Linha tênue

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Ao ficar inerte, parada e quieta, acomodada pela quentura dele e encarando o teto amarronzado, Bae Joohyun deixou o ar escapar, se lembrando das bétulas espalhadas pela densa floresta, enquanto ela corria do vilarejo em seu capuz verde para o mais longe possível de um certo vampiro.

Agora, estava alinhada ao corpo de um, sentindo a temperatura dele lhe aquecer, a confortando em seus braços, o que beirava a divergência. Olhando-o atentamente, Taehyung parecia tão humano! Por um momento Irene quase se beliscou, virou o rosto ainda suado para ele, que em contrapartida, a encarava com ternura observando seus detalhes, absorto em seus pensamentos tumultuados e ainda assim, tão claros.

A sifonadora terminou de tombar o seu corpo para o lado, ainda deitada, atenta aos olhos delineados. Não era boba e nem mesmo tinha nascido ontem. — No que está pensando, Taehyung-ssi?

A espinha do vampiro se eriçou, o tom aveludado da Bae o fez arfar! — ... Estou pensando que foi incrível. — a confirmação veio acompanhada de um sorrir franco, Irene sacolejou os olhos pelo rosto dele, observando o nervo de sua mandíbula pulsar! — Eu nunca senti isso por ninguém, Joohyun.

— Mas... você ainda pensa na Jisoo?

A pergunta certeira o fez suprimir um arrepio! Os olhos amendoados da acastanhada pareciam procurar brechas para sondar o seu subconsciente.

— Não e sim. — a respondeu com minúcia, cautelosamente.

— O que quer dizer? — Ouvir a voz calma e incerta do vampiro, a fez se colocar sobre o cotovelo, o lençol da cama ainda os cobria, estando desprovidos de roupa, continuavam tão perto um do outro, os corpos colados, ele com o braço apoiado na curvatura da cintura dela. Se conectou ainda mais serpenteando a mão para o quadril coberto.

Tinha sido tão bom que ele temia que acabasse, não queria isso de modo algum!

— Nós somos só amigos. — pigarreou, sentia receio de vê-la se afastar, caso não entendesse suas emoções. O vampiro desceu as órbitas para a pele alva do tronco desnudo, enquanto ela segurava o tecido na altura dos seios, lhe fitando sem ao menos piscar. — Éramos amigos com vantagem.

— Então não são mais? — Bae Joohyun sabia que a pergunta era incisiva, prendeu o ar vendo ele repetir o ato. — Taehyung.. — não aguentando, ela deixou a respiração fluir. — Eu não devia ter perguntado isso, desculpe, não é da minha conta..

O olhar dele cresceu, exasperado.

— Você não tem do que se desculpar, Bae Joohyun. — Ele acomodou as mãos sobre o maxilar delicado, o rosto de Irene parecia encabulado e ela custou para voltar a olhá-lo diretamente. — A verdade é que a Jisoo é como uma força acima de controle. — Sentiu um nó se formar na garganta, há muito tempo não falava o nome dela em voz alta. — Ela tem um senso próprio de justiça, um instinto extremamente aguçado... — Irene ficou parada olhando os lábios do rapaz se curvarem num breve sorriso, a Bae tentava decifrá-lo. — Ela é perigosa e piedosa ao mesmo tempo, tem um coração altruísta, até demais. — Foi inevitável ele não olhar para a própria mão, que deixou o corpo da sifonadora ao se aproximar, trazendo o anel de pedra para perto dos seus olhos.

O anel que pertencera a Hemert.

— Interessante. — Por um momento, a morena deixou a sua mente desfrutar sem grandes preocupações daquela conversa, estando de frente um para o outro, ela deslizou os dedos sobre o peitoral amostra. — E quanto a mim, Taehyung?

— Você foi uma surpresa inesperada. — Ele sorriu ladino. — Apareceu no momento em que eu estava pilhado na procura do Damon, Jisoo tinha me transformado em vampiro fazia poucas semanas, de algum modo eu pareci uma presa bem fácil e vulnerável p'ra ela, correndo perdido pela floresta. — Taehyung a aproximou de si, abraçando-a de frente. — Quando cheguei aqui eu estava desconfiando da minha própria sombra, sei que fui rude a princípio e não soou legal.

Salvatore ♦  Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora