A casa ao lado

126 32 203
                                    

Era uma noite fria de outono, o tempo estava se fechando e me encontrava sozinha na delegacia para finalizar um caso que acabei de concluir. A ausência de barulhos no local dava calafrios. Termino de organizar a papelada e por volta de meia noite começou a chover, lembrei que meu marido não poderia vim me buscar, volto a mesa de trabalho na intenção de adiantar outros casos pendentes .

Foram horas analisando e anotando em post-it coloridos para interligar os pontos principais de cada caso, uma forma de aliviar o estresse. Mordo a tampa da caneta, distraída com a chuva que bate na janela. Pulo da cadeira quando o celular toca, recuosa atendo, mas ouço apenas chiados no outro lado da linha.

Coloco o telefone no gancho, os calafrios percorrem dos pés a cabeça, analiso os post-it. Que estranho. O sono chega e deixo me levar pelo cansaço, fechando os olhos.

Acordo assustada e desta vez não foi pelo toque do telefone, sinto o macio da cama e o quente da coberta ao redor, olho ao redor e levanto em pânico. Que diabos cheguei em casa? Meu marido foi me buscar?

Confusa saio do quarto e desço até a cozinha, chamando por meu marido.

- Amor, você está ai?

O silêncio e o barulho da chuva é toda resposta que recebo. Na semi luz da noite tenho a sensação de não esta em casa. Pela janela reconheço a vizinhança, mas porquê tinha sensação de que não era minha casa?

Ainda vestida a roupa de trabalho saio de casa

Saio de casa ainda estava com a roupa do trabalho uma senhora passa em minha frente me deixando nervosa, não sei por qual motivo, ela era corcunda tinha um cajado de madeira com penas de pássaro pendurados, suas vestes eram maltrapilhas, pretas, a pele enrugada. A senhora tinha um sorriso macabro esculpido em seu rosto. Ela para em minha frente e fica me olhando, despertando as piores sensações ,me sentia mal queria chorar, correr, fugir até ela pronunciar uma palavra.

-Culpada. -Soltando um riso macabro e me agarra, chacoalhando, me fazendo querer chorar- Culpada!

Empurro a velha, acordando do pesadelo

- Era só mais um pesadelo Crys ...- Suspiro aliviada e sorrio.

Ninguém vai saber que fui quem matei Luca. Ninguém vai descobrir que matei meu marido.

Saio da delegacia decidia a acabar com as únicas provas. Sorrio enquanto o fogo devora tudo que poderia ser usado contra mim. Luca teve o que mereceu, espero que ele esteja queimando no fogo do inferno.

No dia seguinte, enquanto organizava algumas coisas na mesa do trabalho ouço a notícia na televisão:

- Estamos aqui para mais uma notícia: na madrugada de ontem a delegacia foi assaltada, levaram as únicas provas do caso de Luca, marido de melhor investigadora da cidade. Lembrando que o corpo de Luca foi encontrado em uma cama de uma casa da esquina com o corpo mutilado. Os braços arrancados brutalmente, suas pernas foram arrancados com uma serra e seu pênis foi arrancado e não o encontramos. As suspeitas são que uma possível amante tenha feito isso.

Desligo a tv e fecho os olhos inspirando profundamente.

NINGUÉM vai saber do que aconteceu na casa ao lado

Contos assombrososOnde histórias criam vida. Descubra agora