★ Semi-deuses imundos★

3 4 0
                                    

Estava na minha sala, e um segundo depois estava em um lugar iluminado por candelabros, Tom riu sentado em uma espécie de trono, acho.

– Você demorou demais.
– Sem enrolação Tomás. Me diga o que realmente quer e me deixe livre.

Ele levantou e caminhou com passos firmes até mim, agarrou meus braços e pude ver fúria em seu olhar.

– É você quem eu quero!!
– Você não pode ter tudo que quer!

Thomas?? O que ele estava fazendo ali?? Conhecia Tom? Tomás me soltou bruscamente, tropecei mas não caí.

– O que veio fazer aqui meu irmãozinho?
– Vim reivindicar Bonnie.
– Reivindicar? Do que está falando?

Interrompi, confusa. Tom sorriu, me arrupiei e ele pareceu sentir o medo que eu tenho dele, o medo que ele causou em mim.

– Somos irmãos, Bonnie.

Disse Thomas tranquilamente, eles só se pareciam nos nomes e nada mais. Minha cabeça girava.

– Somos… semi-deuses, entende?
– O-o quê??
– Não seja tola Bonnie, como acha que te amaldiçoei, não pensou que eu era um feiticeiro não é?!
– Então, se tudo o que estão dizendo, é verdade… o que eu tenho haver com isso?

Raciocinei rápido, vim para ter respostas, mesmo que eu tenha acabado de mudar as perguntas. Thomas começou a explicar calmamente.

– Sobre nós há uma maldição, um dia, um dos nossos quis se tornar um deus, então foi castigado, ele e toda sua geração, consequência de sua inveja e arrogância. A cada geração uma missão nos é dada, conquistar a humana por quem nos apaixonamos, não te escolhemos por acaso, você foi escolhida para nós, independente dos seus sentimentos por nós, nascemos para amar você, não importa as circunstâncias. Mas se você não nos quiser, a maldição continua, e depois de nós virão outros, até que a maldição seja quebrada, por fim. Tomás não tinha o direito de ter lhe amaldiçoado, ainda mais sabendo o peso de ter uma sobre as costas sem nem ao menos merecer tal coisa, e você não merece nada do que está acontecendo Bonnie.

A gargalhada de Tom me fez congelar novamente.

– Belo discursinho, mas há um porém. Somos gêmeos Bonnie, os dois nascemos para te amar, será que não entendeu?! Tem que escolher entre um de nós!
– Não, ela não tem! Se ela não quiser você e nem a mim, ela simplesmente vai sair daqui, humana novamente, sem anormalidades.

A calma com que Thomas falou me deixou assustada, queria fazer algo, mas não sabia o que.

– Quem disse? Bonnie já é minha, você nem ligava para ela.
– Deixei o caminho livre para você sim, mas não significa que eu não estava sofrendo com isso.

Ele olhou para mim, ascenti, acreditava nele.

– Então lutaremos, irmão.

Parei e comecei a pensar em todas as fantasias, todas as histórias e contos de criança, nunca ouvi nada sobre isso, mas em todos os livros, lutas não terminavam bem para um dos lados.

– Não! Por favor, não briguem. Não vale a pena.

Os dois responderam em uníssono "Por você vale", e depois se encararam surpresos. E a luta começou, mas eles não estavam usando poderes, era luta braçal, corpo a corpo. Senti com Thomas o soco no estômago que recebeu de Tom, e senti com Tom o chute nas costelas que recebeu de Thomas. Céus! Eu gemia de dor, sentindo a pele picar e arder, doer e queimar. Era sobrenatural o que estava acontecendo, não queria que houvesse chegado aquele ponto. Uma luz incandescente cegou a todos nós, uma mulher de cabelos longos e vestido esvoaçante surgiu de dentro de todo aquele clarão, os olhos cor de marfim e os cabelos pretos como carvão brilhavam conforme ela tocava o chão, com sapatos dourados, a expressão tão petrificada quanto as coisas que toco.

– Semi-deuses imundos…

Ela disse, para ninguém em particular.

– Estou cansada de vocês.

Falou novamente.

– Reivindico os dois fracassados para cumprir com a pena, já que não conseguiram conquistar a… humana.

O desprezo nos olhos por eles, por mim, era claro. Espere. Que pena?

– Que pena?

Perguntei para Thomas, ele estava ofegante, Tom também, e foi ele que me respondeu.

– A morte Bonnie, tudo graças a vo…

Antes que ele completasse um soco o atingiu e ele saiu bolando, eu caí no chão e só agora eles perceberam que eu sentia tudo o que eles sentiam fisicamente. Thomas correu até mim, mas eu recuei, não queria que ninguém me tocasse, ainda estava afogada em interrogações.

– Tolos sem criatividade.(disse a mulher gargalhando) A ligação entre os três foi ativa no momento em que a menina pisou nesta sala. Mas é hora de cortar laços.

Não percebi que um "Não" havia saído de mim, quando aquela luz preencheu os corpos dos dois, os fazendo cair e se debater no chão, chorei sem enxergar direito. Corei de ódio por não conseguir me direcionar a nenhum deles, até que aquela luz cessou e os dois estavam caídos um ao lado do outro, de olhos abertos. Corri até eles me lançando ao chão, Tom era o único em que eu podia tocar, conferi sua garganta e ainda estava respirando, mas era lentamente e os batimentos estavam fracos, senti a respiração de Thomas tão fraca quanto a do irmão.

– Quem é você?

Perguntei, mesmo de costas para a mulher.

– A deusa do mundo inteiro garota, e meu nome você não merece saber.

Cretina orgulhosa e…

– Posso escutar seus pensamentos garota, obrigada pelos elogios, mas sou tímida, então é melhor parar.

Olhei para ela, que havia me dado as costas. Lembrei das risadas genuínas com Tom, de Sônia achando que eu combinava com Thomas, de mim mesma sonhando em ser normal novamente, poder amar, aprender a amar… direcionei o olhar para Tom, quase sem vida.

– Eu te amava, e te amo, não da forma como você queria, me perdoe por não te libertar dessa merda e em troca te perdôo por ser um babaca comigo.

Beijei sua testa, me virei para Thomas e sorri por alguns segundos.

– Eu também te amava e te amo, e… eu queria uma vida com você. Queria uma casa com você e filhos também. Me perdoe por não saber amar, me perdoe por não ter te amado antes…

Enxuguei as lágrimas dos meus olhos, beijei a ponta dos meus dedos coberto pela luva fina e coloquei sobre a testa dele. Olhei para onde a porcaria de deusa estava e não pensei antes de fazer o que fiz. Já tinha me decepcionado e me arrependido de muitas coisas em toda minha vida, se me arrependesse agora, não teria problema, só adicionaria a lista de culpa. O candelabro petrificado acertou em cheio a cabeça da mulher que rosnou e me atirou contra o piso só com a fúria que tinha.

– Como ousa, sua…!
– Não me importo com seu harém de deuses e deusas, nem com qualquer outra coisa que vocês possuem ou querem possuir , mas me importo com eles(as lágrimas desciam silenciosas molhando meu rosto e encharcando minha triste alma), e se eles não podem viver, não quero viver sem eles! Mate a mim também!
– Não posso.
– Pensei que era a deusa do mundo inteiro.
– Temos um acordo com os Semi-deuses menina, não agimos como humanos tolos.
– Mas eu sim, se estou na sua "tutela" então sinto muito por você, o acordo será quebrado.

Pensei em morrer, em bater com a cabeça em qualquer lugar, ou achar uma faca e enfiar no meu peito, de encontro ao meu coração. Não queria mais sentir nada se não podia escutar os batimentos de Thomas, ou o riso de Tom, mesmo que me assustasse. Ela sabia que pensei em morrer. Subitamente comecei a levitar, minha garganta se apertou, ela estava me sufocando devagar e levemente.

– Irracional, é isso que os seres humanos são. Mas, parabéns garotinha. Você conseguirá o que quer.

 
  °°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°°

Dois episódios hoje, pois ontem não havia publicado. Espero que gostem...😉👍

De Encontro Ao Passado Por Um Futuro Melhor.Onde histórias criam vida. Descubra agora