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𝓤m suspiro escapou de meus lábios quando magnificência do salão de baile. Tudo estava decorado com as cores do convite, exceto pelo preto. As paredes revestidas por cortinas laranjas e vermelhas, com correntes de jóias douradas penduradas sobre elas brilhavam como o próprio sol, sol que também estava desenhado em proporções gigantescas no teto, de uma forma lúdica e poética que lembrava os celtas. Ao meu lado, Elysha sorriu, passando seu braço pelo meu quando entramos.
Rapidamente diversas cabeças se viraram para nós, alguns sorriram para Elysha, outros até mesmo a reverenciaram com respeito, mas ninguém me olhou com nada senão desprezo. Sentado numa mesa distante, com amigos que riram assim que me avistaram, Alex me encarou. Havia um sorriso de escárnio em seu rosto, mas seus olhos brilhavam em agonia.
- Porque não vai falar com Alex? - Elysha perguntou assim que nos sentamos numa das mesas redondas, tão grandes que comportariam facilmente doze pessoas. Quase ri.
- Não há mais nada entre mim e Aleksander Pontus. - Falei com mais áspera do que gostaria. Elysha assentiu, arqueando as sobrancelhas loiras, mas não disse mais nada.
- Bom...
- Elysha? - Um belo vampiro cortou sua frase quando parou ao lado dela na mesa, sorrindo de maneira gentil. Vestido com um fraque completo, azul celeste, seus cabelos vermelhos ficavam ainda mais em evidência, assim como sua pele pálida e olhos de avelã. - Você está... Deslumbrante.
Elysha se levantou, abrindo um sorriso que poderia iluminar a Corte num apagão e o vampiro se inclinou para beijar sua mão.
- Querido Benjamin... É tão bom vê-lo.
- Irá me ver sempre, retornei a Corte para ficar. - Benjamin confessou num floreio, sorrindo abertamente. Arqueei as sobrancelhas para a intimidade que pareciam ter. O vampiro direcionou seus olhos para mim. - Essa é sua irmã?
- Sim, essa é Lizzie Relish, minha caçula. - Elysha rapidamente explicou, parecendo só agora lembrar da minha existência. Quando me olhou, suas bochechas estavam coradas. - Lizzie, esse é Benjamin Contriè, meu noivo.
Olhei para os dois de queixo caído. Se eu tivesse um noivo, com toda certeza contaria para minha irmã o mais rápido possível, mas obviamente, Elysha não tinha visto motivo para me contar da novidade. Me coloquei de pé ainda sem entender para cumprimentá-lo e Benjamin beijou minha mão.
- É um prazer lhe conhecer, Lizzie Relish.
- Ahn... Obrigada? - Eu realmente estava confusa. - Vocês estão noivos há quanto tempo?
- Há dois meses. - Elysha explicou. - Nós...
- *O MESTRE DESSA CORTE, NIKLASS DARKLESS. -* A voz do arauto ecoou quando Darkless interrompeu pelo salão. O Mestre usava um fraque preto, bem ajustado. O mais impressionante, era que, Darkless não estava totalmente de preto. O colete tinha correntes douradas, e em sua cabeça, repousava uma singela coroa de ouro e rubis. Rubis idênticos aos do anel e bracelete que eu usava.
Rapidamente todos no salão se colocaram de pé e o reverenciaram, coisa que Elysha, Benjamin e eu tratamos de fazer logo em seguida. O Mestre cuvou a cabeça solenemente, dispensando as adorações e caminhou em direção aos membros do conselho que se sentavam mais afastados. A multidão voltou as suas conversas de antes, me despertando uma nova curiosidade.
- Porque você não está sentada na mesa do Conselho?
Elysha revirou os olhos.
- Nenhuma das mulheres está. - Explicou. - Iremos participar de uma tradição. Ficaremos em frente ao salão e os homens nos tirarão para dançar, uma forma de honrar o sol.
- Eu também?!
Elysha riu baixo, se encostando em Benjamin.
- É claro, você é da realeza. Todas as mulheres da realeza irão participar.
Como se o relógio estivesse esperando apenas a explicação de Elysha, o sino badalou gravemente, indicando o início do Solstício de Verão. Ouvi comemorações e risinhos, e percebi o quanto aquela gente realmente se importava com suas tradições. As mulheres em seus vestidos bufantes começaram a se dirigir para a frente do salão, e Elysha uniu meu braço ao dela.
- Serei rápido, para que nenhum homem tire a mulher mais linda do salão para dançar antes de mim. - Benjamin garantiu a ela, e minha irmã corou adoravelmente. Quase vomitei.
- Não me olhe assim, será divertido! - Elysha cantarolou ao me puxar para a frente do salão. O alto farfalhar dos vertidos se mexendo ao mesmo tempo fez com que minha cabeça doesse.
Tentei manter a expressão neutra conforme ficava de frente para todos aqueles vampiros, mas a cada vez que um deles me olhava com descaso, sentia meu rosto queimar. Nenhum deles me tiraria para dançar. Nem mesmo Alex teria o feito, já que sua encenação toda não incluía estar comigo tão publicamente. Minhas suspeitas se confirmaram quando a música clássica tocada por violinos e flautas começou e os homens se aproximaram, cada um reverenciando uma mulher antes de estender a mão e a levar para o centro do salão. Elas riam, e pareciam felizes ao serem escolhidas. Elysha, ao meu lado, só tinha olhos para Benjamin, que logo caminhou até ela e a reverenciou com adoração ao estender a mão. Minha irmã me lançou um olhar preocupado antes de aceitar e se retirar para o centro do salão.
Olhei ao redor, as mulheres e meninas estavam diminuindo rápido demais. A humilhação seria tão, tão grande... um dos amigos de Alex saiu de sua mesa e começou a se aproximar de mim em passos comedidos, mas havia pura crueldade em suas feições. O que me aconteceria caso negasse dançar com ele? Seria repreendida? Mal vista? Bom, mal vista já estava sendo, me preocupava mesmo em ter um sermão. Respirei fundo, pensando em quais possibilidades teria, quando o vi se aproximar.
Tudo parou.
Os dançarinos pararam de dançar para olhar, o amigo de Aleksander parou de caminhar, as mulheres ao meu redor pararam de conversar. Meu coração parou de bater. Tudo, exceto por Darkless, que continuou a caminhar tranquilamente, ostentando sua expressão de tranquilidade e calma velada, até estagnar em minha frente. O Mestre fez uma reverência graciosa, inclinado seu corpo para mim como todos os seus súditos tinham feito quando ele entrou no salão, e estendeu sua mão em minha direção.
Meu coração bateu tão acelerado que eu tinha certeza de que todos os vampiros ali poderiam ouvir, e eu coloquei minha mão trêmula sobre a dele. Quando minha pele encostou na sua, a onda familiar de eletricidade passou por meu corpo, mas dessa vez, olhando no fundo daqueles olhos azuis como o céu da manhã, tive certeza de que ele também sentiu.
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A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDO
Vampire"O azul daqueles olhos me dava mais medo do que o preto da mais profunda escuridão." Nada no mundo poderia preparar Lizzie Balmer para a revelação que teve aos dezessete anos: seu pai era um vampiro e depois de sua morte, sua irmã mais velha...