Only Us | Charles Leclerc

Capítulo 13 - Te Deixo Se Perder Por Aí

Querida, você pode dirigir o meu carro
Sim, eu vou ser uma estrela
Querida, você pode dirigir o meu carro
E talvez eu gostarei de você
(Drive My Car, The Beatles)

Monte Carlo, Mônaco.

Alice se sentia viva atrás do volante da Ferrari de Charles. Quando o rapaz ofereceu as chaves do seu carro para ela, Alice pensou duas vezes antes de aceitar, apesar de aquela ser sua profissão, não estava acostumada a dirigir Ferraris, mas sua irritação estava longe de ser acalmada de qualquer jeito então aceitou a primeira coisa que pudesse acalmar seus nervos. Sua mãe tinha passado de todos os limites, Noah tinha passado dos limites e não seria um simples pedido de desculpas — que ela já imaginava que aconteceria — que resolveria as coisas. Assim que saiu do restaurante desligou o celular, não queria receber ligações de ninguém, pois sabia de cor o roteiro que se seguiria: seu pai e irmão apaziguariam as tensões entre ela e a mãe, e Liana com a cara de sonsa não entenderia o que tinha feito de errado. Só que dessa vez Alice de fato achava que estava exagerando, talvez por isso estivesse tão irritada.

— Você acha que sou uma pessoa egoísta por preferir minha carreira a um relacionamento? — Alice perguntou depois de algum tempo em silêncio.

Quando entraram no carro Charles não se atreveu nem a ligar o rádio, sentia que Alice uma hora ou outra começaria a falar, ultimamente as coisas aconteciam assim entre eles. Geralmente em um lugar fechado sem muita chance de fugir disparavam segredos íntimos demais como se fossem confidentes.

— Quem te disse isso? Não faz o menor sentido — Charles se virou para encarar a inglesa que estava focada nas ruas à sua frente.

Ela estava linda concentrada daquele jeito sob as luzes dos postes que adentravam suavemente pelo carro, contudo Alice apertava o volante com certa violência como se quisesse controlar alguma coisa.

— Noah me disse que eu nunca ia ser boa o suficiente para alguém tendo o trabalho que tenho. — Deu de ombros enquanto parava em um sinal vermelho e virando-se para ele. — Talvez eu só devesse aceitar e tornar minha vida mais fácil.

Charles analisou cuidadosamente a expressão de Alice e então falou.

— Se você fosse egoísta não teria se preocupado comigo quando me viu triste pela Geórgia sem nem ao menos sermos amigos, você me fez desabafar sobre meu relacionamento, o que estranhamente fez eu me sentir melhor.

— Eu posso ter feito isso pela fofoca, Charles. — Sorriu de lado.

— Então devolve as chaves do meu carro, Alice. Pensei que agora fossemos amigos — Moldou um sorriso divertido no rosto.

— Ei, eu estou triste. — Resmungou — Bem triste, sabe? Acabei de sair de um jantar horroroso com a minha família e meu ex namorado. Eu mereço dirigir uma Ferrari. — Concluiu franzindo o cenho.

Charles deu uma risada sonora com a fala de Alice que parecia mais ela naquele momento. Ficou com vontade de perguntar mais sobre o jantar e do porquê ela parecer tão entediada boa parte dele, ou das vezes em que estava visivelmente animada em comentar algum assunto que até ajeitava o longo cabelo atrás da orelha se direcionando para o irmão e a mulher que estava ao lado dele. Porém seria estranho demais até para ele confessar que reparou bastante nas interações da inglesa naquele sábado. Se censurou por ter reparado demais em Alice e voltou seu olhar para as ruas agitadas de Mônaco.

— Eu entendo porque você ama esse lugar, é um verdadeiro paraíso. — Constatou Walsh ao reparar o quão viva a cidade era. Talvez pelo final de semana de corrida, mas mesmo assim a cidade emanava alegria por todos os lados, as pessoas pareciam mais felizes, o tempo parecia correr devagar. Era diferente da sua Londres, sempre tão cinza e pouco acolhedora.