GÊMEOS

Capítulo 18

Yvi

- Vivis sou eu, Laila, acorde por favor, não suporto te ver assim.

Bip.. bip..bip...

- PA 12 x 8, 36,5 graus, Oxigenação 98. Frequência cardíaca normal.

- Yvi, você não combina com essa cama, reaja!

- Minha filha, queria trocar de lugar contigo, me dói na alma toda essa merda. Acorde, precisamos de você.

- Essa nasceu de novo. Visitou o outro plano duas vezes no mesmo dia.

- Ei, saia do mundo dos mortos logo.

- Você é a mulher mais forte que eu conheço, faça o favor de lutar contra a luz branca.

- Acorde Yvi, volte para nós volte para mim.

Faço um esforço e tento abrir os olhos, mas, a luzes fortes me forçam a fechá-los com força. Estou cansada só quero dormir.

Escuto vozes, femininas, masculinas, de máquinas. Uma grande confusão na minha mente.

Tento novamente abrir os olhos, sinto um dor na cabeça, mas, me forço a deixá-los abertos. Estou num quarto, branco, diversos fios conectados a mim. Sei que estou em um hospital, mas por que?

De repente a porta de abre, uma mulher vestida toda de branco entra, ela abre um sorriso sem mostrar os dentes.

- Bom dia, que bom que acordou como e sente? - Pergunta amavelmente enquanto me examina.

Por que ela está falando em inglês comigo? Onde estou ?

A encaro sem responder.

- Fique calma, o Dr. Já vem te ver ok? - Ela toca em meu ombro me deixando sozinha no quarto. Meio minuto depois um homem alto entra, creio que deva ser o médico.

- Bom dia, tudo bem por aqui? Sente alguma dor ou desconforto? - Ele pergunta em inglês também, me forço a responder.

- Estou com um pouco de dor mas, no geral bem. Pode me contar o que houve e onde estou? - Pergunto confusa e começando a ficar com medo.

- Fique calma, você está em um hospital me chamo Dr. Wilson. Irei fazer umas perguntas, consegue me entender? - Balanço a cabeça positivamente.

- Pode me dizer que em ano estamos ? - Ele me encara com um semblante gentil.

- Sim, claro 2016. - Falo tranquilamente. - Percebo seu semblante mudar.

- Certo. - Ele faz uma anotação. Pode me dizer quantos dedos você enxerga? - Ele aproxima sua mão pairando ela bem na frente de meu rosto, mostrando 3 dedos.

- Sim, vejo 3 dedos. - Ele sorri e continua anotando.

- Como se chama? - Ele pergunta na sequência.

- Yvini - Digo em tom baixo.

- Ótimo. - Ele sorri amigavelmente. - Irei deixar você descansar. Logo nos falaremos. - E sai pela porta.

Repouso minha cabeça no travesseiro e suspiro alto. Sinto dentro de mim que algo está errado.

Estou de olhos fechados quando escuto vozes se aproximando, logo a porta é aberta e vejo Laila apressada chegando até mim.

- Meu Deus que alivio, Graças a Deus você está bem amiga. - Ela me abraça e beija minha têmpora.

- Laila, que bom ver um rosto conhecido, onde estou o que houve, por que estou aqui? - Pergunto tudo de uma vez.

- Calma, você está bem fora de perigo e. - Ela não consegue terminar a frase, pois somos interrompidas. Vejo um homem alto, muito musculoso entrando no quarto. Ele me olha com intensidade, demoro a reconhece-lo.

- Ricardo? - Vejo seu olhar se iluminar. - Onde está o Rafael, por que você está aqui? - Na hora ele muda sua expressão, vejo tristeza e dor neles.

- Alguém pode me explicar como eu vim parar aqui, eu exijo explicações imediatamente. - Tento tirar a sonda de meu nariz e arrancar todos os fios ligados a mim. - Sou impedida por ambos. Instantes depois duas enfermeiras entram correndo e logo sinto meu corpo relaxar e novamente tudo fica calmo e escuro.

Abro os olhos lentamente e vejo que o mesmo não tem aquela claridade irritante. As luzes principais estão apagadas. A única luz vem do banheiro que está com a porta aberta. Ergo meu corpo até ficar sentada. Percebo que não estou só. Ricardo está sentado em uma poltrona ao lado da cama. Ele está com as pernas esticadas e braços cruzados evidenciando seus músculos. Percebo que sua barba está por fazer e seu rosto está abatido. Mesmo assim, não tem como negar, ele é um homem muito bonito. Sinto algo estranho olhando para ele, por isso desvio o olhar e tendo me levantar. Devo ter feito barulho pois, vejo ele abrir os olhos assustado e ficar em pé rapidamente.

- Você está bem ?- Ele segura meu rosto com ambas mãos me encarando.

- Sim, preciso ir ao banheiro. - Digo desviando o olhar.

- Está com sonda. Ele aponta para um longo tubo transparente que acaba em uma bolsa que contém um líquido amarelo.

- Mas, estou bem, será que não posso ir ao banheiro normalmente? - Rebato envergonhada com essa situação.

- Espera um momento. - Com duas passadas ele já está fora do quarto. Não estou entendendo as atitudes do Ricardo, já notei olhares em minha direção nas poucas vezes que nos vimos, mas a forma que está me tratando está passando dos limites. Rafael não vai gostar nada disso. Alguns minutos se passaram até que Ricardo volta com a enfermeira simpática que cuidou de mim assim que acordei.

- Olá, vejo que está mais disposta, vamos então tirar essa sonda chata né? O Sr. Pode nos dar licença um momento? - Ela se vira para Ricardo que muito relutante sai. - Minutos depois a sonda incomoda é retirada e estou liberada para usar o banheiro por vias normais. Ela me acompanha e me aguarda na porta do banheiro. Estou com um braço engessado, mas mesmo assim fiz questão de ir sozinha. Com dificuldade me limpo e quando sigo para pia para lavar uma das mãos levanto o rosto e um grito de susto sai de minha garganta. A porta é escancarada e Ricardo passa pela enfermeira quase atropelando a coitada e me abraça forte.

- O que foi Yvi por que gritou desse jeito? - Seus olhos castanhos fixam nos meus buscando uma resposta.

- Olha meu estado Ricardo, meu olho está roxo, meu rosto cheio de hematomas e o meu cabelo? Porque está curto desse jeito e dessa cor? Essa não sou eu, ninguém me explica nada, por que não estou no Brasil, por que me bateram, cadê o Rafael? - Grito tentando me livrar de seu abraço socando seu peito. 

Ele segura minhas mãos, me encara com olhar pesaroso, mas não sai nenhum som de sua garganta. 

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