Essa História Tem Um Final Feliz

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Essa história tem um final feliz. Essa é a minha promessa pra você. Mas começa sombria.

Um menino é sequestrado, arrebatado em sua casa em plena luz do dia. Ninguém vê nada. Ninguém ouve nada. Como isso é possível? Numa rua movimentada, cheia de vida, cheia de testemunhas, e nenhuma alma vê um menino sendo puxado a força pra uma van? Em que tipo de sociedade vivemos, onde permitimos que isso aconteça? Ah, fica pior. Acontece que o menino não foi levado pra exigir um resgate. A polícia não tem noção. Dias, semanas e meses se passam. Mas eles não estão mais perto de encontrá-lo. "É como se ele tivesse desaparecido no ar", eles sussurram atrás de portas fechadas. Ele não faz isso, é claro. Nós todos sabemos disso. Os pais estão quebrados, completamento quebrados em pedaços. Não tem o que fazer. Ele também era filho único. Eles não têm mais ninguém para cuidar. Eles não se importam, eles se desfazem, mas eles nunca perdem a esperança.

O menino acorda com uma dor terrível todos os dias. Ele não vê o sol há semanas. Uma sombra pálida e mórbida da criança animada que ele já foi. Ele conhece apenas a escuridão, tormento e medo. Minutos como horas, horas como dias, dias como semanas. Ele chora até não haver mais lágrimas. E então, quando o sal e a água acabam, seu corpo convulsiona em horríveis ataques, quase como se sua alma enfraquecida estivesse procurando desesperadamente um interruptor. Não existe tal mudança, eles não vão permitir que ele morra. E ele sabe disso.

Eles descem para a escuridão a cada 2 horas com um relógio, com suas câmeras de vídeos, e suas facas, e seus massaricos e fios e bisturis. Eles o cortam, fatiam, queimam, dão choques... O tempo todo brincando, rindo e conversando preguiçosamente, como se fosse apenas mais um dia de trabalho.
Não há mais humanos naquele porão, apenas uma coisa quebrada e a coisa que a quebraram.

Somos uma espécie de humanos, não somos? Quando não for controlado, quando prometido que não seremos perseguidos por nossos crimes, faremos todos eles, por dinheiro, por prazer, por acaso, pela ciência, por curiosidade, ou só porque podemos. E isso é o que nós somos: a essência da humanidade.

Mas eu prometi a você que essa história teria um final feliz. E é verdade. Eu percebo que você está preocupado com o seu filho. Você não tem que estar, estamos cuidando bem dele. Ele fica perguntando sobre vocês dois, em soluços fungados e apelos patéticos. Eu disse a ele que matamos você. Sabe, mais lágrimas pra câmera. Ele te ama muito, e eu simplesmente pensei que você, sei lá, deveria saber disso.

Vamos mantê-lo vivo por muito, muito tempo. Então, fique feliz. Esse é um final feliz, exatamente como prometi.

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