Capítulo 20

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Yvi

O sol invade graciosamente o quarto. A claridade me força abrir os olhos. Vejo que não estou mais no hospital. Estou em um quarto muito bonito,em tons creme que trás calma.

A cama está no centro, a direta um sofá muito convidativo na cor creme, de frente uma tv que agora está desligada mas,toma boa parte da parede. Do lado esquerdo uma mesa com tampo de vidro e duas cadeiras do mesmo tecido e cor do sofá. Uma cortina branca vai do teto ao chão e balança graciosamente com o vento por estar parcialmente aberta. Me levanto com um pouco de dificuldade. Sigo em frente a um corredor e vejo que trata- se de um closet virando a direita um banheiro muito elegante de mármore branco com toques de cor de ouro. Me encaro no espelho dessa vez sem gritar. Mesmo que essa seja minha vontade. Admiro meu rosto,meu corpo. Não me reconheço nele. Estou muito diferente. Preciso urgente entender o que está acontecendo. Devo estar em hotel de luxo. Rafael deve ter me trazido pra cá.

Escuto passos no quarto deve ser ele. Caminho lentamente mas, é Laila que me espera.

- Oi flor do dia, como se sente hoje? - Laila entra me abraçando devagar.

- Um pouco melhor obrigada. Precisamos conversar. - Percebo sua postura mudar, seus olhos lacrimejam.

- Você ainda não tomou seu café não é, vou buscar - Ela se apressa caminhando em direção a porta.

- Laila, não fuja, por favor, estou confusa, assustada, só você pode me ajudar. - Suplico a detendo. - Ela suspira derrotada, puxa minha mão me sentando no sofá, em seguida as aperta forte e começa a falar.

Não, não, não, estou em um pesadelo. Isso não pode estar acontecendo. Por que? Rafael morto?

Lágrimas grossas descem pelo meu rosto, Laila me abraça forte me consolando. Ela segura meu rosto com ambas mãos.

- Yvi, saiba que não está sozinha, você tem a todos nós, mesmo não se recordando agora essa é a sua família, nossa família. - Ela me entrega um copo com água. Minhas mãos tremem.

- Ricardo está aqui pelo mesmo motivo que eu? - Pergunto após uma longa pausa.

- Vou deixar para vocês conversarem. A história de vocês não é tão simples e na minha opinião não devem conversar agora. Hoje já soube de muitas informações. Por que, não toma um banho e deita eu te ajudo com o gesso. - Aceito com um aceno na cabeça.

Minutos depois estou com uma roupa limpa, cabelo lavado e seco. Pedi para ficar sozinha.

Estou sentada em uma varanda, a brisa sopra meus cabelos, se fosse em outro momento estaria adorando o clima quente, pois sou apaixonada pelo calor. Mas, meu estado de espirito combina mais com um dia nublado, frio e chuvoso.

Tento assimilar a conversa que tive horas atrás com Laila. Pedi para ela não me poupar e contar tudo eu tinha esse direito. Saber da morte do Rafael, sem sombra de dúvidas, foi a parte mais dolorosa. E saber que depois de tanto tempo os responsáveis não foram punidos deixou um gosto amargo em minha boca. Mas, ao perguntar como fui parar em outro país, como foi que conhecemos o tal Garcia e os outros homens ela não me contou. Parou na parte em que eu havia me formado e entrado para a Policia Civil no Brasil.

Solto uma risada sem humor, minha vida parece uma novela, saberei os desfechos por capítulos e isso me deixa muito desconfortável.

Uma batida na porta me tira dos meus devaneios. Um homem alto, moreno com os cabelos grisalhos nas têmporas pede licença para entrar. Seus olhos são dóceis, não sinto medo em estar com ele no mesmo espaço sozinha.

- Está tudo bem minha filha, sente alguma dor. - Vejo uma preocupação genuína.

- Só um pouco nas costas. Desculpe você é? - Fico sem graça ao questioná-lo era óbvio que éramos muito próximos.

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