02. A luz do fim túnel ✨

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Eu escuto vozes desconhecidas tão distantes é tão perto ao mesmo tempo, mas não tenho força para abrir meus olhos ou gritar  por socorro. Minhas mãos e pernas não se movem.

Acho que eu morri. Mas as vozes me dizem que vou ficar bem, um toque macio contra minha pele, quente. Mamãe? Papai?

A escuridão e o sono silencioso me invade novamente.

Alguns dias depois....

- finalmente menina!- uma senhora diz ao meu lado assim que eu abro meus olhos. É a senhora que serve as jantas na igreja.
- onde...- engulo em seco e um desconforto enorme na garganta - estou?
- você está a salvo querida, está no hospital - ela sorri com afeto.
Minhas mãos vão direto para meu ventre... Meu bebê...
- meu bebê?- pergunto com esforço.
- sinto muito querida - ela aperta minhas mãos me confortando. - os médicos tentaram de tudo, mas aqueles garotos sem escrúpulos te machucaram muito.

Meus olhos enchem de lágrimas. Não consigo expressar em palavras a dor que meu coração está sentindo, meu peito está apertado com a perda que me consome.

- não se preocupa - ela diz - você vai ficar bem minha querida.
- eu ...- soluço - queria tanto meu bebê...
- eu sei querida, mas Deus tinha um plano maior pra ele nesse momento e na hora certa você vai receber uma benção dele.
- obrigada por estar comigo - choro em seus braços.
- não lhe deixaria sozinha nesse momento criança - afaga meus cabelos. - a propósito eu sou Rosa. Pode me chamar de vó Rosa como todos.
- eu me chamo Daniela - digo.
- quando você sair daqui você vai pra casa comigo, e depois vejamos o que faremos tudo bem?
- não quero incomodar - falo - alguém me procurou?
- sinto muito - fala com pesar - mas não. Você tem família?
- tenho - falo - mas pelo visto não existo para eles.- minhas lágrimas voltam a derramar.
- menina, você é tão novinha é já tá passando por tudo isso- suas mãos tocam as minhas.
- obrigada pelo que a Senhora fez por mim - choro - eu nem sei como agradecer.

Eu fiquei no hospital durante cinco dias, e nesse período dona Rosa não saiu do meu lado, ali contei o que tinha acontecido comigo, quem eram meus pais, o porque da agressão que sofri e por fim tive como consequência a perda do meu bebê.

Meu anjo da guarda me levou pra casa dela e cuidou de mim, a partir daí ela não era mais a do a Rosa da igreja e sim a minha vó Rosa, aquela que me acolheu e me ajudou a reerguer todos os meus sonhos.

Pegar meu diploma do ensino médio foi fácil, meu pai era conhecido então logo que peguei meus documentos e tirei a segunda via fiz um curso de cuidados de bebê e comecei a trabalhar como babá da nossa vizinha, ajudava nas despesas da casa, e claro no meu curso.

Cursei Pedagogia com especialização em educação infantil e desenvolvimento, não consigo largar as crianças que eu cuido então me divido em duas para dar conta.

Hoje fazem oito anos que meu bebê se foi e com ele um pedaço de mim também, as crianças que eu cuido se mudaram com a mãe e a irmã da dona Rosa ligou nos convidando para trabalhar numa fazenda no interior de Goiás, arco íris o nome, lá eu iria auxiliar nas atividades da casa e cuidar de duas crianças enquanto a vó iria ajudar na cozinha a dona Iná.

Estamos chegando na fazenda mais incrível que vi na vida, ela é enorme e tem vários animais que me deixou extremamente encantada.
- meus amores que felicidade em recebê-las - dona Iná aparece na porta usando um avental rosa com corações azuis e uma touca combinando, ao seu lado uma moça jovem e sorridente.
- oh minha irmã a viagem foi longa - vó Rosa sorri - meu Deus Julinha como você cresceu!- ela abraça a moça que retribui.
- dona Rosa a senhora nunca mais veio a fazenda, e isso eu tinha uns 10 anos - ela ri.
- deixa eu te apresenta minha neta - vejo a garota me olhar com curiosidade espanto - não faz essa cara abestada a Hanna morreu e não teve filhos - sorri, Hanna era a filha da dona Rosa que morreu fazendo com que ela deixasse a fazenda.- essa menina de ouro é minha neta do coração a Daniela, vocês vão se dá muito bem!
- prazer - digo tímida.
- prazer - ela me puxa para um abraço - tenho certeza que seremos amigas.
- me diz Julinha cadê o casca grossa do seu irmão?- vó Rosa pergunta.
- ah ele tá em Brasília, a senhora sabe como o Tony é né, vive de negócios mais no fim de semana tá de volta.
- vem conhecer as crianças minha irmã - dona Iná convida.
- se sei, continua um sem vergonha aposto!- ri - vamos velha rabugenta.
- começaram- reviro os olhos.

Somos apresentados a todos da fazenda, Júlia me leva aos estábulos e me apaixono pelos cavalos e ela me promete ensinar a montar em breve o que deixa ansiosa.
- amiga nova Julinha?- uma voz grossa sai dos estábulos vestindo uma calça jeans e botas, um chapéu surrado. Lindo.
- ah oi Jefferson - vejo Júlia ficar com as bochechas coradas. Ela gosta dele e pela forma que se olham... é meu lado romântico e sonhador ainda tem esperanças.
- me chamo Daniela, mas pode me chamar de Dani - estendo a mão - sou a neta da vó Rosa viemos pra trabalhar na casa.
- prazer pode me chamar de Jeff- ele ri - sou o peão chefe desse lugar - cumprimenta com chapéu. Acho aquilo tão legal.

Jeff junta-se a nós e mostra o restante da fazenda, conta sobre as rotinas de todos, e fala da cachoeira maravilhosa que tem seguindo a trilha do corvo, faz parte da propriedade o que me deixa segura para ir em breve.

As crianças chegam da escola e ficam me encarando.
- quem é voce?- o menino pergunta curioso.
- acho que o papai adotou ela - a menina a diz.
- cala a boca pestinhas- Júlia ri - ela tem cara de bebê mas não é bebê não - brinca - Dani esses dois são as duas pestes que você vai cuidar.
- você casou com meu papai?- o menino bate palmas.
- obaaaaa, finalmente ele não vai mais namorar aquela magrela - a menina comemora.
- er.. não casei com o papai de vocês- sorrio enquanto explico e vejo as carinhas de decepção - eu sou a babá de vocês e prometo que vamos ser muitos amigos. Qual o nome de vocês?
- eu sou a Cecília mas pode me chamar de Ceci e esse cabeção aqui é o Felipe ou Lipe- ela me abraça - bem vinda Tia Dani.

Os dois me cumprimentam e passamos o restante do dia juntos, as crianças são ótimas. No final do dia arrumo minhas coisas no quartinho ao lado da vó Rosa e dona Iná, tomo um banho, quando Júlia aparece na porta me convidando para ir comer uma pizza, acabo aceitando e me divirto muito com ela e alguns de seus amigos.

Ainda tenho dificuldades em confiar em alguém mas nunca me senti tão feliz por ter feito uma amiga depois de anos sendo somente eu e a vó. Durmo feliz com o novo rumo que a vida tomou e ansiosa para os olhos novos acontecimentos.

Obrigada meu Deus por ter colocado pessoas especiais na minha vida quando eu mais precisei.

Um cowboy para chamar de meu!❤️‍🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora