Capítulo 37 - Com Você É Simples

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E você está sentada aí

E eu falando besteira

Tentando te convencer que um beijo não vale nada

E não é mentira, é apenas parte da rotina

Deste jogo que sempre acaba

Na confusão entre uma boa conversa

E uma promessa que se esconde e se disfarça de

Ilusão.

(Limón y Sal - Simon Grossmann)

Orlando, Estados Unidos.

 Charles e Alice estavam acostumados com a impessoalidade de quartos de hotel, já estavam habituados a viajar o mundo todo a trabalho, afinal. Porém, era impressionante para Charles a maneira como a inglesa conseguia transformar qualquer lugar em casa, o quarto tinha o cheiro de Alice, a bagunça dela e principalmente a presença da garota que estava abraçada entre seus braços, tudo aquilo era parecido demais com casa para se ignorar. Desde que tinham desligado seus telefones o "incidente" não tinha sido mencionado mais. Ao invés disso programaram um dia cheio de nadas, talvez assistir um filme, comer aquilo que a dieta proibia, mas principalmente ficarem juntos, esse último tinha sido um trato silencioso, é claro.

— Eu gosto demais dessas sardas no seu nariz. — Charles murmurou passando os dedos devagar pelo rosto da inglesa.

Alice ficou envergonhada sentindo suas bochechas ameaçarem ficar coradas com o toque ou talvez com o elogio. Era ridículo demais como ultimamente ela ficava mole cada vez que ele estava perto demais, seu corpo não obedecia seus comandos de parecer uma mulher controlada e equilibrada quando estava perto do monegasco. Chegava a ser perigoso as coisas que pensava quando estava perto do garoto de olhos verdes que piscava vezes demais em sua direção para que pudesse se conter, mas sentir suas mãos caminharem pelo seu corpo gentilmente era tudo o que poderia pedir em especial quando estava de costas para ele e deitada entre suas pernas recebendo um cafuné.

— Eu sempre escondo elas com maquiagem. — Respondeu com um sorrisinho no canto do lábio. — Elas me fazem parecer mais nova do que eu sou.

— Agora você está sem maquiagem? — Charles perguntou meio sorrateiro.

— Sim.

— Uau! Você é bonita mesmo. — Disse de forma exagerada fazendo Alice rir de verdade naquele dia.

Charles a fazia rir, era um de seus poderes. Alice se ajeitou melhor no abraço que estava quase desajeitado de um jeito bom. Alguns meses atrás a inglesa daria uma gargalhada escandalosa se alguém dissesse que ela e Charles teriam toda essa química e intimidade já que só trocavam olhares quando se cruzavam.

— Sabe o que lembrei? — Charles começou e Alice levantou uma sobrancelha o incentivando a continuar — No seu primeiro ano de fórmula 1 quando estávamos todos jantando em um restaurante mega requintado em Spa e você simplesmente desandou a falar sobre astrologia como se eu entendesse alguma coisa.

Aquela tinha sido a primeira vez que Alice tinha arriscado de fato se enturmar com pessoas influentes na categoria. Passou o final de semana inteiro se esforçando para impressionar homens mais velhos que tinham preenchido toda a cartela do bingo dos privilégios, tentou ser mais feminina, menos feminina, falar palavras difíceis e até parecer burra só para que eles pudessem ensinar coisas que ela já sabia. Só não foi tão difícil lidar com seus colegas de categoria, apesar das vezes que olhavam com olhar de pena como se ela fosse mais frágil do que todo mundo. Então lá pela metade do jantar enquanto os veteranos conversavam com os novatos e chefes de equipe, Alice sentiu Charles ficar ansioso ao seu lado, o monegasco também parecia tenso e deslocado, então a inglesa arriscou, começou falar sobre astrologia como se fosse o assunto mais interessante do mundo em um monólogo longo sobre o signo de libra - o signo dele.

Only Us | Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora