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Leandro

Sigo na minha luta diária, todo dia chega alguém novo. Um vai falando pro outro e é nessa que eu tô criando freguês.

Já peguei o ritmo da vassoura, deixo nem o cabelo esparramar porque se não minha mãe fala pra caralho no meu ouvido.

Ela reclama, mas pensa que eu não vejo os olhinhos dela brilhando em ver que tô seguindo um caminho honesto.

Meu pai já tá até sonhando, quer subir um andar aqui em casa pra montar um espaço pra mim.

Desde sempre é assim, se eu focar num negócio eles viajam juntinho comigo. Quando era menor queria jogar futebol, meu pai juntou o dele suado e comprou uma chuteira :

"Comprei pra tu jogar moleque, vai lá e faz um gol pro teu pai!"

Tão fazendo o mesmo com a minha cria. Esther acha que meu pai e minha mãe tem a mesma idade que a dela, anda atrás dos dois o tempo todo, dorme no meio deles, tudo é eles, tem hora que eu fico com ciúme até.

Hoje tá lá pra casa da vó materna, Keka tá de folga e veio pegar ela. Karen me perguntou se tinha problema dela levar minha filha pra casa da Natasha e eu falei que não.

Não me importo dela conviver com a Esther, ia ser muito filho da puta se proibisse ela de ver a garota.

Tava aqui arrumando as coisas distraído, nem vi quando ela abriu o portão. Menor já tá grandão, a cara do meu parceiro.

Tainá - Fala com o teu tio! _ falou e o garotinho veio pro meu lado.

Leandro - E aí menor ? Tudo tranquilo ?

Juninho - Tudo tio! _ fez toque comigo.

Leandro - Senta aí, vou dá um trato em tu! _ botei ele sentado na cadeira.

Cortar cabelo de criança é ossada, ainda mais quando tu não tem aquelas cadeiras e nem nada, mas por esse menino eu faço tudo, dou a vida e nem assim vai ser o suficiente.

Leandro - Como é que tá ? _ perguntei e vi os olhos dela marejarem.

Tainá - Tô aprendendo a conviver sabe ? Fábio se foi, mas deixou a réplica dele aí, cuspido e escarrado ao pai dele! _ se referiu ao filho.

Leandro - É mesmo ? Tá com três anos ele né !? _ ela assentiu.

Tainá - E tu ? Tá bem ?

Leandro - Saí quase agora né !? Vai fazer dois meses semana que vem, tô me acostumando ainda.

Tainá - As vezes eu fico pensando em como seria a nossa vida se ele tivesse resistido aquele dia...

Leandro - A gente ia tá gastando a onda, ele ia fazer a maior festa! _ falei emocionado _ Juninho herdou muita mania do Fábio ? _ mudei o assunto.

Tainá - Aquela mania de fechar a cara quando não gosta da pessoa, a vaidade, tudo! _ falou e eu ri.

Terminei de cortar o cabelo dele, menor ficou em pé na cadeira e eu vim com o espelho. Até o jeito de ficar se admirando depois do corte é igual ao do meu parceiro, ele era assim mesmo.

Leandro - Gostou ?

Juninho - Ficou "namolal"!

Leandro - Já que tu foi bonzinho, toma pra tu! _ dei um pirulito a ele.

Juninho - Valeu tio. _ foi pra perto da mãe dele.

Tainá - Não some não Léo, meu marido ia gostar de ver você perto do Júnior!

Leandro - Vou sumir não, vou marcar juntinho desse moleque! _ mexi com o Juninho e ele riu.

A gente conversou mais um pouco e depois eles meteram o pé. Guardei as coisas, tomei um banho e vim buscar a Esther.

Natasha que veio trazer ela no portão, tava na onda já.

Natasha - Fiquei sabendo que tu abriu uma barbearia lá na tua casa, que Deus abençoe você! _ falou sincera.

Leandro - Amém!

Peguei minha filha e vim embora, ela nem demorou muito pra dormir, deve ter pulado igual pipoca o dia todo. Tava cansadão também, dormi que nem senti..

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05/09/2021

Ruínas - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora