★ Capítulo 06 ★

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Perguntou Sônia para ele. Eu mastigava tranquila, tentando abafar Tom… não queria lembrar dele, principalmente agora que estava fazendo um novo amigo. (Que estava CONSEGUINDO fazer um novo amigo)

– 17 e vocês duas?

– O mesmo.

Disse Sônia por mim.

– Você trabalha?

– Sim, numa vendedora de automóveis.

– Uuh…

Deixei sair… isso explicava a moto moderna.

– Bom, eu não trabalho.

– E você Bonnie?

– Limpeza doméstica, três vezes na semana, eu gosto.

– Que bom. Vejo que também gosta de comida picante.

Ele disse, olhando para o prato em minha frente, meu macarrão tinha muito molho e havia uns pedacinhos minúsculos de alho espalhados na carne também.

– Ela é teimosa, já deu indigestão nela.

Disse Sônia fazendo careta pra mim.

– Estou fazendo um tratamento com os remédios que o médico passou, só não posso comer demais.

– Não acho que isso aí seja pouco.

Disse Thomas levantando do banco em frente a mim e pegando do meu macarrão, Sônia trocou o pedaço de carne comigo, eu comecei a rir e dizer que era injusto.

– Isso é um complô contra mim?

– Não. Isso é precaução.

Disse Sônia com um biquinho. Nós comemos ao mesmo tempo em que falávamos da escola para Thomas. Voltamos para a sala risonhos, os alunos como sempre me encarando estranho, tive vergonha dessa vez, pois não havia falado para Thomas que as relações dele com os outros poderia ser afetada caso andasse comigo, mas não queria tirar esse novo amigo de Sônia...e de mim. Ele notou que eu havia parado e estava pensativa, inesperadamente pegou minha mão enluvada e sorriu pra Sônia, que foi sentar no seu lugar.

– Quero te mostrar uma coisa!

Ele me levou até sua cadeira e me sentou lá, com um braço no meu ombro e outro no caderno ele me mostrou alguns desenhos.

– Uau. São seus?

Perguntei surpresa. Um deles era uma flor gigantesca, e uma menina estava sentada em uma das pétalas; outro era uma cerca baixa e cor de madeira recém cortada, com uma grama bem verde e alta.

– São sim.

Havia um que me parecia familiar, era uma menina de boné, com o pescoço esticado olhando para a lua que refletia em seus olhos, era lindo também, antes que eu pudesse ver mais detalhes ele pegou os papéis.

– Era… só isso.

– Oh. Obrigada, eles são lindos.

Ele sorriu e me levantei, o professor chegou e o desenho não saía de minha cabeça, depois de algum tempo deixei para lá e absorvi o máximo que pude da aula de Artes. Na saída:

– Podíamos marcar de sair no sábado, o que acham?

– Estou ocupada pela manhã.

Afirmei, destruindo o sorrisinho animado de Sônia.

– Poderia ser pela noite, não? Posso levar as duas para casa.

– Isso! Eu concordo.

Ela disse esticando o braço e sorrindo pra mim. Fui obrigada a aceitar, nunca mais havia saído, a última vez que tomei sorvete com Sônia acabamos estragando o clima, e não me pergunte o "por que", nós chegamos, pagamos o sorvete, sentamos e começaram a me olhar estranho. Ok. Sônia quase rosnou para eles, mas fora isso somos inocentes.

– Às 06:00 pode ser?

Perguntou Sônia, e nós dois concordamos, Sônia ia pra casa com o pai que sempre vinha buscá-la de carro. Quase morri de preocupação, no dia em que ela insistiu em beijar minha bochecha quando saímos da escola, o que eu faria se ela ficasse petrificada ali?! Além de perder minha melhor amiga descobririam o que sou, nem sei como me denominar mas… normal  com certeza não sou mais.

– Acho que chegou a hora de te oferecer uma carona.

– Então acho que chegou a hora de recusar a carona.

Ele piscou surpreso, eu ri.

– Gosto da moto, mas ainda prefiro ir a pé, leva mais tempo mas, eu gosto...( de ir chutando as pedras, quase disse).

– Então te acompanho a pé.

Ele colocou a moto em um lugar razoavelmente seguro, ali era muito tranquilo, a chance de um assalto era quase nula. No caminho eu não sabia o que dizer, não tinha muito assunto, não com ele.

De Encontro Ao Passado Por Um Futuro Melhor.Onde histórias criam vida. Descubra agora