você e eu não temos nada

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Minha vida é uma desgraça, uma merda, um cocô. Talvez não um cocô, porque o cocô tem uma função esplêndida para o nosso corpo. Eu, por outro lado, ferro com tudo e comigo mesmo.

Estive pensando aqui... Nós realmente viemos à Terra por uma razão, senão eu não estaria nem aqui mais. Talvez muitos de nós viemos ser figurantes, meros figurantes para as cenas acontecerem de maneira real e natural. Eu não faço nada grandioso, não sou nada grandioso. Por que raios estou aqui?

O único ser nesta terra que me faz sentir bem e feliz nem está comigo agora e acho que isso dói pra caramba, porque a vontade de chorar não passa. Deve ser a ansiedade. Sempre é a ansiedade, ela nunca me abandona.

— Caralho, Minho, você solicitou três chamadas de vídeo logo no horário da reunião! — meu amigo Chan reclama ao atender minha sexta tentativa de chamá-lo pelo FaceTime do iPad dele.

— Me desculpa — resmungo. Ele está caminhando pelos corredores da empresa, mas prontamente nota que há algo de errado comigo.

— Ih, que carinha é essa? Em quem eu devo bater dessa vez? Me diz o nome que eu já estou arregaçando as mangas pra sair no soco com esse meliante que deixou você com essa carinha...

— Foi eu mesmo, Chanie. Eu criei expectativas sobre alguém que desde o início me disse implicitamente para não ter — aperto o travesseiro contra a minha bochecha e respiro fundo. — Acho que estou me precipitando.

— Quê? Então quer dizer que vou ter que bater em você? Poxa, Min... — sua voz morre aos poucos, ele quer que eu conte a história.

— Talvez eu goste de alguém.

— Meu Deus, que babado! A Min Young vai adorar saber disso! — ele ri e saltita feliz como se fosse uma criança abestalhada. Chan me irrita, ele não percebe que esse é o motivo de eu estar fodido?

— Eu to contando para você, não pra MinYoung — retruco e ele logo fecha a cara, dando língua para mim. — Continuando... Ele não gosta de amor e prefere não se apaixonar.

— Ui! — o idiota exclama, como se fosse uma coisa boa. Eu vou descer o socão nele.

— Cala a boca, porra — ele logo fica quieto depois da minha reclamação. — Só que nós estamos muito próximos ultimamente e estamos nos conhecendo bastante... Inclusive, já rolou uns beijos e outros...

Christopher ri do nada. Será que ele não está mesmo prestando atenção na história?

— Eu não creio que você está gostando do Han, Minho!

— Quê? Eu não disse que era o Jisung — faço beicinho, me passando por desentendido.

— Mas é claro que é ele. Vocês estão próximos esses dias na França, já que você mal sabe falar francês. Além do mais, você acha que eu não conheço a história do "o amor é egoísta" dele? Eu nasci ontem, mas aprendi muita coisa durante a madrugada.

Quê?

— Quê? Ok, deixa para lá — sacudo as mãos. — A questão é que, você sabe...

— Hm? — ele não pega meu tom que diz "aqui tem duplo sentido, idiota"

— Nós quase...

— Quase o quê? — porra, eu vou dar um murro na cabeça dele quando eu voltar para a Coréia.

— ... Fizemos...

— Só vai, querido! Só vai! — alguém grita ao lado de Chan e a cabeça de Hyunjin, amigo de trabalho do Bang, surge na tela do iPad e me assusta. — Perder a virgindade é a melhor coisa do mundo!

Café et Cigarettes • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora