13. Histórias Falsas.

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             𝓔lysha me encarou com seriedade, cruzando seus braços frente ao peito.

— Onde você vai?

— Preciso resolver isso. Preciso…

— Lizzie! — Elysha gritou me puxando pelo braço. — Está no meio da madrugada, você não pode simplesmente sair de casa e…

— Vou encontrar o Alex! — Exclamei me soltando dela abruptamente enquanto ia para a porta de entrada. Mentir para ela me deixava chateada, mas eu não arriscaria dizer onde realmente iria. — Só preciso ver ele, Elysha.

Minha irmã me encarou aturdida e respirou fundo antes de indicar a saída com a mão. Não esperei ela mudar de ideia, passei correndo pela porta e a fechei no mesmo movimento.

Eram duas e vinte da manhã, eu não podia simplesmente ligar para Alex e dizer que precisava que ele me levasse até a casa do Darkless, não depois do beijo casto que ele me dera ao se despedir de mim algumas horas atrás. Respirei fundo para reunir coragem e rumei até o roseiral.

O caminho sinuoso que cortava a plantação estava escuro e sem a luz da lua para me ajudar, tive que ligar a lanterna do celular para me guiar. Enquanto caminhava em passos rápidos, quase correndo, pensava em como seria mais fácil simplesmente ter o número de telefone de Darkless. Me pouparia muito esforço.

Mais ou menos no meio do caminho, eu já estava esbaforida e ainda faltava muito. Sabia bem que Darkless tinha dito que me mataria se eu chamasse-o pelo primeiro nome, mas eu não conseguia andar até a casa dele e não poderia arriscar que me ouvissem gritando Darkless. Respirei fundo para reunir fôlego e gritei o mais alto que consegui:

AZTRAZ!

Por um longo momento, nada aconteceu. Nenhum barulho diferente, nenhuma brisa estranha. Estava prestes a gritar de novo, quando Darkless se materializou em minha frente, fazendo com que eu desse um pulo para trás.

Sua pele pálida e seus olhos azuis eram as únicas coisas mais visíveis nele, já que seus cabelos e roupas negras se misturavam a noite escura.

— Eu sei o que você disse sobre seu nome… Mas eu precisava mesmo te encontrar.

Darkless me olhou com seriedade por um tempo longo, parecendo considerar de deveria me matar ou não. Por fim, o Mestre passou seus braços ao redor de meu corpo, me assustando pelo milésimo de segundo que demorou para que ele voasse comigo pelo roseiral, parando um instante depois numa clareira arredondada, de grama verme esmeralda, rodeada pelo conjunto de rosas pretas do roseiral.

— Esse lugar é lin…

Darkless me interrompeu.

— O que você precisa? — A voz dele estava séria e impaciente, assim como sua expressão iluminada pela luz branda da lua.

— Preciso que você faça esses sonhos pararem. Eu não aguento mais, ok? Não aguento mais acordar todas as noites gritando porque tive um dejavu bizarro com algo horrível que você fez no passado.

— O que você sonhou dessa vez? — Darkless perguntou me estudando com atenção.

Cansada por andar quase dois quilômetros, me sentei na grama fofa no centro da clareira e cruzei as pernas em posição de índio.

— Vi… Vi o que você fez com sua mãe. — Sussurrei mantendo os olhos fixos na tala que ainda não tinha tirado. Ouvi Darkless sibilar, mas não o olhei. — Senti como se fosse eu. Como se você tivesse com a mão dentro do meu peito, senti toda a dor e… Eu não quero mais. Foi terrível. Faça isso parar, por favor.

Darkless se sentou de frente para mim, na mesma posição em que tinha me colocado, e passou as mãos pelos cabelos escuros.

— Tenho uma teoria. — Disse por fim. — Os sonhos começaram quando você bebeu meu sangue após Dickson te atacar.

Involuntariamente levei a mão até o pescoço quando me lembrei do vampiro ter mordido minha jugular no roseiral.
— E?

— E isso desencadeou algo dentro de você, algo que você já tinha, provavelmente herdado de Kyle. — O vampiro deu de ombros, absorto em seus pensamentos. — Provavelmente meu sangue misturado a algum dom adormecido dentro de você lhe deu acesso as minhas memórias.

— Dom? — Arquejei, sem conseguir compreender direito o que ele estava dizendo. — Eu não tenho nenhum dom!

— Não ter nenhum dom seria mais estranho do que ter, se pararmos para avaliar. É basicamente impossível que um vampiro e uma humana tenham um filho, se você nasceu de uma espécie de milagre, algo deve ter mudado seu DNA.

— E qual a sua teoria para isso?

— Não tenho nenhuma. — Darkless admitiu sério. — Mas tenho uma ideia para descobrir se você tem algo de diferente em seu sangue.

— Que ideia? — Perguntei me abraçando ao imaginar que tipo de experimentos torturantes Darkless tinha em mente.

— Você vai descobrir. — O Mestre murmurou, se colocando de pé. — Tenho uma reunião agora, mas amanhã irei te buscar para começarmos.

Também me coloquei de pé, apoiando a mão esquerda no chão para erguer o corpo, de uma forma bem menos graciosa que Darkless.

— Vai doer?

Não pude evitar a aceleração do meu coração quando Darkless soltou uma risada baixa, aquecida pelo som gostoso que saiu de seus lábios. Linda, pensei. Sua risada era linda.

— Me certificarei de que não. — Darkless respondeu, envolvendo-me em seus braços fortes.

Mesmo que sua pele fosse fria feito uma pedra deixada ao relento, me senti aquecida em seu abraço forte, e nem mesmo o vento intenso ao nosso redor quando ele nos fez deslizar em alta velocidade pela Corte, fez-me sentir frio.

Me sentia grata pelo bracelete que ele tinha me dado, pois ele não estava usando luvas e poderia facilmente ler meus pensamentos sobre ele e sua pele. Darkless continuou com as mãos na minha cintura quando paramos frente a minha casa e abriu um sorriso debochado.

— O que foi? — Perguntei baixo, tentando me afastar, mas o Mestre me segurou com mais força, nos aproximando minimamente mais.

— Eu gosto de histórias. Gosto de cria-las, de fazer as pessoas ao redor acreditarem no que eu quero que acreditem. — Ele sussurrou, os lábios tão perto dos meus que podia sentir o cheiro de seu hálito quente. Me arrepiei por inteiro, presa em suas palavras, em suas ações. Darkless desviou os olhos rapidamente para algo atrás de mim, mas fora tão rápido que não sabia se tinha sido real. Quando fui olhar para trás, o Mestre se aproximou mais, roçando seus lábios em meu queixo e meu coração bateu tão acelerado que chegou a ser doloroso. Me esqueci de qualquer coisa ao ter sua boca tão perto da minha. — Também gosto do quanto seu coração bate acelerado quando eu me aproximo…

Seu lábio superior roçou meu lábio inferior e meus batimentos cardíacos foram para as alturas, mas Darkless desapareceu, me deixando desamparada e zonza por um longo momento. Arquejei ao respirar fundo para recuperar o fôlego e coloquei a mão sobre o coração, que ainda batia rápido e forte.

E então, eu entendi exatamente o que ele queria dizer com inventar histórias e com sua aproximação repentina.

Aleksander estava atrás de mim.


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Sigam o caminho das rosas,
Elas lhe guiarão por essa jornada.

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A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora