Azura
Quando pequena, sempre acreditei que havia algo diferente comigo, algo surpreendente, que estava destinada a grandes feitos. Mas, não seria esse o sonho de toda garota? Ser a heroína do seu próprio destino, ou ter um príncipe encantado a sua espera? Lembro de uma vez que até mesmo cogitei que minha falta de memória se devia ao fato dos meus pais biológicos serem espiões do governo americano, e me abandonar teria sido minha única chance de sobrevivência. Fantasias tolas, e cheias de esperança.
Agora eu estava aqui, diante de uma verdade que almejei durante anos no passado, no entanto a única vontade era correr para longe de Nowa, para longe daquela sala, para longe daquele lugar. Eu precisava de segurança, eu precisava de Roy e acima de tudo, eu estava sendo uma covarde.
Aos poucos o fogo que dominava meu interior e a poltrona cessou, e não saberia dizer se por minha causa ou por conta do demônio diante de mim, e apesar de não haver nenhuma queimadura nele ou no meu corpo, o tecido um dia rico, foi arruinado, outra prova que eu não queria aceitar.
─۫─̸ Eu sei que sua mente deve está em choque nesse momento, sei que são informações demais, mas... ─۫─̸ O homem suspirou levando seu punho até a boca, parecia um gesto de nervosismo. Os olhos antes dominados pela escuridão, estavam de volta ao azul habitual.
Nenhuma palavra deslizou dos meus lábios, nenhum movimento. Apenas me mantinha ali, imóvel, com um olhar vazio e as unhas enterradas no tecido chamuscado.
─۫─̸ Precisa ser racional e me escutar por favor, e não me peça para te tratar como menos do que você realmente é... ─۫─̸ Havia certo desespero em seu pedido e seu semblante sério parecia vacilar por alguns segundos.
Menos do que eu sou...
Tive vontade de rir, de gargalhar.
O que significaria ser menos do que eu realmente sou?
Acho que de fato acabei rindo, pois Nowa me encarou com uma interrogação estampada em seu rosto, uma mistura de curiosidade e apreensão.
─۫─̸ E o que eu sou príncipe? ─۫─̸ A ironia deslizando pela minha língua, enfatizando o título do maior na minha frente ─۫─̸ Quem eu sou? E por que todos nesse maldito lugar parecem conhecer Luna Gregori? Menos eu! Eu não conheço ela! ─۫─̸ Admiti com um bufo. As unhas cravando mais intensamente no estofado chamuscado me machucando propositadamente, e obriguei a encarar os olhos dele ─۫─̸ Eu vou dizer o que eu sou Nowa. Sou uma garota que não sabe nada da própria vida, uma garota que é tão especial que foi abandonada aos três anos de idade, sem memória, sem ninguém! ─۫─̸ Berrei ─۫─̸ Sou uma garota que cresceu em um lar religioso, mesmo odiando tudo relacionado a isso. Eu fui odiada em todo lugar em que pisei, fui vista como aberração, como estranha... ─۫─̸ Grunhi com frustração sentindo meus olhos acumularem algumas lágrimas ─۫─̸ Fui agredida um par de vezes apenas por ser diferente, por não saber o porquê fui abandonada, eu só tinha três anos! Três malditos anos!
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𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐃𝐀𝐃𝐄 & 𝐐𝐔𝐄𝐃𝐀
Fantasi[Esta história foi publicada há muitos anos atrás, no entanto irá sofrer diversas modificações] E se na realidade Lúcifer não fosse o vilão e apenas lutava por algo melhor, não somente para si, como também para seus irmãos? Os anjos foram condenados...