Meraki | ROMANCE GAY (M-PREG)

06

Foram necessários alguns minutos para ele realmente dormisse, seu corpo e mente estavam cansados dos últimos acontecimentos em sua curta e dramática história. Porém, Kyle estava agradecido por finalmente dormir em uma cama quente ao invés de um amontoado de peles espalhados no chão de uma tenda no meio de alguma floresta úmida e assustadora.

Assim como as outras noites em que estiveram dormindo juntos, ele podia sentir o calor e podia ouvir a respiração profunda do outro homem. Ragnar tinha dito que não o machucaria, mas Kyle ainda tinha em sua mente uma impressão de que desejo e uma força bruta e exigente faziam parte dos atributos dele.

Quando acordou horas depois descobriu que já era noite e que o cômodo estava vazio e restavam apenas cinzas na lareira de pedra, o jovem levantou e se arrependeu imediatamente quando o frio se espalhou pelos seus membros. O castelo era inteiramente construído de pedras antigas e gastas, havia muitas brechas nas paredes e no teto da torre para conservar o calor da lareira. Com um olhar, percebeu que tudo o que tinha para vestir eram roupas roubadas e não estava entusiasmado em vesti-las novamente.

Ele tinha notado que em sua chegada a presença dos baús em uma das extremidades do cômodo, então decidiu explorar o conteúdo até encontrar roupas. As peças eram em sua maioria feitas de couro e tecidos escuros e encardidos, estofadas com pele e lã, mas era quente o suficiente para afastar o frio que consumiam os seus ossos. E exatamente como cogitou - as roupas pertenciam a Ragnar e ficavam superdimensionadas no corpo magro e pequeno de Kyle -, mas serviam ao seu propósito de mantê-lo vestido e quente.

Ao terminar de se vestir, ele caminhou até a porta e a abriu, lançando um olhar curioso para o corredor escuro e os lances de escadas que zumbiam com o vento da noite. Ele voltou para o quarto após ter certeza de que a porta estivesse fechada, lembrando do lugar onde se encontrava. Pois sem Ragnar ao seu lado, Kyle poderia ser apanhado pelo seu irmão maligno ou pela madrasta aparentemente malvada e ser simplesmente aniquilado sem que ninguém suspeitasse do seu desaparecimento.

O jovem nobre passou muito tempo na escuridão do quarto, sentindo o estômago reclamar por estar vazio há muito tempo. Pareceram horas depois quando se ouviu uma conversa no corredor, e quando as pessoas do outro lado da parede se aproximaram o suficiente da porta o ruído cessou e a porta foi aberta. Ragnar entrou no quarto escuro e Kyle fingiu estar dormindo enquanto o observava, o seu marido colocou dois recipientes sob as pedras da lareira e se inclinou para mover novas toras de madeira que tinha encontrado em algum lugar para alimentar o fogo novamente.

Uma luz amarela iluminou o cômodo e o homem tinha se erguido em toda a sua altura, caminhando até a cama para acordar o jovem marido.

— Eu sei que você está acordado. — Murmurou ao sentar ao lado da cama, Kyle abriu os olhos e permaneceu observando enquanto Ragnar ofereceu um prato com comida. — Imagino que esteja com fome. Você perdeu duas refeições enquanto dormia.

Kyle assentiu e sentou na cama, aceitando o prato e avaliando rapidamente o conteúdo com a aparência de um mingau consistente e descorado. — O que é isso?

— É exatamente o que se parece. — Ragnar respondeu monótono, se erguendo novamente para trazer um pão e um punhado de frutas secas em outro recipiente. — Coma.

Mingau, pão e frutas secas não pareciam uma mistura apetitosa para o requintado paladar de Kyle, mas todos os alimentos se provaram deliciosos diante de sua fome. Exatamente como tinham acontecido todas as outras refeições que tinha feito longe de casa. E quando terminou, colocou o prato sob a lareira enquanto era observado pelo marido, que estava se desfazendo de suas botas do outro lado da cama.

— O que você fez durante todo o dia? — Kyle perguntou tentando distrair para evitar que Ragnar retirasse todas as roupas, desde que o quarto estava quente. — Não ouvi você sair.