Nevasca

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O pequeno vilarejo de Havenbrook estava envolto em um silêncio sepulcral quando uma nevasca começou. O vento cortante uivava entre as árvores nuas, e os flocos de neve dançavam no ar, criando uma cortina gélida que obscurecia qualquer sinal de vida. As luzes vacilantes dos postes de rua eram as únicas testemunhas do pesadelo que estavam prestes a se desenrolar.

Naquela noite sombria, Emma, ​​uma mulher solitária, caminhava apressadamente pela estrada coberta de neve. Seus passos ecoavam como suspiros na vastidão branca que a cercava. A cada passo, ela sentia o frio penetrar em seus ossos, como se os dedos gelados da morte tentassem alcançá-la.

Ao se aproximar da velha casa abandonada na extremidade do vilarejo, Emma sentiu um arrepio correr por sua espinha. A casa, envolta em sombras e coberta por camadas de neve acumulada, parecia um espectro de um passado obscuro. Com uma breve hesitação, ela decidiu entrar, buscando abrigo temporário.

O interior estava mergulhado na escuridão, exceto pela luz da lua que se infiltrava pelas janelas quebradas. O chão rangia sob seus pés enquanto ela explorava o deserto local. Uma lareira gélida e apagada dominava a sala principal, criando sombras grotescas que dançavam nas paredes descascadas.

Emma mal conseguia discernir os contornos de fotografias antigas amareladas que adornavam as paredes, retratando rostos desconhecidos e esquecidos pelo tempo. Uma sensação de inquietação a envolvia, mas a nevasca lá fora continuava a rugir, tornando impossível qualquer tentativa de fuga.

De repente, um sussurro abafado ecoou pelos corredores, fazendo com que Emma se encolhesse. Ela seguiu o som, guiada pela promessa de calor que emanava de uma porta entreaberta. Ao abri-la, deparou-se com uma visão que a fez questionar sua sanidade.

No centro de um quarto decadente, uma figura esquelética estava acocorada em frente a uma lareira que queimava com uma chama negra. A carne putrefata pendia de seus ossos, e seus olhos vazios encaravam Emma com uma intensidade que transcendia a morte. Aquela presença macabra murmurava palavras ininteligíveis, enquanto suas mãos esqueléticas seguravam um objeto brilhante.

Ao olhar mais de perto, Emma viu que a figura segurava uma faca ensanguentada, cuja lâmina refletia a luz sinistra da chama negra. O horror se apossou dela quando viu que o sangue que manchava a lâmina não era vermelho, mas sim negro como a noite.

Uma risada distorcida ecoou na sala enquanto a figura se erguia lentamente. O sangue negro escolta suas órbitas vazias, e sua boca se abre em um sorriso desprovido de qualquer traço humano. O ar estava impregnado com um cheiro nauseante de podridão, misturado ao odor metálico do sangue envenenado.

Emma, ​​tomada pelo pânico, recuou, mas a figura avançou inexoravelmente em sua direção. A faca reluzia como um farol da perdição, e a risada ecoava cada vez mais alta, como se fosse uma sinfonia diabólica. Sentindo-se enredada em uma teia de horror, Emma quis gritar, mas nenhum som escapou de sua garganta congelada.

A nevasca lá fora continuava a rugir, agora ecoando o desespero que preenchia o coração de Emma. O vilarejo de Havenbrook estava mergulhando em uma escuridão que transcendia as trevas da noite, enquanto a figura esquelética se movia implacavelmente em direção à sua presa indefesa.

A nevasca, testemunha silenciosa do terror que se despertava naquela casa abandonada, persistia, encobrindo os horrores macabros que assombrariam a pequena comunidade para sempre. O frio mortal daquela noite insana se estendeu para além das fronteiras do real, congelando os corações daqueles que ousaram lembrar da terrível nevasca que trouxe consigo o horror indizível.

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⏰ Última atualização: Nov 16, 2023 ⏰

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