Alimente O Porco [Parte 1 de 3]

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Abri meus olhos devagar. Minha cabeça parecia flutuar, e uma dor maçante cercava minha garganta; eu sentia sede. Isso foi a primeira coisa que notei. Umideci meus lábios secos enquanto meus arredores desvaneciam de foco. Meu corpo doía, e percebi que estava amarrado firmemente à uma cadeira de metal, no meio de um quarto vazio. As paredes de concreto estavam manchadas e sujas. Debaixo dos meus pés descalços estava molhado e frio. Havia uma única lâmpada, balançando no teto por um corda, projetava uma sombra em movimento. Uma porta aberta estava diante de mim, mas não conseguia ver nada além de uma parede de um corredor. Tentei clarear minha mente, tentei lembrar de como havia chegado ali. Fechei meus olhos com força e me forcei a não estrar em pânico. Diminui a velocidade da minha respiração e foquei em meus pensamentos, tentando me forçar a lembrar o motivo para eu estar ali. Eu não lembrava de nada.

Minha garganta latejante e ressecada. Podia ouvir sons ecoando pelas paredes de fora do corredor. Gritos, batidas, urros. Todos muito distantes, mas isso não ajudou a acalmar os meus nervos. Abri meus olhos e soltei o ar:

- Olá? - eu falei alto. As palavras parecendo romper minhas cordas vocais, senti meu peito se contrair pela dor, mas pigarriei e gritei de novo: - Tem alguém aí? Olá?

O corredor escuro continuou silencioso, exceto pelos ecos constantes. Calei a boca e me desvencilhar das minhas amarras, mas a corda estava amarrada de um jeito impossívelmente apertado. Lutei contra a minha imaginação, que enchia a minha mente de cenários horripilantes do que me esperava. Se eu conseguisse lembrar de pelo menos alguma coisa.

De repente, passos surgiram da porta, em um padrão rápido de pés pequenos. Minhas esperanças se renovaram, e voltei minha atenção para a porta, rezando que fosse ajuda. Um menino correu para dentro da sala, usando um macacão vermelho, daquele tipo que bem com meias acopladas. Sob o seu rosto havia uma máscara de plástico de diabo. Os buracos dos olhos revelaram duas bolinhas azuis enormes. Olhos que me olhavam com curiosidade. Meio atordoado, abri a boca para falar algo, quando notei que algo estava estranho: seus olhos eram enormes, impossívelmente redondos e esbugalhados. Fez com que um arrepio agoniante descesse pela minha espinha, mas deixei de lado. A criança poderia me libertar.

- Ei - cochichei, urgentemente. - Ei, menino, você pode me tirar daqui?

O garoto deu um passo para frente, virando a cabeça de lado, mas ainda em silêncio. Sacudi meus braços amarrados contra a cadeira.

- Me solta, por favor. Eu não devia tá aqui. Alguém cometeu um erro.

O garoto me observou por de trás da máscara e parou bem na minha frente. Se inclinou para frente, sussurrando, sua voz como seda molhada:

- Você fez uma coisa ruim.

Confuso, eu sacudi a cabeça.

- Não, não, isso é um erro. Eu... Eu não fiz nada.

Os enormes olhos azuis se encheram de tristeza.

- Ah, você fez sim. Algo muito, muito ruim.

Sacudi novamente a cabeça, mais violentamente.

- Não, não. Olha, me perdoa, eu não lembro. Por favor, me deixa sair dessa cadeira.

Subitamente, antes que eu ou ele pudesse falar qualquer coisa, um homem veio correndo para a sala. Ele era gordo e vestia um macacão. Seu rosto enrugado, revirado em raiva acumulada. Em seus braços, segurava uma espingarda de cano curto.

- Eu... Eu não fiz nada. - Chorei enquanto ele avançava em nossa direção. Minha voz oscilando. - E-Eu não devia estar aqui.

O gigante me ignorou e agarrou a criança e colocou contra a parede. O menino grunhiu quando suas costas bateram no concreto, e seus olhos se levantaram para encontrar o homem grisalho. Sem dizer uma palavra, o homem ergueu a espingarda, colocou contra a testa do garoto e estourou seus miolos. Pedaços de cérebro respingaram nas paredes com o choque, que me socou no estômago como uma soqueira de ferro. Havia um zumbido em meus ouvidos, e o tempo parecia ter parado enquanto eu assisti o corpo sem cabeça suncubir ao chão. O ar voltou para os meus pulmões, e o tempo pareceu voltar.

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