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𝓝unca imaginei que chegaria um dia em que eu ficasse desanimada com a ideia de encontrar Darkless, no entanto, eu praticamente me arrastava em direção a Demons. Nos últimos dias, Darkless tinha usado cada horário disponível para tentar descobrir que poderes eu tinha, e ele estava me exaurindo com suas tentativas.
No dia anterior, eu tinha conseguido controlar os poderes de Telecinese, e agora, eu tinha total controle ao mover as coisas, o que foi um alívio. Porém, o mais impressionante foi quando me me feri num dos treinos e consegui curar-me sozinha. A expressão de Darkless tinha sido impagável, seu rosto belo brilhando em surpresa e excitação.
O único problema era que agora, Darkless me faria praticar isso de todas as formas possíveis.
— O que está acontecendo? — Questionei ao entrar na boate e encontrei Darkless mexendo no celular, cercado por três mulheres. Uma delas reconheci: era a loira que estava com ele e Taurus no dia que — sem querer — lhe acertei uma pedrada no rosto. Aztraz abriu um sorriso e guardou o caro iPhone no bolso interno do casaco.
— Essas são Giulia, Cassie e Carina. — Darkless apresentou apontando para cada uma delas. A loira que eu já havia conhecido era Giulia, que me olhou com desdém, mesmo sendo humana como eu, o que não tinha notado no nosso primeiro encontro. Cassie tinha longos cabelos marrons como chocolate e um sorriso fácil no rosto, assim como Carina, a ruiva que parecia extremamente feliz por ter sido convidada. — Elas serão nossas cobaias hoje.
— Cobaias? — Ok, eu realmente não estava entendendo nada. — Como assim?
Darkless sorriu enviesado, mas havia malícia em sua expressão, o que me deixou ainda mais apreensiva. O Mestre segurou Cassie pelo braço e ergueu seu queixo; meu coração bateu furiosamente no peito quando pensei que ele fosse beija-la e as garrafas e copos no bar tremeram. Mas não, ele não a beijou.
— Cassie… — Ele sussurrou com os olhos fixos nos dela, a voz macia e aveludada. — Irei fazer um corte no seu pulso e por cinco minutos, ele não irá doer. Quando os cinco minutos passarem, a dor será excruciante caso o ferimento não tenha sido fechado.
— Az… Darkless, que porra é essa? — Perguntei me aproximando dele, mas ele não me deu atenção. Segurou o pulso de Cassie e usou o canivete que sempre tinha no bolso para cortar profundamente a pele dela. Sangue verteu e logo pingou no chão, mas Cassie não estava sentindo dor. Ainda.
— Cure ela, Lizzie. Ou ela vai sofrer muito quando os cinco minutos acabarem. Tic. Tac.
Olhei esbabacada para Darkless, tão chocada que sequer conseguia me mexer. Cassie olhava de mim para o Mestre com ansiedade, e eu quase chorei. Em cinco minutos ela sentiria uma dor terrível, exceto se eu a curasse. Corri até a menina e envolvi seu pulso sanguinolento entre minhas mãos, mas nada aconteceu. O tempo continuou passando rápido, e quanto mais eu me esforçava para fazer aquele corte fechar, nada acontecia. Minha testa começou a suar e a cada batida rápida e descompassada do meu coração eu sentia mais medo. Apertei ainda mais o pulso de Cassie entre as mãos e tentei buscar qualquer fiapo de poder dentro de mim, mas nada aconteceu.
— Niklas! Eu não…
Cassie gritou, gritou tão alto que devo ter perdido parte da minha audição, e puxou o braço para si, o aninhando contra o peito. Lágrimas gordas desceram por seu rosto retorcido em desespero e o choro dela se tornou esganiçado.
— Mestre, faça parar… — Cassie implorou entre soluços, mas Darkless apenas deu de ombros.
— Apenas Lizzie pode fazer a dor parar, Cassie.
— Lizzie… — Ela choramingou. — Está doendo muito…
Lágrimas inundaram meus olhos e pisquei para limpar a visão embaçada, atrás de Cassie, Giulia e Carina nos encaravam de olhos arregalados, segurando uma na outra. Tentei novamente alcançar o poder de cura dentro de mim, mas nada aconteceu. O desespero me tomou, e a lâmpada no teto acima de Darkless explodiu quando comecei a tremer.
— Aztraz, pare com isso agora! — Gritei e outra lâmpada explodiu. Cassie chorou ainda mais alto. — AZTRAZ!
Por fim, o Mestre saiu de seu lugar perto do balcão e segurou o rosto de Cassie entre suas mãos pálidas.
— A dor acabou, Cassie. — Darkless murmurou com a voz melosa, tom que ele usava durante a compulsão, e alívio me tomou quando Cassie respirou fundo. O Mestre levou o pulso dela até a boca e lambeu a ferida, que logo se cicatrizou.
— Você… — Eu não tinha palavras para expressar minha raiva por ele, mas Darkless não parecia se importar, pois caminhou até Carina e olhou fixamente para ela antes de repetir exatamente o que tinha dito a Cassie. — Darkless, porra!
Gritei, mas fora tarde demais. Darkless cortou o pulso da outra garota, ainda mais fundo do que o anterior, e me lançou um olhar cínico.
— Cinco minutos, Lizzie. Tic. Tac.
A raiva era tão grande que eu não tinha ideia se conseguia sentir alguma coisa além dela. Darkless estava fazendo aquelas garotas sofrerem por nada! Encarei Carina fixamente, e meu coração bateu forte no peito ao sentir uma fisgada dentro de mim; algo quente e deliciosamente confortável invadiu meu corpo, correndo como mel, denso e doce, por minhas veias. Segurei o pulso de Carina e mentalizei seu corte se fechando, várias e várias vezes, até que diante de meus olhos as bordas da ferida lentamente se uniram, até que ela se fechasse por completo.
— Oh, meu Deus! Eu consegui! — Exclamei com uma risada de emoção e Carina suspirou aliviada. — Eu consegui!
Darkless sorriu enviesado e deu um tapinha no meu ombro ao se aproximar para verificar o pulso de Carina; o Mestre pareceu satisfeito, pois logo se afastou.
— Bom, agora vamos ver se você consegue repetir.
— O que?!
— O quê? — Darkless repetiu com desdém. — Acha mesmo que fazer isso uma vez só é suficiente?
Tentei argumentar, tentei dizer que não precisava disso tudo, que era extremamente desnecessário machucar as pessoas assim, mas Darkless não ouviu. Meio segundo depois já estava cortando o pulso de Giulia, e dessa vez, diminuiu o tempo de cinco minutos para três.
Quando saíssemos dali, eu com certeza cortaria os pulsos dele.
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A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDO
Vampire"O azul daqueles olhos me dava mais medo do que o preto da mais profunda escuridão." Nada no mundo poderia preparar Lizzie Balmer para a revelação que teve aos dezessete anos: seu pai era um vampiro e depois de sua morte, sua irmã mais velha...