Caroline
Ele me encarava friamente, de sobrancelhas erguidas e maxilar travado. Quando ele fez menção em se aproximar de mim outra vez, mostrei minhas presas, sentindo minha pele do rosto formigar. Fiquei em posição de ataque, esperando sua reação. Mas, ela não veio. Talvez me achasse uma imbecil por querer enfrentá-lo. Sabia que eu não tinha muitas chances contra ele, mas também não sairíamos dali sem uma boa briga se ele ousasse me tocar. Nos encaramos por uns segundos sem dizermos nada, até que desviei os olhos dele e foquei na fumaceira preta que anuviava o horizonte.
Tentando recobrar as forças e a consciência, lembrei da cena terrível que foi ver a violência contra minha mãe. Andando desnorteada e cambaleante, Mikael reagiu e me acompanhou de perto, com as mãos estendidas na minha direção caso precisasse me segurar. Que ele tentasse. Era estranho demais a sua atitude. Como se não fosse o maníaco que conheci meses atrás, um que me mataria sem pestanejar.
Tentei chegar na minha mãe o mais rápido possível ignorando totalmente o infeliz. Ela estava deitada no meio fio, se contorcendo. Me abaixei perto dela e alisei seus cabelos. Até que me dei conta do pior:
Olhei para os carros em chamas e não vi corpo familiar algum desfalecido em volta. Nem mesmo as palavras alegres e de consolo da loira. Nem gritaria ou ajuda. Era só o barulho das chamas se erguendo imponentes. Lexi não estava em nenhum lugar à vista. Ela estava dentro do carro quando ele explodiu e agora queimava com ele. O peso da verdade caiu sobre mim e me puxava para baixo como uma âncora. Queria sentar ao lado da minha mãe e chorar eternamente, mas seus sons de dor não me permitiram ter tempo para a luto, somente para resignação.
Segurei-a nos braços e corri na velocidade vampírica, mas parei alguns segundos depois. Não consegui ir longe e nem tinha forças para correr por muito tempo. Engasguei compulsivamente tentando me livrar da fuligem na garganta. Meus olhos ardiam e o calor era insuportável. Depois de algumas tentativas miseravelmente falhas de movimento, escutei aquela voz odiosa atrás de mim.
— Eu posso levá-la, Caroline. Você claramente não está em condições – Mikael se aproximava lentamente com cautela, como um caçador antes de dar um bote.
— Você não chegue perto de mim – falei mostrando as minhas presas.
— Não seja ingrata, criança. Você estaria condenada se não fosse a minha intervenção. Eu te salvei, Caroline.
— Não quero nada que venha de você. Preferia ter morrido – Cuspi com ódio.
— Que tolice. Então boa sorte nessa sua tentativa estúpida de sair daqui, garota. O que uma vampira comum que nem você pode fazer? Está sem forças e totalmente exposta no meio da rua.
— Você já matou todas as outras bruxas. Não tem mais ninguém pra me atacar – Tomara mesmo. Corri com os olhos à procura de mais ameaças, me esforçando para enxergar através da cortina cinza. Mas, somente via os corpos estirados, com membros espalhados por toda parte no meio das chamas, dos carros e das ruas antes impecáveis, mas agora uma total bagunça pelo "acidente". Seria uma desgraça e uma exposição extrema se aquilo não fosse exumado dali - Seja útil e tire essas mulheres daqui. A última coisa que queremos é chamar atenção para o nosso mundo.
— O que você quer que eu faça, garota? Não sou um lacaio para você me dar ordens e ficar limpando a sujeira dos outros.
— Sua sujeira. Não são ordens, seu maluco. É apenas o sensato. Vai realmente deixar essa chacina bem à vista de todo mundo? – Olhei em volta. Estávamos em um bairro familiar, perto de casinhas normais. Algumas portas e janelas se abriam, revelando alguns moradores curiosos e aterrorizados nos espiando. Geralmente as tretas sobrenaturais aconteciam bem disfarçadas aos olhos comuns. Suas expressões de choque ao perceberem o caos instaurado bem na soleira das suas portas eram visíveis mesmo a uma certa distância.
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Scarlet Dynasty - Klaroline
Fiksi Penggemar"Talvez um dia, em um ano, até mesmo em um século, você vai aparecer na minha porta e vai me deixar te mostrar o que o mundo tem a oferecer. Marque as minhas palavras; garoto de cidade pequena, vida de cidade pequena, isso não vai ser o suficiente p...