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Dois anos depois

Natasha

Hoje, depois de anos, Léo vai ser julgado novamente, o homem tá num nervoso danado. Mandou até recado pelo advogado que só quer as meninas e eu na audiência, não quer ver os pais dele decepcionados se a sentença final não for positiva.

Karen e Uiara bateram no meu portão cedinho, já tava até arrumada, então só peguei minhas coisas, me despedi da minha cunhada e saí.

Uiara - Tá tranquila ? _ passou a mão no meu ombro.

Natasha - Nem dormi essa noite gente, tô nervosa a beça, nunca entrei num tribunal na minha vida! _ desabafei.

Karen - Tu deve ? _ neguei _ Então não teme, simples!

Uiara - Decisão tá nas mãos do juiz Tasha, mas acima dele tem Deus e a decisão vai vir Dele!

Natasha - Amém! _ me benzi _ Espero vir com ele pra casa hoje...

Karen - Vai sim, aquele viado vai me pagar uma caixa de russinha e ainda vai beber comigo, tu vai ver! _ falou serinha e a gente riu.

Queria ter essa segurança da Karen, tudo pra ela parece nada, mona encara tudo de frente e sempre se mostra ser maior do que o que ela enfrenta, desde que tô firme com o Leandro que vejo isso nela.

Chegamos no tribunal bem antes da audiência, ainda conseguimos ver o Léo passar escoltado.

Logo fomos chamadas pra entrar, a sala começou a encher e logo meu marido sentou no banco dos réus, Keka segurou em uma mão minha e Airinha na outra, pude a ver a boca das duas se movendo em sinal de oração e tratei de fazer o mesmo.

Oramos o tempo todinho, um medo sabe ? Uma angústia, não desejo pra ninguém essa sensação.

Juiz - Em virtude dos cinco anos de cumprimento de pena e do réu não apresentar um alto nível de periculosidade para a sociedade, eu declaro a absolvição do senhor Leandro Baptista e o arquivamento desse caso permanentemente, caso encerrado! _ bateu o martelo.

Eu nem acreditei quando ouvi, nós três nos abraçamos e pude ver que elas também choravam, mas esse era um choro de alegria.

Com essa nova lei do TJF o preso que é absolvido pode sair no mesmo dia em que o juiz decreta a absolvição, antes ele voltava pro presídio e esperava três dias pelo alvará de soltura, uma burocracia danada por um negócio que já foi decido.

Só gratidão a Deus sabia ? Só Ele sabe o quanto eu chorei nesses últimos tempos, só Ele viu o meu clamor todo dia antes de dormir.

Léo teve que assinar uma papelada e só vimos ele depois de um tempinho. Meu amor veio de braços abertos e eu abracei ele enquanto chorava.

Leandro - Chora mais não nega, tô aqui contigo! _ me apertou e bejou meus cabelos _ Vivão e livre!

Karen - Bora Léo, vai pagar a minha caixa de russinha seu viado! _ brincou.

Achei que Léo fosse rir, mas ele abraçou a Karen e pela primeira vez vi ela chorar, ele puxou a Uiara também e ali eu pude ver uma relação de irmãos sabe ? Uma ligação única.

Leandro - Bora pra favela, tô doidinho pra tomar um banho de chuveiro, ver minha filha, meus coroas!? _ passou o braço pelo meu ombro, me puxando pra perto e a gente assentiu.

Chegamos na favela, ele parou lá em casa pra tomar banho, vestiu a roupa que eu já tinha comprado e só aí nós fomos pra casa dos pais dele.

Léo não esperava que a gente fosse fazer surpresa, se emocionou, abraçou a filha e não quis mais soltar de jeito nenhum, amo o jeito dele com ela.

Sempre quis ver ele assim, LIVRE!

Já bebeu, toda hora me beija e fala que me ama, abraça os pais, pro Léo tudo tá sendo uma festa, ele tá feito uma criança em dia de parquinho.

E sinceramente ? Quero meu marido assim pra sempre, mostrando a verdadeira essência independente do que ela já passou na vida.

Daqui pra frente é uma nova história, uma nova vida, assim eu espero!

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28/08/2021

Ruínas - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora