Brincando com fogo

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Irene se retirou vendo as sombras balançarem por conta do castiçal em mãos. Quanto ao seu item em oculto? Muito bem guardado, envolto nas poucas vestimentas que ela trouxera consigo. Um roupão por cima da camisola fina e os cabelos num leve desgrenhar. Ao abrir a porta mais um vez, um baixo ranger interrompeu o silêncio, notou metros a frente, o perfil misterioso do vampiro lhe aguardando.

Taehyung estava de frente a janela da cozinha, dali podia notar com privilégio uma grande lua cheia, que pintava o céu escuro e estrelado. Uma luz branca e forte que competia com a da lamparina, sobre qual evidenciaria o seu olhar pensativo.

Se o destino pudesse falar, certamente diria o quanto Taehyung e Damon se pareciam em tal situação, desta mesma forma, como uma pintura atemporal!

Algo da qual nunca poderia mudar, o destino e os laços de sangue que os unia, como pai e filho, ou como vampiros temperamentais que guardavam mistérios em seus recônditos.

Notou a figura perceptível de Irene e desencostou-se. O olhar da jovem estava mais desperto, junto com os seus sentidos e a sua mente, em constante vigilância.

De modo silencioso, olhando-a de soslaio, Taehyung passou a caminhar para o lado de fora, silente para não acordar nenhum morador da casa de repouso, passando por fim pela cozinha escura e abrindo a porta de madeira, que dava acesso ao quintal de trás. As luzes de vela se fizeram inutilizáveis perante o grande luar, que refletia de frente a área externa, exibindo o seu reflexo no tanque de pedras, da qual brotava uma água pura direto da mina.

Dali era tirado tudo o que eles precisavam, por fim as pedras se afunilavam dando caminho a água corrente, que fazia seu trajeto como um braço de rio.

Um banco de madeira ficava aposto próximo ao tanque, o mais alto perambulou perto do mesmo e Irene olhando para frente, se sentou. Avistando sorrateiramente o vampiro, pacientemente aguardando as suas palavras.

— Quando que você descobriu? — A primeira parte da frase escapuliu sozinha, quase que num pigarro, o timbre grave falava baixo, ainda que ninguém pudesse os ouvir. — E como fez aquilo, Irene-ssi?

— Você sabe muito bem quando. — Irene gesticulou o rosto, ao ver que o vampiro estava de pé e ela sentada, igualmente se pôs de pé. — E a outra pergunta, você não entenderia.

— Com toda certeza, eu garanto que entendo.

— E por que eu deveria me explicar para você, Taehyung-ssi? Este é um fator que pode acarretar minha dispensa do lar de idosos? — O modo perspicaz da mais baixa, o fez virar sua fronte na direção — Queria ver você explicando para a Clair que vai me demitir porque eu misteriosamente descobri que você se alimenta de pessoas.

A petulância da serviçal foi tamanha que o Salvatore cerrou os próprios punhos, não sendo suficiente o que ela tinha demonstrado, Irene estava o ameaçando?

— Eu posso dizer outras coisas também, Irene.. — ele tentou manter o controle de suas emoções, já que por alguma motivo, a morena parecia ter o poder de desestabilizá-lo. — Pois certamente ela nunca vai acreditar na sua palavra contra a minha. — contra argumentou — Olhe, eu estou disposto a fazer uma trégua, mas preciso saber exatamente quem você é, o que você é e o porquê de estar aqui.

A fala de Taehyung fora tão incisiva, que temporariamente Irene abaixou a guarda, mordendo o canto do boca. Ele se aproximou do tanque de pedra, onde sem temer qualquer atitude estranha, debruçou-se no rochedo. Viu o reflexo bagunçado de seu rosto, assim como a imagem pictórica de Irene em movimento, a alguns metros distancia.

— Você sabe o porquê, eu estava fugindo, a-ainda estou. — ela disse entredentes, olhou para o lado não querendo trazer a tona o assunto, mas via a necessidade. — Eu sou só uma garota que foi prometida a um cara rico e mesquinho, ele ao ver o meu desinteresse, decidiu que eu deveria morrer ao invés de rejeitá-lo publicamente.

Salvatore ♦  Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora