de divórcio ou algo assim, mas o idiota ficou aqui chorando em cima de montes de zeros e uns. Parece algum tipo de código de computador ou algo assim.

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