Fase 1 - Prólogo

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Dez anos depois

Caroline

Eu estava sentada em volta da bancada da cozinha, tentando comer meu café da manhã favorito, Ovos Benedict. Klaus sempre fazia para mim, com seu charme e talento aperfeiçoado pelo tempo. Mas, hoje tive que me virar sozinha. Mirava frustradamente as gemas secas e o pão quase queimado, pois eu não tinha muita paciência para acertar a receita do jeito perfeito de Klaus. Pensando onde ele estaria agora senão cozinhando pra mim, olhava para o horizonte da cidade a minha frente. O vidro que tomavam toda a extensão da parede, era voltado para o leste, destacando toda a luz solar dourada e radiante que inundava a cozinha, deixado-a acalorada e bem iluminada. A vista daqui era incrível, suspirei grata enquanto sentia a luz do Sol no rosto. Dava para ver quase todo French Quarter e alguns vislumbres do bairro depois da ponte. E a visão do Rio Mississipi em contraste com o emaranhado de edifícios ao seu redor era deslumbrante. Não havia muitos prédios altos no French Quarter, para não ofuscar a beleza dos edifícios clássicos e antigos da região. Era proibida a construção de prédios altos nas terras antigas do Quarter. Mas, conseguimos um ótimo apartamento próximo aos hotéis, onde se encontravam os edifícios mais altos e de arquitetura moderna mais em direção ao Mississipi. Depois de muitas idas e vindas, cá estávamos nós de novo nesse apartamento, e dessa vez era para sempre, assim como nos prometemos. Klaus finalmente se desprendeu de qualquer apego que possuía àquele mausoléu do Alley e estava pronto para viver em novos horizontes comigo, de tal forma que os irmãos assumiram de vez a administração da mansão - Elijah adorou, diga-se de passagem, pois começou um pequeno negócio de vinhos na propriedade, mas ele pretende expandir para outras regiões, pois não acredita que o Estado da Luisiana tenha um Clima apropriado para a plantação de uvas - E aqui nessa cobertura, bem a leste do bairro francês e de seus eventos notórios, jazia nosso novo recanto com cheiro de vida nova e de poder. Morar aqui me fazia sentir estar no topo do mundo. Não apenas por causa do luxo do prédio e da vizinhança, ou da sua modernidade, mas, principalmente, pelo o significado do lugar onde ele vivia. Para Klaus era importante estar bem próximo à sua antiga casa no French Quarter, que ele fez questão de tomar de volta de Marcel e que eu ajudei a conseguir, a propósito. Era um simbolismo sobre quem está de verdade no poder e era onde ele mantinha o seu novo Quartel general de intrigas. Mesmo que não morássemos lá, Klaus ainda acredita que ela, por ser o centro de tudo, deve ser administrada pelos Mikaelson. Já a outra e mais antiga casa era mais no campo, mais para dentro da cidade, em Oak Alley, muito linda e clássica, onde os Mikaelson consideravam mais como o seu verdadeiro lar. Mas, ela também era símbolo de muita coisa ruim do passado de Klaus. De sofrimento e de crueldade. Continuar morando nela seria auto flagelo, um martírio. Aquelas terras eram um lembrete vivo de muita injustiça e de tortura, não só para os Originais, mas também para os habitantes do regime colonial. Muita coisa ruim que ele fez ou sofreu se passou naquela casa e manchou a sua história. E nós tínhamos entrado num acordo de sempre tentarmos seguir em frente, de não deixarmos os fantasmas do nosso passado nos assombrarem. Já tínhamos muitos fantasmas de carne e osso nos perseguindo no presente. Viver com o Klaus era uma eterna condenação. Sempre tinha alguém querendo acabar com ele e, por consequência, comigo. É claro, eu contribuí um pouquinho com as minhas artimanhas, mas nada se compara ao ímã para problemas que Klaus Mikaelson tem cravado nas costas. E ele não era e nunca seria um santo. Parte do charme de Klaus era o derramamento de sangue. Eu não poderia ser inocente e acreditar que ele pararia de matar. Pelo menos agora eu sei que ele pondera entes de arrancar umas cabeças e que não faz apenas por esporte, "só quando necessário", concordamos em voz alta. Foi um longo caminho até chegarmos nesse ponto. E eu, bem, ultimamente não tenho estado no meu momento mais pacífico. Poder lutar ao lado dos Originais de igual para igual é uma faca de dois gumes. Ora eu preciso defender minha nova família disfuncional, ora tenho que me envolver nos planinhos psicopatas do meu namorado, ora eu mesma estou arquitetando novos planos mirabolantes com maestria. E, sinceramente, adoro quando chega a minha hora de entrar em cena. É tão bom sentir todo esse poder nas veias. Eu vejo como um presente, não como uma maldição que nem Kol vive repetindo. Me sinto imbatível, sem medo de nada, sem insegurança alguma. Apenas sinto extravasar a minha sempre vontade de ser grande e poderosa. Logo, quando minhas habilidades são requisitadas, é difícil ser racional e escolher as batalhas sem partir para a agressão. Então, ficar de mãos limpas era quase impossível. Mas, agressividade e morte gratuita não é o meu estilo. É o estilo de Klaus e companhia Mikaelson.

Scarlet Dynasty - KlarolineOnde histórias criam vida. Descubra agora