Um diário.
Pequeno, escuro, amassado e cheio de remendos, mas era um diário.
Não sei a quem pertenceu, mas estava brilhando nas minhas mãos. Se não fosse pelo aspecto antigo e desgastado, eu poderia dizer que se parecia com um livro bonito, como os grimórios que estava acostumado a ler.
Era muito velho para ser da minha mãe, e muito novo para ter pertencido às bruxas primordiais. Seja lá o que fosse isso, estava cintilando nas minhas mãos, como se eu houvesse o ativado assim que meus dedos entraram em contato com a superfície de couro.
Era pesado, e para isso havia três explicações:
Primeira: por causa dos círculos de correntes em volta do mesmo, que não me permitiam abri-lo, mesmo com os meus feitiços.
Segunda: era um diário de magia proibida, que continha anotações pesadas.
Terceira: não havia anotações, e sim algo guardado dentro do diário.
Eu só saberia qual dessas era a explicação certa quando conseguisse abrir a porcaria do cadeado. Estava enferrujado, mas o poder que emanava dele parecia não ter enfraquecido, muito pelo contrário, era como se ele estivesse esquentando e pesando mais e mais a cada minuto que se passava.
Usei minhas mãos para enfeitiçar as correntes, deixando-as estáticas e imóveis. Em seguida, chacoalhei o caderno e sorri quando ouvi o barulho de algo se movendo dentro dele.
Eu amava segredos.
Eu só teria que abrir aquele cadeado, mas notei alguns escritos em hebraico antigo desenhados na capa, então imaginei que eu precisaria pronunciar aquilo de alguma forma.
O maior problema dos feitiços em hebraico antigo era a forma manuscrita das letras e dos símbolos. Cada bruxa enfeitava a própria caligrafia de um jeito diferente, o que tornava tudo difícil para outros feiticeiros adivinharem o que estava escrito.
Reconheci apenas duas sílabas. Ttioi e Oh.
Eu podia estar louco, mas aqueles eram sobrenomes coreanos, o que me fez questionar a real idade daquele livro. O primeiro era Choi, então imaginei que o diário pudesse ser da minha mãe, pois esse era o sobrenome dela antes de se casar com meu pai. Agora o Oh eu não fazia ideia. Seria um outro nome ou apenas parte do feitiço?
Procurei o dicionário hebraico da minha família em uma das estantes falsas. Ele funcionava de forma diferente dos dicionários comuns. Ao invés de mostrar um nome e um significado, ele era composto de textos aleatórios.
Com o feitiço certo, eu poderia desembaralhar os textos e descobrir como era o desenho de cada símbolo hebraico da minha família. Aos poucos todos eram revelados, mas isso demorava demais.
Aproveitei que todo mundo estava dormindo para recitar meus feitiços em voz alta. Quando era por volta das três e meia da manhã, uma brisa gélida entrou pela janela fechada do sótão magicamente, e o cadeado finalmente se abriu. O vento bagunçou um pouco meus cabelos e arrepiou os pelinhos da minha nuca, que estava exposta.
De dentro do diário, sombras escuras e abstratas surgiram aos poucos, misturando-se com fumaça avermelhada e arroxeada.
A cor do amor, do poder e das trevas.
O cadeado caiu no chão, levando as correntes consigo, e desapareceu totalmente. Vi aquilo como uma permissão para abrir o caderno e folheá-lo. Minha cabeça pesou um pouco, e eu imaginei que fosse influência das sombras. Nunca havia visto fumaça escura, e tive medo do que aquilo pudesse significar.
Magia Negra era proibida no mundo da magia. Essa era a regra número um de qualquer grimório. Aparentemente, tudo aquilo que tirava a liberdade dos outros seres ou afetava a natureza permanentemente era considerado Magia Negra.
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Oxygen ➟ taekook
Storie brevi• Short Fic • Após levar um fora do melhor amigo, Jeon Jungkook ignora os conselhos do pai e vai atrás do livro de feitiços de sua família, procurando encontrar a tão proibida receita de poções do amor. Devido à sua inexperiência, ele acaba ativand...