Quando Kyle percebeu que tinha acordado, também lembrou que não estava mais no chão frio e sujo, mas que estava em um colchão estranhamente macio e quente, pois o fogo da pequena lareira esquentava a cabana, quase a tornando confortável.
Ao olhar pelo lugar, o jovem notou que estava completamente sozinho, só então se permitiu lembrar-se dos acontecimentos muito recentes da noite anterior. Kyle estava realmente cansado, mas por outro lado admitia que estava satisfeito com o que tinha acontecido, Ragnar tinha sido muito gentil, atencioso e cuidadoso.
Ele também lembrava da conversa que tiveram, das especificas palavras proferidas pelo seu marido. Era bastante óbvia a mudança de Ragnar – um danês desconhecido e selvagem, de poucas palavras que o enxergava como inferior, que o tinha amarrado, colocado em seu cavalo e o carregado pela metade do país como uma mercadoria simples e barata, para o homem da noite anterior – que confessou seu amor e prometeu proteção, que o tocava com delicadeza e distribuía caricias pelo seu corpo com tanta devoção como se o tivesse adorando.
Kyle estava confuso desde que a sua situação mudou, todas aquelas noites sonhando com a liberdade e sonhando em estar nos braços seguros de sua família tinham sido esquecidos por um momento. Tudo o que sua mente conseguia projetar eram os poucos momentos que tivera com seu companheiro e o que o futuro os reservava.
Ele não tinha com que conversar sobre isso, mas se tivesse um confidente diria o quanto ansiava por cada sessão de treinamento nos dias anteriores. Os momentos em que Ragnar se aproximava para corrigir sua postura sempre tão "obre" em suas palavras, Kyle dificilmente aprenderia muito quando tudo o que conseguia focar era nas mãos que tocavam deliberadamente o seu corpo.
Resistir a intimidade e aos pensamentos lascivos eram mais difíceis do que ele poderia descrever em palavras. Kyle se sentia envergonhado ao pensar nas formas do corpo de seu marido, nos toques entre ambas as peles e a forma como tinha gostado de estar com Ragnar naquele chão sujo. O seu coração acelerava apenas com o pensamento de estar naqueles braços mais uma vez.
Com o rosto e o corpo ainda quentes pelos pensamentos, ele levantou e cobriu sua nudez com o cobertor e caminhou até estar bem próximo do fogo, sentando em um banquinho de madeira para se aquecer, esperando que Ragnar voltasse em breve.
Ele deveria parecer patético, pensou envergonhado, mas não arrependido ao esperar pelo companheiro ainda completamente despido, provavelmente coberto de fluidos corporais compartilhados.
Ele também estava com fome e não tinha ideia de quanto tempo tinha dormido e quantas horas tinham se passado. Quando Ragnar abriu a porta assustou Kyle, mas ele se desculpou e explicou o que estava fazendo ao erguer uma caça – provavelmente um coelho ou esquilo.
— Não esperava que você acordasse tão cedo. — Ele comentou fechando a porta e distribuindo os seus pertences pelas superfícies da cabana.
— Onde você esteve? — Kyle questionou o observando, tentando controlar a vontade humilhante de pular em Ragnar e o beijá-lo novamente. — Fiquei preocupado quando acordei e não te encontrei.
— Não deveria ter te deixado sozinho.
— Você cogitou a ideia de que eu poderia ter fugido? Ou só não queria acordar ao meu lado? — Ele sabia que nenhuma de suas opções poderia ser verdade, mas queria desesperadamente ouvir daqueles lábios que os seus pensamentos eram tolos e infantis.
— Apenas pensei em te poupar de acordar ao meu lado, além de dar tempo para você conciliar tudo em sua cabeça. — Ragnar explicou finalmente conseguindo encontrar o olhar de Kyle. — Da última vez em que estivemos juntos, você foi muito rápido em me afastar.
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Meraki | ROMANCE GAY (M-PREG)
Novela Juvenilmeraki (v.) do grego: fazer algo com a alma ou amor. Colocar parte de si em algo que está a fazer. Kyle e Ragnar não se conhecem e isso nunca teria acontecido se suas famílias não tivessem estabelecido um acordo de casamento entre os dois. Kyle nun...