11- Aprendendo a confiar ✨

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- Dani você pode confiar em mim!- Júlia me pede pela milionésima vez.
Acordei tão avoada que quase esqueci de abotoar a blusa quando saía do quarto.
- Julinha não que eu não confie em você e que eu nao...- suspiro - eu não tô pronta reviver toda essa lembrança de novo.
- você pode confiar em mim viu.- ela me abraça de lado - aliás aconteceu alguma coisa entre você e turrão do Tony?
- o que?- pergunto nervosa - claro que não!- grito e ela ri.
- sei.... - me olha desconfiada - ele tá diferente.
- não notei.
- vou descobrir o que é.- ela ri. - o Tony te contou? O cara gato que fornece a ração dos animais vem hoje aqui.
- não sei do que você tá falando- digo confusa.
- o Brian! Ele que vende as rações pra nós. Ele é o sócio do seu Marcelo Foster um magnata que vivia se enrabichando as mulheres daqui.- ela ri.
Meu corpo inteiro congela, como podem estar tão perto e tão longe ao mesmo tempo! Meu pai! Meu ex namorado que é o assassino do meu filho! As lágrimas não demoram a descer.
- Júlia! Você precisa me tirar daqui por favor!- digo nervosa.
- calma Dani - ela me segura - você os conhece?
Faço que sim com a cabeça.
- mais do que deveria.- digo chorando- se você me tirar daqui eu juro que te conto tudo o que quer saber!
- tá bem, vou da um jeito de enrolar o Tony- ela me abraça - fica calma.

Meu coração batia descompensado por saber que o inimigo estaria aqui há poucos minutos. Eu não vejo Antônio desde ontem então não tocamos no assunto.

- vó - digo entrando em seu quarto - eles estão aqui - digo nervosa.
- eles quem querida?- pergunta confusa.
- Brian! E meu pai! - engulo em seco.
- como assim minha fia?
- lembra que eu falei que Brian nos encontrou no restaurante?- ela assente - a Júlia contou que ele vem aqui e mencionou que meu pai costumava vir também! Eles não podem me encontrar!- digo desesperada.
- calma minha fia, você não pode fugir pra sempre viu - ela diz.
- eu sei, mas não tô preparada pra ser dessa forma. A Júlia vai me tirar daqui eu não posso encontrá-los.
- minha querida uma hora ocê vai ter que enfrentar todos eles, por mais que eu ame que você tenha adotado meu sobre nome, você tem a raiz deles no fundo.
- eu sei, na hora certa eu os enfrento, mas não é hoje - digo.

Não demora muito e a Júlia me manda uma mensagem avisando que o Tony autorizou nossa saída o que me deixa extremamente aliviada. Volto correndo para meu quarto dando de cara com Antônio sentando em minha cama.
- que susto!- coloco a mão no peito nervosa.
- o que você tem?- pergunta direto- a Júlia me disse que vocês vão no medico, você tá bem?
- eu tô bem sim. - desconverso - o que faz aqui
- a Júlia disse que vocês iam no médico, eu fiquei preocupado com você.
- comigo?- o encaro - porque?
É tão estranho alguém além da vó Rosa se preocupar comigo.
- eu não sei. Eu só sinto que eu tenho que cuidar de você pequena - se aproxima e encosta sua mão no meu rosto, é inevitável não suspirar quando o seu toque quente me alcança. Sua boca toca a minha de forma possessiva eu tento em soltar mas é em vão meu corpo traidor está puxando o dele contra o meu.
- isso é tão errado - digo ofegante quando paro o beijo.
- quando queremos não é errado- ele fala rouco.
- você tem namorada, e eu sou a babá dos seus filhos.- o empurro - por favor me deixa sozinha.
- A Laisa não é minha namorada - fala e eu começo a rir.
- entendi você só fode com ela - falo amarga - quer saber? Me deixa sozinha e me deixa em paz. Não se aproxima mais de mim!
- você quer me culpar por eu não ter um relacionamento?- fala irritado.
Acho graça.
- desculpa se considerar a garota que vem e fica na sua casa por dias, convive com a sua família, com seus filhos os quais VOCÊ deveria protegê-los e não expor a sua promiscuidade na frente da sua família, se ainda assim não for considerado um relacionamento, eu preciso me atualizar!- digo com ódio.
Ele fica sem palavras. Me sinto corajosa e continuo.
- se cada foda casual que você tem traz em casa pra conviver com sua família só demonstra o tipo de homem que você é! Expor seus filhos a tantas mulheres que entram e saem da sua cama como se fossem da família, você deveria ter vergonha! Eles são crianças! - encho o peito - agora me dá licença que eu preciso me arrumar.
Ele não espera que eu peça novamente e sai batendo a porta.

Me arrumo as pressas coloco uma calça jeans, camiseta e botas, roupa de uso habitual. Encontrei com a Julinha e fomos para a cidade vizinha passar o dia na chácara de um de seus amigos que estava viajando e nos deixou aproveitar o ambiente.

- então Dani, vai me contar o que está acontecendo?- ela pergunta assim que paramos os cavalos para tomar água.
Suspiro sem saber como começar a contar meu passado assombroso.
- vou... mas aviso que é uma história longa.
- estou toda ouvidos pra você - ela sorri.

- certo... quando eu tinha 17 anos eu namorava um rapaz...- comecei a contar.

Durante vários momentos suas feições mudavam de raiva, sofrimento, choque e aquela que eu mais odeio, a de pena.
- não faz essa cara por favor- digo.
- que cara?- ela pergunta confusa.
- essa cara de pena de mim.- respondo - tenho raiva do que aconteceu comigo e com meu bebê, não consigo aceitar e nem perdoa-los. Então não precisa sentir pena da minha desgraça de vida. Se não fosse pela vó Rosa eu estaria na rua até hoje ou morta.
- eu não fiz por mal Dani desculpa.- ela me encara triste e eu assinto- é que eu tô chocada pelas coisas que você passou sozinha, e quem era pra cuidar e estar do seu lado te abandonaram, sinto muito que você tenha passado por isso.
- já fazem oito anos juli não se preocupa- falo.
- mas mesmo assim, não é algo que se supere fácil. Eu entendo você querer evitar aquele crápula do Brian, você precisa contar ao Tony para que ele não o receba mais na fazenda e nem faça negócios com ele!
- pelo amor de Deus Júlia esse assunto não pode sair daqui! Seu irmão não pode saber!- falo nervosa.
- porque não?- me encara - se ele souber não vai deixar esse cara se aproximar de você! Porque ele vai voltar na fazenda nós temos negócios com eles.
- você é seu irmão não precisam se preocupar comigo Júlia - digo decidida. - se ele continuar vindo na fazenda agora que sabe que eu moro aqui, eu vou embora. Ele deve ter achado que me matou aquele dia, você precisava ver a surpresa dele quando me viu.
- claro que preciso, você é minha amiga e meu irmão gosta de você!
- obrigada você também é minha amiga, a única na verdade - sorrio - e não, seu irmão não gosta de mim.
- acho que ele gosta, gosta de você - ela ri - ele não tira os olhos de você quando tá por perto e a Laisa queria fazer de tudo pra chamar atenção dele quando ela estava na fazenda mas ele não parava de te olhar - sorri.
- não põe caraminholas nessa cabecinha - falo sem graça.
- não tô colocando nada na cabeça, mas você bem que poderia laçar de vez o meu irmão né - fala pensativa.
- seu irmão só quer brincar com as pessoas - finalizo.

Chegamos tarde da noite na fazenda, é única coisa que me resta e tomar um banho e dormir, quando chego no meu quarto mais uma vez me deparo com um girassol em cima da cama, dessa vez só havia um boa noite pequena, nenhuma outra mensagem.

Um cowboy para chamar de meu!❤️‍🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora