Klaus
Dirigia um Dodge Charger, tentando forçar o máximo que podia seu motor. Quase sentia pena do dono do carro por ter "perdido" um desses. Mas, ele deveria entender. Eu expliquei que se tratava de um caso de vida ou morte. E certamente seria a morte dele se tentasse me desafiar. "Claro que vou devolver", lhe assegurei. Não preciso roubar nada de ninguém, muito menos um carro velho. Mas, até que ele era potente. Fez muito sucesso na década de setenta, como me lembrava muito bem.
Meus nervos estavam à flor da pele e minha ansiedade aumentava à medida que me aproximava da fronteira de Mystic Falls. Levei algum tempo correndo na estrada até a sorte resolver agir ao meu favor e me colocar no caminho esse carro. Já deveria ter se passado mais de uma hora e Elijah não atendia minhas ligações, era como se o telefone estivesse no "mudo", o que contribuía mais ainda para a minha paranoia e possessividade. No entanto, sempre fui um homem de instintos aguçados. Eles quase nunca me falhavam. Dessa vez eu não estava sendo paranoico.
Quando, finalmente, me deparei com a placa inútil de Boas Vindas àquela cidadezinha inútil, comecei a me sentir aliviado e turbulento em igual proporção. Tentei pela milésima vez algum contato com meu irmão imprestável, mas, nada. O ódio já estava me subindo à cabeça por essa falta de resposta de Elijah. Eu precisava saber onde eles estavam. Era vital que me mantivesse atualizado e agora ele simplesmente havia sido tragado pela Terra.
No que me pareceu serem dois terços de hora após a fronteira, estacionei freando bruscamente e cantando os pneus em frente à casa dos Salvatore, último lugar onde Elijah estava quando falei com ele ao celular. Saí apressadamente batendo com força a porta do carro e corri até à casa, que estava estranhamente silenciosa. Já havia anoitecido fazia algum tempo e o interior da casa estava um breu. Parei para observar enquanto me adaptava à escuridão e apurei minha audição vampírica a fim de encontrar algum ruído, imperceptível aos ouvidos humanos, no resto da mansão. Nada. Silêncio absoluto. Isso me trazia um mau agouro.
Não fazia a menor ideia de onde estavam, mas, tampouco eu poderia ficar sentado esperando alguém chegar, era contra todos os meus instintos depender do acaso, depender de mais alguém. Me senti preso, de mãos atadas e isso me deixou louco. Por fim percebi, muito contrariado, que não havia nada que eu pudesse fazer a não ser esperar. Só o que me restava era aguardar a chegada de meus irmãos e isso seria melhor fazer na minha casa.
Peguei o caminho de volta até o carro emprestado, a fim de acelerar até a minha mansão. Talvez já estivesse alguém lá com alguma notícia, pensei sem muita acreditar de verdade nisso. Tal pensamento foi menos ainda capaz de acalmar meus nervos. Nenhuma situação de que eu não possuísse o controle seria capaz de me dar alguma boa sensação ou me trazer conforto.
Peguei meu telefone, lembrando que daquela vez em Alexandria Kol me encontrou porque rastreou meu carro com ajuda da prestadora de servições do GPS. A partir daquele dia, Kol mesclou todos os aparelhos e deixou a interface aberta para consultas a qualquer momento. Algumas vezes, meu irmão caçula até que não era besta. Tentaria fazer o mesmo com Elijah. Ativei o logo do GPS, redirecionei para o número e esperei que ele localizasse o carro do meu irmão. Para o meu parcial alívio, o aplicativo me forneceu algumas coordenadas e uma imagem de satélite. Reconheci o lugar. Estranhamente o local parecia pertencer à encosta da floresta Hillwood, à leste de Mystic Falls. Meu cérebro ficou alguns segundos trabalhando na estranheza da situação até eu me decidir que de estranho aquilo não tinha nada. Não nas circunstâncias atuais. Não naquela cidade fudida até o pescoço com o sobrenatural.
Descansei o celular no painel próximo ao volante, a fim de ficar de olho na tela do aparelho. Girei o carro na direção que o GPS indicava e acelerei o máximo que pude. O silêncio no interior do carro só era quebrado pelo ruído dos motores e o barulho frenético, que pude ouvir com clareza, das batidas fortes e descompassadas do meu coração. Tal constatação me fez sorrir involuntariamente. Certa vez, ao que parecia há uma eternidade, quando Silas me fez acreditar estar ferido pelas farpas da Estaca de Carvalho Branco no meu peito, Caroline havia feito um comentário sarcástico e maldoso:
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Scarlet Dynasty - Klaroline
Fanfic"Talvez um dia, em um ano, até mesmo em um século, você vai aparecer na minha porta e vai me deixar te mostrar o que o mundo tem a oferecer. Marque as minhas palavras; garoto de cidade pequena, vida de cidade pequena, isso não vai ser o suficiente p...