Capítulo 22

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Marcelo

Uma senhora chora copiosamente, estamos em uma rua de pouco movimento na zona Sul de São Paulo, a frente um corpo, três tiros findaram sua vida.

- Sinto muito por sua perda, mas preciso fazer algumas perguntas. – Dirijo a fala para a senhora, mãe da vítima – Essa é parte da investigação que eu não gosto. Conversar com os parentes. Meu celular toca interrompendo meu pensamento. Peço licença e me afasto. Vejo no visor o número do Garcia. Sinto um frio na espinha e uma sensação ruim se apodera do meu corpo.

- Garcia? – Minha voz soa estranho.

- Como vai Marcelo. – Sua voz está extremamente calma.

- Aconteceu alguma coisa com a Yvi. – Pergunto sem rodeios.

- Aconteceu, preciso de você aqui. – Ele é direto.

- Ela está bem? – Pergunto nervoso.

- Teoricamente sim, não posso detalhar por aqui. Vou te enviar as passagens e o endereço. Aqui saberá. – Finaliza encerrando a ligação.

Não tenho mais cabeça de continuar aqui ligo para meu chefe e explico que tenho uma emergência e preciso me ausentar. Corro para a casa para fazer as malas. Já estacionando na garagem meu telefone toca novamente, agora era Simone. Fico em dúvida se atenderia ou não por fim, atendo.

- Oi. – Sou seco.

- Oi amor, estava pensando em irmos ao cinema hoje vai trabalhar até que horas? – Ela pergunta animada.

- Desculpa, estou saindo em viagem. – Digo já abrindo a porta do apartamento.

- Nossa assim do nada? – Sua voz é impaciente, mas sinto seu tom de raiva.

- Yvi está com problemas. – Me limito a dizer.

- De novo essa mulher Marcelo, não é possível! – Ela grita do outro lado.

- Na volta conversamos. – Digo apressado jogando umas roupas na mala.

- Não, conversamos agora! - Ela exige e começa a falar sem parar. – Sento a cama e minha mente não processa o que ela fala.

Eu e a Simone temos um histórico conturbado, nossas brigas sempre são pelos ciúmes dela com a Yvi. Sei que sou culpado muitas das vezes. Gostava da companhia dela, o sexo era bom mas, sabia que esse relacionamento não iria para frente.

- Confessa caralho, você ainda é apaixonado por ela. Ela estala os dedos e você corre. – Ela grita do outro lado da linha.

- Simone, se acalme você está descontrolada. Eu não estou com você, não estamos juntos, que mais você quer? – Começo a perder a paciência.

- O que mais eu quero? Eu quero você por inteiro, não pela metade. Eu mereço mais. Uma relação são compostas duas pessoas e elas devem estar em sintonia. – Ela soluça.

- Sinto muito Simone, realmente você merece mais, não irei te prender, não posso prometer nada melhor não nos vermos mais. – Digo por fim.

Um clique a ligação se encerra. Ela desliga na minha cara. Respiro fundo, não queria que terminássemos assim. Me sinto mal, quando voltar irei procurá-la para conversar decentemente.

Dentro do avião não paro de pensar na Yvi. Não adianta tentar me enganar eu a amo. Me recordo da primeira vez a vi. Linda, alta, corpo escultural. Mas, o que me encantou não foi seus dotes físicos e sim sua garra, inteligência e obstinação. Por meses a vi desesperada por pistas para saber quem matou seu noivo. A ver sofrer me angustiava e por isso conversei com Garcia e pedi que ele a ajudasse.

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