- Você tá mexendo, Jason.
- Eu juro, Jenny, eu não tô.
Eu sempre achei que tabuleiros Ouija fossem as coisas mais idiota do mundo. A ideia foi da minha esposa, ela sempre foi fascinada com o mundo espiritual e o paranormal. Eu não poderia ter me importado menos com isso. Até aquela noite.
Nós recebemos alguns amigos, Stacy e Derick, que conhecíamos desde a adolescência. 25 anos de amizade, e é pra isso que fomos reduzidos? Um tabuleiro Ouija? Jenny insistiu que eu jogasse vendado. Ela estava convencida de que eu estava movendo o ponteiro. Então eu concordei. Eu não tinha nada a esconder.
- Quantos dedos eu tô segurando, Jason? - Derick perguntou.
- Sério? Eu não tenho ideia, cara.
- Boa. Vamos fazer isso - disse a minha esposa.
Fizemos várias perguntas, atendidas por respostas curtas e simples. Aparentemente estávamos conversando com uma menina de 6 anos que havia sido sequestrada, levada pra cá há 50 anos e assassinada.
- Isso é assustador - disse Jenny. - Eu li sobre isso quando compramos essa casa. Ela foi esfaqueada até a morte aqui.
- Isso aí é bobagem - eu disse.
- É verdade. Eu a vi, Jason. Eu vi ela vagando pelo corredor algumas noites atrás. Não era uma das crianças, porque eu verifiquei e as duas estavam dormindo.
- Meu Deus, que coisa horrível - disse Stacy. - Não tem como viver aqui depois disso.
- Ah, nem pensar. Eu não posso fazer isso. Eu amo essa casa - disse a minha esposa com estusiamso.
- Olha, podemos voltar ao jogo? - Derick perguntou, claramente irritado.
Perguntamos coisas como "você está aqui agora?" e "você é bom ou mau?". Mas a última pergunta nos assustou.
- O que você quer de nós? - perguntou Stacy.
Foi quando a longa resposta chegou.
T. I. R. A. A. F. A. C. A. D. A. S. M. I. N. H. A. S. C. O. S. T. A. S.
Eu rapidamente tirei a venda. A minha esposa gritou de horror e a cor sumiu dos rostos de Derick e Stacy.
- Meu Deus! Essa coisa é amaldiçoada! A gente tem que se livrar disso!
- Mas, querida, era você que queria jogar - eu disse.
- Eu não me importo! - Jenny gritou. - Tire isso daqui!
Então, eu fiz. Mas não antes de Jenny rasgar o tabuleiro em quatro pedaços. Joguei no lixo no lado de fora, e fomos pra cama.
Acordei na manhã seguinte com mais gritos da minha esposa.
- Jason! Tem um espírito maligno aqui.
Eu esfreguei meus olhos e me sentei na cama.
- Do que você tá falando?
Ela agarrou meu braço e me arrastou para fora, para a varanda.
- Olha.
E lá estava, o tabuleiro Ouija da noite anterior, largado na varanda, remontado. Ela balançou os braços dramaticamente agora.
- Eu não posso mais ficar aqui. Eu tô ligando pro meus pais. A gente vai ficar lá até que consigamos encontrar outra casa.
E assim nós nos mudamos. Eventualmente, nós achamos outra casa, uma com um quarto a mais e uma garagem fechada onde eu poderia pôr minhas ferramentas. Muito melhor.
Já faz 20 anos, e eu nunca disse a ela que eu podia ver através da venda ou que havia colocado o tabuleiro de volta na varanda. Eu nunca quis comprar aquela casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Creepypastas
HorrorPara amantes de creepypastas. Um livro com várias creepypastas para quem gosta de terror/suspense.