Love Makes You Contradict Yourself

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Klaus

Eu abri os olhos repentinamente, o que foi um erro, porque a claridade que vinha das altas janelas me cegou por alguns instantes.

Eu perdi a noção do tempo; não fazia ideia de quantas horas tinha dormido, mas, ter conseguido essa folga foi revigorante. Olhei no meu relógio de pulso e vi que já passava do meio-dia. Eu tinha uma lista infinita de problemas para resolver e metade deles eu não fazia ideia de como. O que significava que estávamos muitos fodidos, tendo em vista que em termos de quantidade de acúmulo de informação por tempo e por inteligência, ninguém sabia tanto quanto eu. Iria para casa conversar com Elijah e tentaríamos entender algumas questões antes de tomarmos qualquer providência. Porque era fato que nada podíamos fazer até que Silas aparecesse. Provavelmente meu irmão já foi embora há muito tempo e estava ansioso para discutirmos logo esse assunto, eu conhecia ele muito bem pra saber disso. E ter fugido para outra cidade por algum período me serviu de nada e, portanto, agora era hora de agir. O quarto estava quieto e único som que perturbava esse silêncio era o ronronar das nossas respirações; minha e da Caroline. Ela ainda dormia tranquilamente com a cabeça encostada em cima do meu peito. Eu notei que ela estava com um dos braços em volta da minha cintura e soltei um sorrisinho abafado diante dessa visão. Só mesmo o choque da morte que faria Caroline agir assim. Ela jamais me permitiria chegar perto dela dessa forma no seu estado natural. Ela deveria mesmo estar muito fragilizada e esse pensamento me atormentou. Eu queria que ela me retribuísse afeto por livre e espontânea vontade e não porque estava perdida na sua montanha russa de emoções. Esses devaneios me deixaram ferido e a minha vontade foi de ir embora e largá-la ali sozinha, mas eu não consegui. Só o que eu fiz foi ficar admirando aquele rosto que pra mim era lindo enquanto ela dormia tranquilamente. Eu percebi que ela possuía umas sardinhas ao redor do dorso do nariz e senti vontade de beijá-lo. Mas não o fiz. Se ela acordasse e visse o que eu estava fazendo ela ficaria uma fera. E ter uma Caroline de boca fechada, quietinha e sem o seu radar de julgamento ligado era um paraíso. E eu jamais faria qualquer coisa sem a permissão dela, de tal forma a saber que esse tipo de aproximação ainda estava longe do que ela me deixaria fazer. Eu não sabia ao certo o que fazer com relação a ela, como eu faria para adaptá-la a minha vida quando, enfim, ela me aceitasse. Porque sim, ela faria isso um dia. Ela iria perceber que o mundo estava esperando por ela, e nesse dia eu estaria pronto para mostrar o que havia de melhor nele. Mas, só o que eu sabia é que queria ela e não como eu faria isso funcionar. Fiz carinho suavemente nos seus cabelos por alguns instantes antes de decidir quando ir embora.
Eu não queria sair dali, pois sabia que no momento em que eu pisasse para fora do quarto, a mágica do meu tempo com ela acabaria. Sem contar com as desgraças que esperavam por mim do lado de fora do conforto do seu abraço. Inspirei fundo tentando ganhar coragem de deixá-la. Ajustei a minha super audição para saber o que se passava no resto da casa e só o que havia eram algumas conversas entediantes daqueles idiotas. Diante da situação em que estávamos, sem poder prever quando e onde seria o próximo ataque, não poderíamos nos dar ao luxo de descansar. Estávamos na merda total, minha família e Caroline, digo. Com o resto eu não me importava. A qualquer momento Mikael poderia aparecer na minha frente para tentar, pela milésima vez, me destruir ou Esther com mais de um de seus planos de bruxa louca. Suspirei pesadamente. E tinha a questão da morte da Caroline. Com esse pensamento eu comecei a me levantar cuidadosamente, me certificando de não acordá-la. Eu precisava encontrar alguma coisa para reverter a merda que eu deixei acontecer. Ajeitei bem devagar a sua cabeça no travesseiro, alisei a sua bochecha carinhosamente e me abaixei para dar um beijo na sua testa, mas parei no meio do caminho um tanto receoso. Para a minha sorte ela não acordou. Fiquei zelando seu sono enquanto reunia forças para deixar meu pequeno paraíso para trás. Com uma última olhada no seu semblante tranquilo, deixei o quarto silenciosamente. Um dia teríamos o nosso próprio espaço, onde ela dormiria ao meu lado sem nenhum arrependimento ou amarras, e eu não precisaria fugir da sua presença com medo de ser rejeitado. Pelo menos era isso que eu esperava fortemente.

Scarlet Dynasty - KlarolineOnde histórias criam vida. Descubra agora