você quer quanto tempo?

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Estive esperando com os dedos dançando na mesa, rezando para que não demoremos demais, porém crente de que no fundo do meu miocárdio jaz um desejo irredutível que almeja que sim, mais demora faria bem a mim. É porque quanto mais demorarmos, mais tempo tenho com ele. Namorar Jisung é encontrá-lo com as madeixas escuras pingando e constatar que a única roupa que está vestindo é uma cueca boxer — também escutá-lo dizer que está tentando parar de usar cuecas do tipo, pois apertam demais o seu íntimo, sem contar o fato de ter de ajeitar seu pênis a todo momento. E eu concordo, mas não porque suas palavras são de total entendimento para mim.

Concordo para vê-lo ir de costas à cozinha mais uma vez, porque sua bundinha redonda me ajeita no meu canto, me faz suspirar. E sua nuca molhada que escorre às costas está me hipnotizando. E é com dedos dançando na mesa que não paro de sorrir. Um café da manhã é tudo que quis para nós dois.

Levanto-me com uma lentidão já esperada, daí encontro seu corpo baixinho no fogão preparando alguns ovos mexidos. Eu acho isso incrível, sabe? O modo que estamos atrasados, mas ainda temos coragem de tomar café para que não fiquemos com fome pelo resto da manhã e uma lasquinha da tarde. Se eu namorasse Jisung todos os dias, ficaria feliz em compartilhar todas as refeições com ele, ainda que eu não goste de nenhuma. Mas o que vale é a presença. Às vezes tem que ser flexível, não deve ser egoísta, deve meter-se em momentos e coisas que sozinho tu não faria, mas só porque aquele alguém está contigo há uma exceção. E eu gosto disso, de ter momentos com ele.

E quando vamos comer, ele pega alguns biscoitos que sobraram de ontem e os lambuza com geleia de morango. Dá-me na boca, daí eu como. Comenta que gosta de me ver comer, que gosta de ver minha mandíbula mover-se com vitalidade. Então termino de mastigar para lhe alfinetar:

— Vai me dizer que é mais um dos seus fetiches?

Arremessa um tapa na minha coxa que doeria mais caso eu estivesse sem a calça jeans. Eu rio, encarando sua falsa expressão de raiva.

— Cala a boca e come.

Então eu calo a boca e como. Ele não fala muito, então eu também não. Mas sinto nossa proximidade, nosso carinho, mesmo que não falemos nada. Dá-me os ovos na boca, eu assopro seu café. E se trata disso, desse companheirismo que nem sei como começou, só sei que aconteceu.

Assim que Jisung termina de se vestir, saímos como dois raios em meio à tempestade. Atravessamos um pouco de congestionamento, mas felizmente chegamos ao restaurante. Tudo bem que bastante tarde, mas temos Va Te Fouder em toda ausência de Han.

— Seungmin! Sou muito, mas muito, grato a ti — começa Han, um pouco ofegante pela pequena corrida que tivemos ao sair do carro e entrar no restaurante.

— Relaxa, besta, você já me deu mais trabalho que isso — é o que responde, desencostando-se do balcão e avaliando Han com o olhar. — Você acordou tarde mesmo, né? Seu cabelo ainda está todo molhado.

— Merda, pensei que no meio do caminho iria secar... — Jisung suspira alto.

— Aqui ainda está... — ele estica a droga da mão para tocar o cabelinho da nuca de Han e, quando percebo, já estou olhando para este detalhe com um pouco de vontade de matar.

— Mas vai secar no meio do dia, então — explica Han, pondo a mão na região em que a mão do tonto estava e, percebo, o besta tirou-a com delay justamente para que a mão de Han tocasse a sua. Eu não estou paranóico.

Que legal essa conversa sobre cabelo molhado, estou muito animado em participar.

— Sempre seca — Va Te Fouder volta a falar e, meu precioso Zeus, cadê os deuses do Olimpo pra cancelar essa criatura? — Você não estava na sua casa?

Café et Cigarettes • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora