20 de junho de 2011
"Querida porcaria de ex,
Esta semana Jiejie me levou para sair. Ela disse que me faria bem já que eu tenho passado tanto tempo em casa. Ela me levou de loja em loja até que paramos na antiga loja de brinquedos em que mamãe nos levava para fazer as compras de Natal (claro, um em cada dia diferente, para o presente ser surpresa para todos).
Ela me levou para a secção das pelúcias e começou a falar de como queria um dos grandes, como eles eram fofos e tudo o mais. E de facto, eles eram fofos, tão fofos que me faziam sentir ódio.
Até que eu vi um cachorro grande, de pelo branco e com um dos focinhos mais idiotas em que eu pus os olhos. Ele me lembrou imediatamente você, de quando bebíamos milkshake na gelataria do jardim público perto da escola e você ficava com bigodes de chantilly, de como você então sorria galante para mim e pedia em tom de flerte para eu o limpar, de como esses eram os beijos mais doces e proibidos que partilhamos, escassos até.
Aquela porra de cachorro tão dócil de braços abertos e de pelo anti-alérgico que chamaria a atenção de toda a criança era exatamente como você. Então, qual não foi a surpresa da minha irmã quando eu disse que levaria um dos brinquedos mais caros da loja inteira. Ele me custou os dois rins e uma boa parcela do dinheiro que eu tinha guardado para o meu celular novo, mas valeu cada centavo. Quando eu cheguei no meu quarto e o rasguei com tudo o que pude foi tão satisfatório. Como eu queria rasgar esse seu maldito sorriso que atormentava todos os meus pensamentos, assim como eu fiz com aquele boneco.
Como eu queria ter xingado e dito tudo o que eu lhe disse e estava me consumindo há tanto tempo. E então eu choraria no seu ombro, assim como eu chorei naqueles flocos de neve branca e tudo ficaria bem com uma linha e agulha, porque, quanto mais os dias passam, e quanto mais eu olho para aquele cachorro branco e remendado, que ganhou um espaço querido no canto do meu quarto, mais eu sinto que este não poderia ter sido o nosso fim.
E eu me odeio por isso. Não vou alegar que o término foi minha culpa, porque não foi, nem vou lamentar que você se foi, afinal, é um alívio que tenha saído da minha vida. No entanto, vou dizer-lhe que estou irritado pelo modo em que terminamos. Todas as nossas promessas são como aquele chaveiro que você me deu, barato e frágil, capenga. Ainda assim, poderia e deveria ter havido um final melhor.
Odeio que eu tive de voltar para casa naquele dia, caminhando sozinho, depois que seu pai me pegou chupando seu pau, odeio que eu não pude dizer adeus e você apenas sumiu para reaparecer como o modelo hétero que foi manchado por mim. Pior que isso, me odeio porque eu te amei com cada fatia vibrante da minha personalidade. Você era perfeito e brilhante, bobo e imbecil como esse cachorro, igualmente remendado e nos meus devaneios mais doloridos, eu ainda te quis, ainda mantenho você no canto do meu quarto mental, como uma pelúcia rasgada. Como se isso fosse resolver algum dos problemas que você me deixou.
Agora, quando você desfila pelos corredores da escola, com seu desgraçado cabelo perfeito e uma mulher que parece saída do comercial da Barbie Malibu. Porcaria de Ex, sejamos honestos, você é o homem que mais se afundou no poço da homossexualidade. Você é tão gay que sai arco íris da porra do seu cu quando eu enfio meus dedos nele, então, por quê?
Qual o motivo de você fazer isso comigo? Não me dar adeus, não dar um único olhar e me deixar assim, olhando essa porcaria de cachorro remendado e desejando ser ela. Se você iria sumir da minha vida sem um adeus - e eu sinto que você sabe que iria fazer isso, por que você se alojou na minha vida e me fez sonhar com um futuro que não aconteceria? Continuo sem resposta, continuo amando você.
Espero que um dia eu te odeie."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Por todos os Dias que eu te Amei
Fanfiction[Fanfic XiCheng] [Boli_chan | Soulumine] Jiang Cheng utiliza a escrita como um meio para ultrapassar o rompimento desastroso do seu primeiro grande amor. Aos poucos, as cartas encheram sua gaveta do armário e se perderam nos pacotes mofados do sótã...