45. Passeio.

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— Você disse que eu não posso sair da Corte… Mas, e com você? 

Perguntei enquanto Darkless se vestia após o banho. Seus longos cabelos molhados estavam numa bagunça sensual, e vê-lo se vestir não me ajudava a parar de pensar em tudo que fizemos nas últimas horas. 

— Você quer sair? Para onde? — O Mestre perguntou ao abotoar a calça, e procurou entre a dezena de camisas negras algo para vestir. 

— Preciso sair para comprar roupas novas. — Dei de ombros. — Queria ter uma ideia mais emocionante.

Ele riu baixo e balançou a cabeça enquanto vestia uma camiseta preta de gola v. Sentada na cama, inclinei a cabeça para o lado tentando entender o motivo de sua graça. 

— O que é tão engraçado? 

— Pensei que queria um passeio, mas você quer um guarda costas para ir ao shopping. — Darkless sorriu enviesado, mostrando os dentes perfeitos ao me olhar com a cabeça inclinada para o lado. 

— Bom, podemos fazer os dois. 

Pisquei os olhos confusa ao acordar em minha cama. Havíamos tido aquela conversa horas atrás, e eu não entendia o motivo para meu subconsciente a repetir durante um sonho. Uma sensação estranha me tomou, um aperto no peito, e eu me levantei num pulo. Havia mesmo combinado de sair com Darkless, e a propósito, eu estava atrasada. Rapidamente entrei no banheiro e tomei um banho rápido, prendendo os cabelos para não molha-los, antes de ir até o closet e enfiar as pernas numa calça jeans branca de cintura alta. 

Meu celular tocou assim que terminei de vestir a blusa cinza de alças finas e ajeitei no pescoço a fina corrente de prata com um rubi na ponta; presente de Darkless. O colar cumpria o mesmo propósito do bracelete, e não caia tão fácil.

AZTRAZ: Estou na garagem.

Respondi a mensagem com um breve “estou chegando” e corri escada abaixo, soltando o cabelo no caminho. Minhas sapatilhas pretas faziam um barulho alto e irritante conforme eu saía de casa e corria pela grama verde dos jardins, mas não me importei. Irritante mesmo fora andar quase um quilômetro para chegar na garagem próxima aos portões, e quando cheguei, já estava esbaforida. 

— Quanta demora. — Darkless provocou e olhei em direção ao som de sua voz para encontrá-lo. 

Niklas estava apoiado numa fucking Ferrari, vestido totalmente de preto como sempre, mas dessa vez, não usava o habitual casaco. A pele branca de seus braços estava a vista, contrastando ainda mais com suas vestes negras. 

— Você tem uma Ferrari? — Perguntei esbabacada, olhando o automóvel com adoração. Darkless riu ao abrir a porta do carona para mim. 

— Não é mais rápido que eu, mas serve. 

Rolei os olhos enquanto ele atravessava para o outro lado e assumia o volante. Quando Darkless girou a chave, acordando o motor, perguntei: 

— Você sabe dirigir isso? 

A risada alta de Darkless ecoou pelo espaço fechado e ele pisou fundo no acelerador, fazendo os pneus cantarem ao sair da garagem. Menos de dez segundos depois o ponteiro já indicava 110km, e passamos voando pelos portões da Corte. 

— Você quer me matar?! — Gritei me segurando no painel, para o divertimento de Darkless, que riu ainda mais. Felizmente, ele diminuiu a velocidade e eu relaxei no banco. — Tive um sonho estranho essa tarde. 

— Que sonho? 

— Sonhei com a nossa conversa no seu quarto, onde a gente combinou de sair. A mesma coisa, algumas horas depois. Uma repetição exata. 

— Eu… 

Darkless parou de falar, segurando o volante com força quando o carro começou a patinar na pista, deslizando de um lado para o outro. 

— Lizzie, pare. — Ele ordenou com o rosto tenso. 

— Parar com o quê?! — Minha voz subiu uma oitava. 

— Estou sentindo energia emanar de você, você está desestabilizando o carro! 

Gritei quando o carro girou na pista e bati a cabeça contra a janela. Tontura me inundou, mas continuei a gritar. Os pneus cantaram quando o Mestre por fim conseguiu parar o veículo. Fechei os olhos, o coração batendo tão forte no peito que chegava a doer. Um soluço escapou de minha garganta tamanho o susto que aquilo tinha sido. 

— Porra! — Aztraz gritou. Gemi ao sentir a cabeça doer exatamente onde a bati com força contra o vidro. Um segundo depois as mãos de Darkless estavam sobre meu corpo, tateando minha pele. — Lizzie, abra os olhos! 

Abri os olhos, focando em seu belo rosto e as lágrimas desceram por minhas bochechas. Darkless as limpou rapidamente e me puxou para seus braços, num abraço apertado. 

— Está tudo bem. 

— Eu fiz isso? — Sussurrei contra os cabelos dele. — O que está acontecendo comigo? 

— Não importa. — A voz dele assumiu um tom de seriedade ao dizer aquilo. — Vou cuidar de você. Não importa o que seja. 

Chorei ainda mais ao ouvir suas palavras. 

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Acendi um cigarro.  
Darkless não queria arriscar duas horas na estrada com uma bomba relógio no banco do carona, por isso, estacionou o carro alguns metros a frente, num terreno vazio, e nós nos sentamos no capuz da Ferrari, onde comecei a fumar. Pensei que receberia uma repreensão dele, mas Darkless me surpreendeu ao esticar os dedos pedindo o cigarro. 

— Você fuma? — Perguntei realmente surpresa ao passar o tabaco para ele. Darkless deu de ombros ao pegar o filtro entrer seus dedos e tragar profundamente. 

— Não. — Ele disse soltando fumaça pelos lábios entreabertos. 

Comecei a rir, alto e incontrolavelmente, e Darkless me encarou por um momento antes de rir também. Peguei o cigarro de volta. 

— Como você sabia que eu estava fazendo aquilo com o carro? 

— Senti energia, poder, vindo de você. Forte e incontrolável, e tive de usar o meu próprio poder para estabilizar o carro, ao mesmo tempo que o mantinha na pista. — Darkless suspirou. — Foi forte, muito forte. Nunca tinha visto algo assim. 

Apoiei minha cabeça contra o ombro dele ao expirar fumaça e Darkless passou o braço por minhas costas, me puxando contra ele num abraço ladino. 

— Tenho uma teoria. — Ele disse depois de vários instantes em silêncio e eu o olhei curiosa. — Se para manter seu poder um híbrido precisa matar vampiros, para desperta-los ele também precisa. Talvez o despertar dos poderes não esteja em matar um vampiro, e sim em simplesmente matar. Quando você matou pela primeira vez, desencadeou o que quer que esteja dentro de você. 

Engoli em seco ao lembrar do fadico dia em que matei aquele híbrido. Porra. As vezes eu queria voltar no tempo e não ter feito aquilo, queria voltar no tempo e não ter findado uma vida, encontrado outra forma de proteger Liam. 

— E que poderes você acha que eu tenho? — Perguntei por fim. Novamente, Darkless suspirou. 

— Não sei, Lizzie. Mas vamos descobrir.

A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora