Decisões Conflituosas

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Eu e Sakura tínhamos combinado de contar aos nossos pais que não estávamos juntos, mas não pude negar tudo depois da proposta de um apartamento. Então, tomei a melhor decisão por nós dois.

"Estou tão feliz por vocês terem aceitado. Gostaram da surpresa?" minha mãe não parava de sorrir.

"Muito..." Sakura respondeu, lançando-me um olhar fulminante.

(...)

O restante do almoço foi agradável. Meus pais não conseguiam esconder toda a alegria, mas Sakura estava claramente tensa com toda a situação. No final do almoço, quando todos estavam na sala, nossos pais estavam tão empolgados conversando que nem perceberam quando eu e Sakura nos afastamos.

"Pode começar a falar," ela entrou como um foguete no quarto.

"Eu sei que combinamos de falar a verdade, mas é um apartamento! Não pude negar," fechei a porta com a intenção de que nossos pais não nos ouvissem.

"Sasuke! Você tinha que conversar comigo antes. Você tomou essa decisão por nós dois," ela estava furiosa e não parava de andar de um lado para o outro.

"Isso vai ser bom para nós dois," eu a segurei pelos ombros para mantê-la parada.

"Você continua o mesmo babaca de sempre, mas agora você também ficou louco!" ela afastou minha mão.

"Você não está pensando! Raciocina, Sakura. Essa pode ser a oportunidade das nossas vidas. Sejamos independentes. Usa o cérebro pelo menos dessa vez."

"Maldita hora que fui me meter nessa confusão por um beijo," ela murmurou, antes de elevar o tom de voz. "Quer saber? Vou desmentir tudo isso e nunca mais vou precisar falar com você," ela foi em direção à porta, mas eu entrei na frente dela.

"Espera um minuto, Haruno. Desculpa, ok? Eu preciso muito desse apartamento e imagino que você também gostaria de não precisar mais morar com seus pais," tentei manter a calma, preocupado que alguém pudesse ouvir se continuássemos gritando.

"Se você tivesse conversado comigo antes, eu teria concordado porque é um apartamento, mas você não se importou com o que eu queria. Isso mostra o quão egocêntrico e egoísta você continua sendo."

"Dessa vez você pode até ter razão, mas entenda meu lado. Como a gente teria conversado sobre isso? Nossos pais queriam a resposta na hora," suspirei. "Veja bem, eu faço o que você quiser. Me pede qualquer coisa, eu faço." Talvez me arrependesse disso depois, mas no momento, estava desesperado.

"Vou pensar, Uchiha. Mas já te aviso que essa foi a última vez que você me faz de boba, seu imbecil."

"Obrigado, namoradinha," brinquei.

"Cala a boca," ela revirou os olhos.

"Se quiser calar com a sua boca..." não estava falando sério, mas se ela não negasse, eu também não negaria.

"Está ficando muito mal acostumado. A gente se vê por aí," ela franziu a testa e se afastou, chegando até a porta.

(...)

Finalmente, a suspensão acabou. Nunca pensei que sentiria falta da escola, mas desde tudo com a Sakura, meus pais não sabiam falar de outra coisa. Tivemos mais almoços em família, e tanto eu quanto Sakura não aguentávamos mais. No entanto, no fim valeria a pena. Eles disseram que poderíamos nos mudar no final do mês, então teria que aguentar esses almoços até lá, e depois seria o depois.

(...)

"SASUKE!" escutei Naruto gritar enquanto corria em minha direção.

"Pensei que essa suspensão não acabaria nunca," Shikamaru se aproximava junto.

"Nem foram tantos dias. Sentiram saudade foi?" brinquei enquanto nos abraçávamos.

"Não viaja. É que você nem deu notícia," disse Naruto enquanto coçava a nuca.

"Meus pais estavam regulando meu celular," me escorando no armário.

"Agora que você pode falar, vai nos explicar que história é essa de beijar a Haruno na detenção?" Naruto disse e eu arregalei os olhos, surpreso.

"Como vocês sabem?" disse tenso.

"A escola toda já está sabendo," disse Naruto e eu paralisei.

"Sério? Sakura me mata se espalhar..."

"Zoeira, relaxa. É só o Naruto sendo o Naruto," Shikamaru me tranquilizou, conseguindo soltar o ar que estava entalado.

"Mas então é verdade mesmo?" Naruto franziu a testa e cruzou os braços.

"Eu e a Sakura fomos suspensos porque estávamos nos beijando, mas não passou disso. Foi um maldito erro," disse tranquilo.

"Eu pensei que odiasse ela," Shikamaru parecia confuso, e eu também estava um pouco. Talvez no meio de todo meu ódio pela Sakura, houvesse algo mais.

"Ela não era tipo 'a garota louca que só sabe entrar em confusão.' Talvez ela seja mais do que isso."

"Aconteceu. Eu já disse que me arrependo. Ela ainda continua sendo insuportável e mais isso aí que o Naruto disse," tentei cortar logo.

"Essa história está muito confusa," Shikamaru não parecia satisfeito com minha resposta.

"Chega de interrogatório, porra. Agora diz como sabiam o que aconteceu?" perdi a paciência.

"Minha mãe ligou para a minha contando o que aconteceu. Ela ficou tão chocada que me contou, e deixou avisado que se eu fizesse igual, meu castigo seria bem pior." Os pais de Naruto eram tão próximos aos meus quanto os da Haruno.

"Então o Naruto me contou. Se seus pais ou os da Haruno não tiverem contado para mais ninguém, só a gente sabe," Shikamaru disse com tranquilidade.

"Dona Mikoto, aquela fofoqueira," balancei a cabeça em negação.

"Agora vamos para a aula. Sei de alguém que estava sentindo sua falta," Naruto disse, deixando algo subentendido.

"Se você está falando da Ino, eu não quero mais nada com aquela garota," fui direto.

"É a Ino! Ela é a mais linda do colégio. Não vai nem repensar?!" Naruto insistiu.

"Não. Agora vamos logo," disse e saí andando para não ser mais perturbado com isso.

(...)

Entrei na sala de aula e não consegui evitar olhar para Sakura. Ela estava com um moletom e uma saia preta, junto com uma meia que ia até a metade de sua perna, e nos pés um Allstar vermelho. Seu cabelo estava preso em um coque mal feito, meio bagunçado, deixando uns fios caídos em seu rosto. Hoje era um daqueles dias que ela não usava nada de maquiagem, estava com seus óculos, e arriscaria dizer que era porque estava lendo. "Ela está linda," pensei inconscientemente. No início, ela não percebeu minha entrada, muito menos que eu a estava encarando. Mas logo que Ino gritou meu nome de um jeito patético, ela levantou o olhar. Por um momento breve, nós nos encaramos. Ino me abraçou e vi Sakura revirar os olhos, voltando a se concentrar em sua leitura.

Não prestei atenção no que Ino dizia. Só queria me sentar na minha carteira e esperar a aula começar em paz. Agradeço internamente quando o professor chega na sala e manda todos se assentarem. A aula se passa tranquilamente. Eu odiava a escola, mas de uns tempos para cá, tenho me esforçado mais e me orgulho disso. Enquanto a aula acontecia, várias coisas passavam pela minha cabeça, e uma delas era como eu e Sakura lidaríamos morando juntos. Se fosse antes, eu diria que seria fácil. Sakura não era louca, era fácil de conviver. Mas a Sakura de agora é insuportável e sempre quer a razão. Não sei se conseguiríamos conviver por mais de um dia sem brigarmos.

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