– O que você quer?
Perguntei em um sussurro.
– Você…
Ele respondeu, fechei os olhos e os apertei com força, poderia ser um sonho, poderia mas não era, percebi. Ele cercou minha cintura e pôs o queixo no meu ombro, me abraçando mesmo que por trás. Ainda estava com os olhos fechados, até que… ele chorou, escutei, senti o soluço dele, abri os olhos e ele já não estava mais lá, ou melhor, aqui, comigo, vasculhei o quarto, com muito medo fiz uma revista no resto da casa e ele simplesmente sumira. Ou será que foi tudo coisa da minha cabeça? Seria normal eu ter sequelas. Não acho que eu esteja louca, mas acho que posso acabar ficando se isso não acabar. Mas não ia pensar nisso agora, não ainda. Me arrastei de volta ao quarto, não dormi, tive medo de ter pesadelos então esperei pela hora do passeio com meus amigos. Quando eu já estava pronta para sair com todo aquele rouparal (você deve estar se perguntando o porquê da roupa que visto não virar pedra, não é?! Aprendi com o tempo a me concentrar, se eu quiser posso não transformar algo em pedra, mas para isso eu teria que ter ao menos uma semana com o objeto para não o transgredir, e também depende do peso e do tamanho dele, não sei se isso funciona com pessoas, não planejo tentar, nunca) Sônia me liga e eu atendo.
– Mas você quem marcou!
Eu disse chateada.
– Realmente não posso ir, mamãe chegou de viagem e está todo mundo animado, vamos comemorar. Sinto muito não poder trazê-los, é um pouco íntimo sabe?!
Magoou um pouco, não por ela ter falado para mim, mas por não conhecer esse "íntimo" quando se trata de pais, família…
– Tudo bem. Como vou avisar para Thomas?
– Já avisei, peguei o número dele enquanto você entrava em transe, sempre pensando demais.
Ri e desliguei. Eu realmente parecia um robô as vezes, pausando e ficando quieta por uns minutinhos, quando isso acontecia, na maior parte das vezes, era… Tom… que estava na minha mente, me assombrando, me dizendo para procurá-lo, para ser sua, via uma reprise da cena por diversas vezes tentando ver onde errei, onde poderia ter sido diferente, o que eu poderia ter feito ou não devia ter feito. Esperei por Thomas no portão, usava uma blusa de manga cava branca, com outro de mangas compridas por baixo, claro, luvas transparentes pretas e uma calça azul escuro, era mais simples, a bota não tinha um salto grande e era confortável e linda, preta também. Tirei uma luva e saí tocando as folhas da árvore, ri e chorei a cada toque. Até escutar Thomas acelerando a moto. Coloquei rapidamente a luva.
– Parece que teremos um encontro a dois.
Ele disse sorrindo e me estendendo um capacete, perguntou se eu precisava de ajuda, eu precisava, mas fiz que não com a cabeça e consegui colocá-lo sozinha. Subi na moto e ele disse que eu poderia segurar firme, abracei sua cintura e segurei meu pulso para não tocá-lo mais do que deveria. Era impossível não me escorar nele, depois de falhar por várias vezes deixei minha cabeça encostar nas suas costas, só agora percebi os ombros largos que ele tem. Ele é lindo e muito simpático, como seria namorar com alguém assim? Abraçar alguém assim? Beijar alguém assim? Eu nunca saberia, estou condenada a não conhecer o amor por… não amar Tom, percebi que eu nem sei o que é amor… o vento que dançava com minha blusa me acalmou. Paramos em uma sorveteria.
– Vou logo dizendo, eu pago.
Ele disse.
– Depois não reclame.
Respondi, entregando o capacete e pondo as mãos nos bolsos da calça. Ele estava muito bem vestido, usava uma jaqueta preta e em baixo havia uma blusa lilás, a calça era preta e usava um tênis azul escuro com listras brancas. Ele me percebeu olhando-o e deu uma voltinha charmosa para mim, para logo em seguida por as mãos nos bolsos da calça, como eu.
– Esse sorvete é muito bom!
Disse animada para ele. Um homem que provavelmente era o dono do lugar, se aproximou, usava um avental cinza e roupas amarrotadas.
– Com licença, estamos tirando fotos dos casais para pôr no nosso mural.
Olhei para Thomas e ele sorriu, se levantou e ficou atrás da minha cadeira com as mãos em meus ombros.
– Pode tirar.
Ele disse, e pude escutar o sorriso em sua voz. O homem fez um gesto, chamando uma mulher baixinha de trás do balcão e ela veio com uma câmera, lembrei que Sônia ficaria orgulhosa de mim, por estar me enturmando com Thomas e não o afastando como sempre faço com os garotos, então sorri genuinamente. O senhor nos entregou uma das fotos e depois colocou a outra no mural, que já tinha um número razoável de fotografias. Olhamos nossa foto e sorrimos. Quando acabamos os sorvetes ele perguntou se havia alguma pracinha tranquila próxima a minha casa, disse que sim e fomos para lá. Levava comigo uma bolsinha, com o celular, e um espelho para ajeitar meus cabelos se necessário. Sentados lado a lado, coloquei a bolsinha e as mãos no colo.
– A lua está linda.
Ele disse. Sorri, estava mesmo.
– Gosto da lua, ela me lembra que o dia acaba e com ele se vai toda carga, e também me lembra que ele volta e nos dá mais uma oportunidade de continuar.
Disse, sorrindo para lua e depois olhei para ele.
– Então você também deve admirar o sol.
– Não tanto quanto a lua. Mesmo que o sol seja o maior astro e seja irremediavelmente importante, para ele não podemos olhar. Com a lua é diferente, ela tem esse jeito modesto, de quem brilha timidamente, mas é acessível aos nossos olhos, se você encarar o sol corre o risco de ficar cego, já ela não.
Ele ri.
– Até parece que está falando de uma pessoa.
– Hum… talvez eu a trate como uma mesmo, não tive muitas pessoas para dar e receber carinho em toda minha vida.
Ele pegou uma de minhas mãos, tomei um susto com isso mas deixei, ele se aproximou e virou-se para mim.
– Talvez você ache repentino e sem sentido mas… eu gosto muito de você, e nunca vou te forçar a nada de que não queira, mas se quiser, se quiser abrir seu coração e expor o que sente para mim, estarei aqui.
– Obrigada, mas acho que você não pode me ajudar.
Baixei a cabeça e ele soltou minha mão novamente sobre meu colo, tirou algo do bolso da frente e me entregou. Uma máscara fina para cobrir a boca e o nariz. Ergui uma sombrancelha.
– Pode colocá-la?
– Mas… para o quê?
Ele só me olhou, então coloquei. Baixei ela ao queixo para falar mais claramente.
– A minha rua não é tão poluída assim.
– Coloque a máscara.
Ele pediu. Coloquei, ele pegou minha mão de novo e se aproximou, ficou com o rosto a poucos centímetros dos meus, como se esperasse… por mim. Fechei os olhos, então ele me beijou, mesmo por cima do pano fino, uma lágrima desceu, sentir-se querida é assim?! O momento foi mágico para mim, mesmo que tenha sido rápido.
– Vou te levar para casa.
Ascenti. Ele me deixou em casa e foi embora. Espera! Se ele me deu a máscara… ele sabe! Como ele sabe???
– O que está acontecendo?? Como ele ficou sabendo?? Minha nossa, mais alguém sabe?
Liguei para Sônia,ela não atendeu, liguei várias vezes até que uma mulher atendeu o telefone, a mãe dela.
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Haha! Que acham que está acontecendo? Thomas sabe ou não sabe de algo? Vamos descobrir. Votem❤️
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De Encontro Ao Passado Por Um Futuro Melhor.
Short StoryBonnie é uma estudante comum como qualquer outra. Aplicada e inteligente. Órfã de pai e mãe, tendo uma única melhor amiga e recebendo afeto de poucos. Mora em Green Bay, sua vida segue como o planejado até que ela conhece Tomás e o que seria um ano...