Capítulo 14 - Nada Simples Confusão Mental

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Você diz que há tantas coisas que você não sabe
Você precisa ir e encontrar-se
Você diz que prefere ficar sozinho
Porque você acha que não vai encontrar amarrado a outra pessoa

(Grow as We Go, Ben Platt)

Monte Carlo, Mônaco.

Ser Lia Maya Shastri não era a tarefa mais fácil do mundo, dentre todos os trabalhos que estava designada o de babá de pessoas/pilotos ricos com certeza era o pior, por mais que essa pessoa fosse Alice Walsh. Na noite anterior tinha agido tal qual um detetive particular que trabalha naqueles programas de televisão que procuram traições, tudo porque Alice decidiu ser rebelde e desapareceu às vésperas de uma corrida sem dar notícias justamente durante suas poucas horas de folga. Quem via a vida de Lia de fora achava que era só glamour, sempre cercada de pessoas famosas, viajar o mundo trabalhando e era verdade, no entanto, mal parava em seu apartamento e naquele momento estava com uma breve privação de sono por causa do sumiço de Alice o que de fato não era o melhor exemplo de trabalho saudável. Não era o que esperava de um sábado à noite, sentia-se cansada de todas as responsabilidades que vinham com seu trabalho apesar de amar boa parte dele. Quando Alice chegou ao seu quarto com um sorrisinho de lado e uma expressão de culpa, ela já sabia como se seguiriam as coisas.

— Posso saber onde a princesa estava? — Lia perguntou com a expressão fechada em seu rosto. Estava furiosa e eram poucas as vezes em que se sentia assim, na verdade, tinha ficado irritada assim quando o Arsenal perdeu por 6 a 0 do Chelsea em 2014 e desde então sua relação com o time inglês nunca mais foi a mesma.

— Em qualquer lugar que minha mãe não estivesse. — Alice respondeu o óbvio depois de jogar sua bolsa de qualquer jeito na poltrona encostada à janela do quarto. Espaço esse que estava um verdadeiro caos, com roupas e sapatos espalhados.

— E por que desligou o celular e deixou seu carro no restaurante? — Lia gesticulou exageradamente enquanto andava de um lado para o outro a fim de se acalmar.

— Por que esse é o objetivo de sumir, Lia. — Alice já estava em um melhor humor com respostas rápidas e irônicas, mas Lia não estava pronta pra isso. Não ainda.

— Olha Alice —, Lia respirou fundo antes de continuar. — eu não posso lidar com suas birras de pobre menina rica, não quando envolve um sumiço que tenho que esconder da equipe, quando tenho sua mãe, pai e irmão buzinando no meu ouvido na merda do meu horário de descanso.

Alice se sentiu culpada quase que instantaneamente, ela não costumava ser irresponsável, mas também não tinha sumido por tanto tempo, foi o que? 30 minutos? Sabia que sua mãe deveria ter aumentado a história de maneira homérica estressando absolutamente todos a sua volta, inclusive sua amiga de tanto tempo.

— Desculpa, Lia, eu não esperava que fosse ter que lidar com a minha mãe e com o Noah no mesmo jantar, eu—

— Você poderia agir como uma adulta e não uma criança assustada que foge na primeira oportunidade. — Disparou Lia interrompendo Alice no meio da frase.

Lia estava cansada, os dias não estavam tão calmos. Liana Walsh tinha enlouquecido sua cabeça questionando seu profissionalismo, e para melhorar seu humor tinha passado pelo menos vinte minutos com funcionários do restaurante tentando refazer os passos de Alice, e pior do que isso, teve que fazer um controle de danos para que ninguém soubesse o que tinha acontecido. Muito menos a sua chefe, que se descobrisse a demitiria sem muito peso na consciência.

— Você não está sendo muito justa comigo, Lia. — Alice franziu o cenho e mordeu os lábios.

Lia deveria ter seguido o conselho de sua avó que dizia que tudo nessa vida pode ser falado, mas dependia do tom e das palavras usadas. Ela tinha exagerado, não que não tivesse razão, mas tinha exagerado. Alice não costumava causar muitos problemas para ela ou a equipe de marketing, na verdade eram mais amigas mais do que Amélia Campos gostava, pois fazia questão de questionar Lia sobre ética profissional ao ser tão conectada aos pilotos, vez ou outra até a própria assesora se questionava sobre isso se sentindo culpada em situações como aquela em que tinha que se impor enquanto profissional.

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