Ainda não tinha me permitido pensar em Tom.
– Chega. Foi só um sonho ruim.
Abri a porta normalmente e caminhei até o portão, Thomas estava lá sorrindo.
– Pensei que só sairíamos a noite, e com Sônia.
Eu disse em reprovação, ele me olhou de cima a baixo,aaah, eu devo estar horrenda e fedorenta também! Nem havia lembrado da roupa que estava, bom, nada de mais, ele é meu amigo e vai ter que se acostumar com uma Bonnie despojada.
– E é. Mas lembrei de você e quis trazer um lanche, posso entrar?
Ergui as sombrancelhas e realmente, eu não havia aberto o portão. O deixei entrar mesmo sem jeito, mesmo Sônia nunca havia entrado na minha casa, ao menos ela estava limpa e organizada, fiquei feliz ao lembrar disso. Entramos, ele me entregou a sacola, havia uns bolinhos e pães de queijo, com sachês de mustarda, tudo ainda quentinho, ele deve ter comprado há poucos minutos.
– Vou me lavar e trocar essa roupa, se incomoda se eu demorar um pouquinho?
– Não, espero.
– Ok. O sofá é todo seu, sinta-se a vontade.
Saí, peguei um vestido de mangas compridas beje, luvas pretas e a meia calça preta também com um tênis de cano baixo. Quando terminei de tomar banho vesti tudo o mais rápido que pude no banheiro mesmo.
– Vamos comer?
Eu disse, sacudindo os cabelos úmidos afim de que secassem mais rápido.
Estava tudo gostoso, principalmente por estar morrendo de fome.
– Obrigada.
Sorri para ele, que me olhou sorrindo de lado.
– Você pensou no que te disse?
– O que?
– Sair comigo…
Parei para refletir um pouco…
– Amanhã tenho que ir ao mercado fazer umas compras, me acompanha?
Ele riu.
– Não era o tipo de encontro que eu esperava, mas é válido, topo.
– Amanhã às 07:30.
– Você acorda muito cedo.
– Nem sempre na verdade. Gostava de sair para correr cedinho da manhã mas…
– Mas…?
Um fragmento, ele não iria saber a história toda, um pedacinho não faria muita diferença.
– Tenho medo. Sabe, um garoto meio que… me "preseguiu" por um tempo, e mesmo tendo me mudado sinto que ele sempre está aqui, pelas ruas, olhando para onde quer que eu vá. Soa meio paranóico?
– Um pouco. Mas acredito que esteja mais segura em casa, melhor não sair sozinha tarde da noite ou de madrugada para correr.
– Uhum.
– A casa está cheirando a neve.
– Não é! Eu também acho, apesar da embalagem dizer que o aroma são de flores do campo.
Fiz uma pausa e depois mordi mais um pedaço do pão de queijo.
– Você também está perfumada.
Corei instantaneamente, quase me banhei com o perfume na verdade…
– Obrigada.
– Ei, você comeu mais pão de queijo que eu.
– Ninguém mandou ser tão lento ué.
Fui mais rápida e peguei o último pão de queijo, ele estava exagerando, comi uns três e ele também, esse era o que havia sobrado. Ergui a mão com meu prêmio, ao lado do meu rosto.
– Você não é mais rápido que eu.
Ele quase voou da cadeira onde estava e segurou meu braço, se aproximou tão rápido mordendo um pedaço do pão de queijo, que só quando ele se afastou percebi que ele poderia ter tocado meu nariz ou minha testa, o pensamento me fez dar um pulo mesmo na cadeira (que era sem encosto, daquelas altas em que não alcançamos o chão e rodam para um lado e para o outro), a cadeira começou a virar comigo. Eu gritei, sabia que aquilo seria doloroso, mas Thomas já estava lá me segurando, não percebi que eu havia o agarrado também, deve ter sido o desespero. Ele me pôs no chão devagar e se afastou alguns centímetros.
– Você está bem?
Podia ter feito você virar pedra, podia ter caído e me machucado, podia ter feito você virar pedra novamente por tê-lo agarrado e nada disso aconteceu. Respirei fundo.
– Sim, estou.
– Desculpe, não costumo roubar o pão de queijo dos outros.
Nós rimos e eu apanhei a cadeira.
– Acho que é hora de eu ir, né?!
Será que ele esperava que o convidasse para ficar mais? Não tenho motivo para isso e nem saberia como entreter ele.
– Acho que sim, te acompanho.
O levei até o portão e dei tchau. Ele subiu na moto e saiu. Esperei ansiosa para que a noite chegasse, mas para não perder tempo coloquei em dias qualquer atividade atrasada e descansei mais um pouco. Escutei uma risada vinda da cozinha, travei na mesma hora. Alguém aplaudiu e continuou a rir, escutei passos caminhando em direção ao meu quarto, corri o mais rápido que pude e tranquei a porta.
– Quem está aí?!
Exigi saber. Meu coração parecia gritar por socorro e todo meu corpo tremia. Senti um calor no pescoço, como se… alguém estivesse respirando ali, atrás de mim… não ousei me virar, não queria ver quem era.
– Sou eu…
Meu corpo estremeceu e permaneci em pé, mas quase desabando de medo e horror, como ele entrou, como ele estava ali no meu quarto falando comigo e qual o motivo de tudo e mais um pouco eu não sabia e não queria saber mas… precisava.
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Eitaaa!! Mais um capítulo saindo do forno, quentinho para vocês 😉❤️
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De Encontro Ao Passado Por Um Futuro Melhor.
Short StoryBonnie é uma estudante comum como qualquer outra. Aplicada e inteligente. Órfã de pai e mãe, tendo uma única melhor amiga e recebendo afeto de poucos. Mora em Green Bay, sua vida segue como o planejado até que ela conhece Tomás e o que seria um ano...