No dia seguinte, faltei à aula.
A brisa gelada da manhã foi a responsável pelo fim do meu sono. Ou melhor, responsável por ter aberto a janela. Pela quantidade de sol que entrava no meu quarto, eu imaginei que não se passava das três da tarde. Procurei pelo meu celular debaixo dos travesseiros e percebi que estava certo, e ainda era quarta-feira.
Graças aos deuses, eu não havia dormido por uma semana, apenas por cerca de nove ou dez horas.
Senti tontura ao levantar, e tudo o que aconteceu na madrugada passou pela minha mente como um filme em velocidade 2x. Puxei um casaco qualquer do armário e fui direto para o banheiro, pois sentia meu nariz seco demais, então resolvi ir atrás de um spray nasal.
Eu era alérgico a pelos, mas só conseguia dormir abraçado com uma almofada de gatinho lilás, que minha mãe me deu quando eu era menor.
Todo dia eu acordava com o nariz trancado, mas, naquela tarde, o motivo era outro.
Conferi minha aparência no espelho, eu nunca estive tão feio e acabado.
— Credo...— sussurrei, passando as mãos pelo meu cabelo, que estava duro e de pernas pro ar— Estou parecendo o Einsten.
Sangue seco estava grudado nas minhas narinas, e eu imaginei o motivo.
Escovei os dentes, pois ainda sentia o gosto horrível do líquido que cuspi na madrugada. Abaixei a cabeça para lavar o rosto com o meu sabonete esfoliante, e, quando levantei, fiquei tonto mais uma vez.
— Preciso comer alguma coisa— constatei.
Tirei a roupa e me assustei quando vi sinais de queimado no tecido perto da região dos ombros. Guardei a blusa dentro do armário para consertá-la assim que me sentisse enérgico mais uma vez. Olhei meu reflexo no espelho, mas não encontrei nenhum sinal de queimadura na minha pele. Suspirei aliviado.
Resolvi tomar um banho, feliz por ter recuperado meu shampoo de uva e frutas vermelhas. Escolhi um conjunto de moletom preto e coloquei um tênis da mesma cor.
Passei raiva com a demora do secador de cabelo, já que meus fios estavam mais compridos do que o normal. A parte detrás alcançava o fim da minha nuca, como um mullet moderno. Puxei a franja do lado direito e a coloquei atrás da orelha, deixando o meu piercing prateado à mostra, duas bolinhas na região da sobrancelha.
Por último, cortei as unhas, tirando as pontas queimadas. Conferi minha aparência novamente e bufei quando percebi que teria que usar corretivo pela primeira vez, pois não tinha coragem de fazer algum feitiço que ocultasse minhas olheiras.
E eu precisava estar impecável, pois passaria a tarde na casa de Namjoon mais uma vez, com Yiren e... Mingyu.
E ele estaria apaixonado por mim.
Desci as escadas correndo, e me senti tonto assim que alcancei o último degrau. Debrucei meu corpo no corrimão e fechei os olhos por alguns instantes. Precisava de algo para aumentar minha pressão.
Fui até a estante da sala e abri uma garrafa de uísque, tomando dois goles no gargalo mesmo.
Álcool fazia bem pra essas coisas.
— Aonde vai?— ouvi a voz do meu pai atrás de mim e tampei o objeto de vidro imediatamente.
— No Namjoon.
— Por que faltou na aula hoje? Ficou no sótão durante a madrugada toda? Não acha que está exagerando e que todos esses poderes estão começando a te afetar?
— Primeiramente, faltei na aula porque não ouvi o despertador. Em segundo lugar, sim, fiquei. Terceiro, esses poderes me afetam desde o começo, a única diferença é que agora eu estou aprendendo a usá-los.
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Oxygen ➟ taekook
Kort verhaal• Short Fic • Após levar um fora do melhor amigo, Jeon Jungkook ignora os conselhos do pai e vai atrás do livro de feitiços de sua família, procurando encontrar a tão proibida receita de poções do amor. Devido à sua inexperiência, ele acaba ativand...