você fica bonito de qualquer jeito

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— Você quer que eu arranje um pouco de bebida? — sussurro próximo ao seu ouvido enquanto acaricio sua nuca com afeto.

— Hm. Pode ser — ele concorda com a cabeça.

Estou muito agitado, é bom que eu me apresse mesmo. Quanto menos demorar, mais rápido voltarei para perto dele e me sentirei bem. Maldita ansiedade de voltar para ele, eu fico submisso dessa necessidade esquisita de querê-lo perto o tempo todo.

Estou meio tonto... Meus calcanhares giram, trôpegos, perdem-se no meio do caminho como se desconhecessem o significado de andar. Deve ser porque meu cadarço está desamarrado e alguém pisou nele. Só que não dá pra mudar o fato de que já me impulsionei para frente e, atrapalhado, me choco com o moço que serve bebidas. Meus reflexos funcionam tarde demais, por isso que dou de cara com o chão ao decidir recuar do tombo já dado.

A princípio acho que nada do meu corpo sofreu grande impacto, mas prontamente a dor na minha testa surge para dizer que eu caí de cara no chão forte demais. Se eu não morro agora, sou imortal. Merda, como foi que até na hora de recuar eu me atrapalhei todo e, ao invés de me equilibrar, tombei para o lado e meti a fuça no assoalho? Só faço merda, francamente...

Mãos me ajudam a me levantar e, eufórico, eu rio cambaleante enquanto procuro uma cadeira para descansar. A bebida é quente; a música, envolvente; e os braços ao redor do meu corpo guiam-me apressadamente por aqui. Jogado numa poltrona, encaro Jisung me olhando preocupado sob o rosa neon pintando seu cabelo preto que cobre o olhar escuro e intenso.

O tempo está passando rápido demais ou eu não estou muito bem. O garçom traz um saco de gelo e Han senta-se ao meu lado, pressionando-o contra a região que eu me machuquei. Ele acaricia meu cabelo, eu me arrepio porque meu corpo não resiste ao seu toque. Me empurram água, eu bebo. Me empurram um suco, eu bebo de canudinho, assoprando e fazendo bolhas até Jisung me pedir pra parar.

Bloody Mary, por favor — peço ao garçom. Estou ficando irritado com esse gelo na minha testa. E essa dor infernal que não para...

— Você não vai beber mais — Han decide por mim.

— Eu estou bem, sério — afasto o gelo da testa. — Bloody Mary e Cosmopolitan — refaço meu pedido ao garçom que, após um suspiro impaciente de Jisung, acaba por ir providenciar minhas bebidas.

— Se você beber mais e quebrar alguma parte do corpo, eu vou te deixar pra morrer aqui sozinho — Jisung deixa o saco de gelo sobre a mesa e tira o celular do bolso.

Acho que ele está irritado por estar se preocupando comigo, como aconteceu no dia que quase fui atropelado e meu celular foi pro além. Ele tem o jeitinho dele de se importar comigo e ele é muito, muito precioso em pensar em mim assim. Por isso que eu acaricio sua nuca e encosto meu queixo no seu ombro.

— Hm... Sai, Minho. — Ele se inclina para o lado quando me sente abraçá-lo. — Você sabe que eu não gosto de grude. Sai, sai.

— Ah, por quê? — choramingo no seu ouvido, abraçando-o mais forte.

— Me sinto encurralado, sai. — Han dá tapinhas na minha mão para me fazer soltá-lo.

Paro de agarrá-lo e fico quietinho na minha, com as pernas grudadas e um olhar distante e triste.

— Poxa, Jisung... Pena que você não gosta de mim como eu gosto de você...

Ele finge não escutar enquanto responde mensagens no celular caro dele. Percebo que tudo que tenho é eu mesmo, então me abraço para me consolar. Mas quando eu passo a mão na testa com o intuito de tirar o cabelo que, molhado pelo gelo, está caindo sobre meu rosto, dou-me conta de que não é só eu mesmo que eu tenho... Eu também tenho um galo na testa.

Café et Cigarettes • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora