- Me-me perdoe. Isso nunca havia acontecido.
- Tem uma primeira vez para tudo não?!
Ele disse, gemeu baixinho tirando o pé de baixo da moto e ficou em pé já sacudindo a poeira. Segurei as mãos em frente ao corpo um pouco nervosa. Me deu o capacete e eu segurei, imaginando como seria um capacete petrificado, enquanto ele erguia a moto e a avaliava.
- Muito ruim?
Perguntei preocupada.
- Ah... acho que não, só um amassado e uns arranhões no tanque.
A moto era uma Vyrus Alyen 988.
- Perdão, não queria ter causado isso.
- Tudo bem, ando muito depressa com minha amiguinha também (ele disse com a mão na moto), devia ser mais precavido.
Eu sorri e fiz menção de sair.
- Como se chama?
- Bonnie.
- Sou o Thomas.
- O quê?
O nome dele me fez lembrar Tomás, subitamente percebi que eles não eram a mesma pessoa e que eu tinha que parar de fazer isso com todo rapaz que acenava para mim.
- Thomas, não é tão diferente Bonnie. Veja, já memorizei o seu.
- Ah... sim sim.
Eu disse com um ar constrangido, comecei a olhar para os lados, ele fechou e abriu a boca, como se buscasse dizer algo mas não sabia o quê. Então perguntei.
- Porque a pressa? Você vinha bem rápido mesmo.
- Oh. Preciso entregar meus documentos para a matrícula na escola.
- A minha acabou de fechar, qual a sua?
( Já eram 07:00 da noite, minha escola começava às 02:00 da tarde e acabavam às 06:30 da noite)
- Ferrás de Almeida.
Disse, era a mesma escola que eu frequentava e ele comentou que já havia estudado na Mirroring também, mas ela estava cheia de pessoas orgulhosas e chatas, por isso quis mudar para essa.
- É melhor deixar para vir amanhã, sorte sua que hoje ainda é quinta-feira, Thomas.
- É, sorte minha.
- Tenho que ir, tchau.
- Quer companhia? Posso te levar.
Olhei para a moto dele, depois para a estrada, minha casa estava próxima, mas aceitei. Chegamos em menos de 10 minutos.
- Obrigada, eu disse descendo da moto.
Fiz questão de não me segurar nele, tinha medo que em algum momento algum pedacinho por mais minúsculo da minha pele ficasse à mostra e o tocasse. Sempre tenho cuidado com os abraços de Sônia, a dizendo para não apertar de mais por doer, ou algo do tipo.
- Te vejo amanhã Bonnie?
- Claro.
Eu disse sorrindo, e entrei sem olhar ele partir. Joguei a mochila na mesa baixa e capotei no sofá. Depois de um cochilo fiz um nissin e peguei uma garrafinha de refri no frigobar, peguei o celular, não tinha tv, não precisava de uma. Liguei para Sônia, eu sempre ligava avisando que já tinha chegado, no início eu ligava, depois que parei ela reclamou e me disse que sempre ligasse. Sônia mais parecia uma irmã mais velha, em parte deve ser pelo fato de achar que eu fui... violada, mas sei que também é por gostar muito de mim.
- Você andou mais devagar hoje?
Perguntou, também estava mastigando, como eu.
- Quase fui atropelada, estou bem.
- Como?
- Falta de atenção, receberemos um novo aluno.
- Ah?
- O cara que quase me atropelou -a culpa foi mais minha- ele vai estudar na nossa escola. Conversamos por alguns minutos e ele me deixou em casa.
- Sério?! Que incrível.
- Não vejo nada de anormal, com a minha leseira é comum quase ter sido atropelada.
- Não falo disso! Estou falando do rapaz, coincidência né?! Só pode ser o destino te enviando um presente depois de um susto!
Ela estava eufórica, eu comecei a rir, até falar:
- Não acredito em destino. Mas acredito que se ele existe mesmo, acertou em cheio me dando você como amiga.
- Digo o mesmo! Mas prefiro quando você acrescenta o "lindinha".
- Tá ok, minha lindinha.
Ela riu e eu disse que ia desligar.
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De Encontro Ao Passado Por Um Futuro Melhor.
Short StoryBonnie é uma estudante comum como qualquer outra. Aplicada e inteligente. Órfã de pai e mãe, tendo uma única melhor amiga e recebendo afeto de poucos. Mora em Green Bay, sua vida segue como o planejado até que ela conhece Tomás e o que seria um ano...