★ Capítulo 07★

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No caminho eu não sabia o que dizer, não tinha muito assunto, não com ele.

– Você tem namorado?

Ele perguntou, do nada.

– Ah… não.

Tom… ele quis ser meu namorado, meu marido, pais dos meus filhos, à força, ele me quis contra minha vontade, me forço a lembrar.

– Por quê?

– Porque não. Eu não posso te explicar, é tudo muito… confuso mas, não posso ter namorado.

– Mas você nunca quis namorar alguém?

– Ah… eu acho o professor de gastronomia um gatinho…

Eu disse com um sorriso malicioso, lembrando dos músculos do professor e o maxilar firme, até me tocar que não estava conversando com Sônia! Minha nossa! Parei de sorrir e mordi o lábio.

– Quero dizer, bom, não faz mal achar o professor bonito não é?!

– Acho que não. Mas você tem alguma coisa com ele?

– Não! Cla-claro que não. O acho bonito(lindo, maravilhoso e charmoso…) e só isso, não quero namorar com ele. E com ninguém. Mas, já pensei que poderia ser… legal.

– Namorar o professor?

– Não caramba, namorar, só namorar alguém.

Nós rimos.

– Você namora?

– Não, já tive alguns rolos, mas nada sério.

– Aiai,meninos…

– O quê? Não posso?

– Pode. Mas acho sem sentido sair com meninas só por teste. Para ver se vai dar certo ou não… sei lá, desculpa é que eu sempre imaginei que se caso eu chegasse a namorar, seria sério e com uma pessoa séria.

– Ououou calma aí. Não saí com elas por testes, foi só passa-tempo mas era isso que eu era para elas também.

– Tá bom então.

– E você, nunca saiu com ninguém?

– Já sim, mas só a passeio e faz muito tempo(quando eu era normal, completei mentalmente).

– Você… queria sair comigo?

– Nós vamos sair amanhã, você sabe né?!

Eu disse rindo, ele não riu.

– Quero dizer só nós dois.

– Tenho cara de passa-tempo pra você?

Perguntei sem pensar…

– Não, claro que não. Digo, só pra gente se conhecer.

– Talvez.

Respondi, queria me sentir uma garota normal por algum tempo.

– Hora de se despedir. Tchau, nos vemos amanhã com a Sônia.

Falei acenando, ele sorriu e meu olhar foi fisgado olhando para a boca vermelha e os dentes brancos, pois ele alargou ainda mais o sorriso.

– Tchau, Bonnie.

Entrei cautelosamente,eram quase 06:30, deitei no sofá enquanto o microondas esquentava a quentinha que estava na porta, devia ser Lia, a tia do orfanato, o bilhete dizia "para minha pinpolha esperta, não coma só miojo! Blâr…" então sim, era dela o presentinho gostoso. Tomei um banho e escovei os dentes, deitei na cama e dormi. De repente era Tomás que estava na porta entreaberta do meu quarto, ele me olhava tristemente.

– T-tom?

Gaguejei.

– Por que não veio até mim?

Ele caminhava até minha cama, tentei levantar mas não tinha forças.

– Tom…

– Eu poderia e posso te dar tudo o que você quiser.

Ele estava sentado ao meu lado pondo as mãos no meu rosto, todo o meu corpo estava imóvel, não conseguia me mecher, as lágrimas não demoraram a vir.

– Eu me apaixonei por você e… o que sinto não te importa não é?!

– Não queria que tivesse sido assim mas, eu não te amo.

– Cale a boca!!

Berrou, me assustando o suficiente para me fazer gritar.

– Por favor… me liberte.

– Não posso, Bonnie querida. Tão triste… não poder sentir outra pele, o calor que emana de outro corpo. Sônia estava pesquisando sobre como te convencer a deixá-la beijar sua bochecha, ela acha que esse poderia ser o primeiro passo para que você conseguisse superar tudo… pensou que talvez fosse melhor te beijar de surpresa.

Me assustei, seria trágico.

– Mas ela desistiu da ideia, acha que isso também poderia ser um gatilho pra você e acabaria te prejudicando mais.

Alívio. Bom que ela pensasse assim mesmo.

– Não toque nela.

Me vi falando. Estava soluçando baixinho.

– Ela não me interessa. Mas você sim.

Ele se aproximou e pude sentir o mesmo hálito da noite em que me beijou forçadamente, mas antes que seus lábios encontrassem os meus acordei. Os cabelos estavam feito um ninho, os panos tão amarrotados que logo percebi que tudo não passara de um pesadelo, um maldito pesadelo. Me abracei, nem o próprio calor do meu corpo eu podia sentir direito,(já que até para dormir eu me vestia por inteiro, não queria que os panos ou o colchão virassem pedra) eram raros os elementos naturais que não petrificavam ao meu toque, água era um deles, a maior parte das coisas que eram líquidas pareciam imunes a mim, mas ainda não fazia sentido, fui ao banheiro, molhei o rosto e esperei que secasse, no vento da janela, me assustei com o que vi, dois homens pareciam discutir, mas não conseguia ouvir nada do que eles falavam. Um soco me fez levar as mãos a boca, a luminosidade não era das melhores, um parecia ter cabelo escuro e o outro mais claro. Um deles pareceu olhar para o portão da minha casa, fechei apressada e cuidadosamente a janela. Assustada voltei para a cama e dormi depois de mil e uma paranóias. Sábado, depois que já havia feito minhas higienes e não bocejava mais, fiz meu rabo de cavalo, peguei o aspirador de pó e agradeci a mim mesma por ter poucos móveis. Depois de toda poeira tirada minha barriga roncava de fome e lembrei que amanhã era dia de ir ao supermercado. Não ia comer enquanto a casa não estivesse cheirosa. Depois que o chão estava limpinho, as roupas dobradas ou dentro do tanque, tudo sem poeira e no seu devido lugar, borrifei um produto no banheiro e por toda casa, o aroma era suave, era como se nevasse dentro de casa. Sentei por cinco minutos, alguém bateu palma no portão. Gelei. Ainda não tinha me permitido pensar em Tom.

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Pessoas, o que estão achando? Ainda no tédio? As melhores partes estão perto de chegar, então aguentem firme em?! Repito, muita coisa só vai fazer sentido quando o fim estiver próximo. Ah, quero agradecer a Sa❤️(brina), que me deu a ideia do nome da protagonista, ·Bonnie·. Go, vote!

De Encontro Ao Passado Por Um Futuro Melhor.Onde histórias criam vida. Descubra agora